13/11/2020

Sem aviso ou diálogo com os trabalhadores, Caixa reajusta mais uma vez suas metas



Exaustos diante do aumento no número de atendimentos por conta do pagamento do auxílio emergencial e do FGTS, os empregados ainda precisam lidar com a falta de empatia e desrespeito com os empregados. Na quinta-feira (12), sindicatos de todo o país receberam denúncias sobre mais um reajuste de metas apresentado pela Caixa, sem aviso ou diálogo com os trabalhadores.  Há casos em que as metas foram duplicadas e triplicadas. Com pouco mais de 30 dias para o fechamento do semestre, os empregados não terão tempo hábil para alcançar o que foi imposto pela Caixa.

Em uma das denúncias, um gerente que preferiu não se identificar, explicou que as metas reajustadas não consideram histórico, volume de carteira e o tempo hábil para busca dos resultados. Como exemplo, ele cita que a meta para o crédito para pessoa física subiu sete vezes. "Ou seja se sua meta era de R$ 500 mil, temos 34 dias para buscar R$ 3,5 milhões", desabafou. 

Em outro caso, o empregado afirmou que o sentimento de diversos colegas de trabalho é de cansaço e a piora nas condições de trabalho com a forte pressão por resultados. "Imaginem 2021 com sete mil empregados a menos", reforçou.

Um trabalhador reforçou que todos os empregados estão empenhados em recuperar o que foi perdido durante a pandemia. Segundo ele, os empregados precisam lidar com os contratempos do Caixa Tem, a migração da poupança, conta Caixa Fácil, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e agora a imposição de uma meta ainda maior.
 
A Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE/Caixa), que representa o Sindicato nas negociações com o banco, já entrou em contato com a direção da Caixa e aguarda uma solução rápida para os trabalhadores. A coordenadora da Comissão, Fabiana Uehara Proscholdt, explicou que as reclamações começaram ainda no dia anterior - na quarta-feira (11) - e mesmo com várias reivindicações das entidades sindicais, a Caixa continua desrespeitando os empregados. 

"Os colegas estão se sentido ameaçados como se nada do que eles fizeram até o momento fosse suficiente. Esse reajuste de metas é abusivo. Os empregados trabalharam com empenho no pagamento do auxílio emergencial, do FGTS, estão todos cansados e agora ainda precisam cumprir metas absurdas", afirmou Fabiana.

Na avaliação do presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Sergio Takemoto, é inacreditável que em um momento em que os empregados estão sendo exemplo de dedicação, durante a pandemia, a direção da Caixa imponha metas de vendas de produtos. “A meta da direção da Caixa deveria ser preservar a vida dos empregados e da população”, afirmou.

Para o diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e região, Antônio Júlio Gonçalves Neto, a Caixa deveria ter mais sensibilidade para com os seus empregados. "A direção do banco trata as metas como se estivéssemos em situação de normalidade e ignora completamente que estamos vivenciando um momento de paralisação da economia, que mantém mais de 13 milhões de pessoas sem emprego, e quando muitos empregados considerados do grupo de risco por causa do coronavírus estão em home office. Reafirmamos que os trabalhadores já estão bastante desgastados com o atendimento para a população, em especial devido ao auxílio emergencial, e a cobrança de metas piora a situação. Não vamos aceitar que a gestão do banco e este governo coloquem o lucro na frente das vidas. É cruel e desumano!", reforçou o diretor.

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Fonte: Fenae, com edição de Seeb Catanduva

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