10/08/2020

Privatização: empregados da Caixa Econômica Federal são contra a Medida Provisória 995



Os empregados da Caixa Econômica Federal são veementemente contrários à Medida Provisória (MP) 995, editada pelo governo federal na última sexta-feira (7), para permitir que a Caixa abra o capital das suas subsidiárias, entre elas a de seguros e cartões.

A MP encaminhada ao Congresso – assinada pelo presidente e ministro Paulo Guedes (Economia) – autoriza as subsidiárias do banco público a incorporar ações de outras sociedades empresariais e a aquisição controle societário ou participação minoritária em empresas privadas.

A MP visa subsidiar Caixa Seguridade, quarto maior grupo segurador do país, e Caixa Cartões, voltada para o setor de meios de pagamento. A ideia é que a Caixa continue societária nesses negócios embora a modelagem ainda não esteja definida.

Para Fabiana Uehara Proscholdt, coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE/ Caixa) e secretária da Cultura da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), é mais uma tentativa de enfraquecimento do banco público. “Nossa luta histórica é pela Caixa 100% Pública. Somos contrários a qualquer tipo de venda que possa enfraquecer a nossa instituição, que é uma das mais importantes para o desenvolvimento do Brasil.

O secretário de Finanças da Contraf-CUT e presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Sergio Takemoto, revelou que as entidades estudam medidas cabíveis para impedir que o governo faça a privatização da Caixa. “A edição de uma MP que coloca em risco um dos principais patrimônios da população brasileira, a Caixa, no momento que o país atinge a triste marca 100 mil mortes por covid-19, demonstra que o único objetivo do governo é vender o patrimônio público. Não tem nenhuma consideração com a vida.”

A Conselheira de Administração da Caixa, Rita Serrano, destaca que, na verdade, isso já vinha sendo feito, e que questionava no CA que não havia legislação que autorizasse, o que agora lamentavelmente ocorre com a MP. “Estão legalizando um processo que já acontece. A Caixa criou subsidiárias nas áreas de cartões e loterias, anunciou que na de seguros será a primeira a ser feito IPO, inclusive já comunicando o mercado; quer criar em DTVM e fala em um banco digital”, explica.

Ela compara essas manobras à venda de um carro do qual não se tem o documento que autorize a transferência: vai sendo vendido aos pedaços, por partes, restando apenas a sucata. E isso, aponta, em plena pandemia, quando nações como Alemanha e Canadá, por exemplo, usam as instituições públicas para tentar reconstruir o país.

Para o diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região, Antônio Júlio Gonçalves Neto, a venda das partes lucrativas da Caixa pode comprometer o banco público e o seu papel social. Ele ressalta que a Caixa é indispensável para operacionalizar as políticas públicas.

“Nenhum outro banco daria conta de fazer o que a Caixa faz. São os bancos públicos que estão fazendo investimentos e atendendo a população. Se privatizar as operações, o banco enfraquece, perde a sua autonomia e ninguém mais faz. Ao contrário dessas instituições, bancos privados visam apenas a lucratividade e não se preocupam em promover o crescimento da economia aliado ao desenvolvimento de todo o país. Por isso, além de dialogar com o funcionalismo, há também a necessidade de debater com a população para que todos visualizem as perdas com o processo de privatização do patrimônio público e o quanto isso nos deixaria ainda mais reféns dos interesses do capitalismo”, ressalta o diretor.
Fonte: Contraf-CUT, com edição de Seeb Catanduva

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