30/07/2020

Irresponsabilidade social: Santander segue lucrando e extinguindo empregos pelo país



O Santander continua lucrando alto no Brasil, mesmo na crise econômica agravada pela pandemia de Covid-19. Segundo balanço do banco divulgado na quarta-feira (29), o lucro líquido gerencial no primeiro semestre do ano foi de R$ 5,989 bilhões. O resultado foi de queda (15,9% em relação ao mesmo período de 2019 e de 44,6% em relação ao trimestre anterior), mas apenas porque o banco aumentou a chamada Provisão para Devedores Duvidosos (PDD), que é a provisão feita pelos bancos para cobrir possíveis calotes. Por conta da crise do coronavírus, o banco aumentou essa provisão. Sem o aumento da PDD, o lucro do banco seria de R$ 7,749 bilhões e, nesse caso, a alta seria de 8,8% em 12 meses e de 1,1% no trimestre.

O Brasil não só continua liderando o resultado global do grupo espanhol, como aumentou seu percentual nesse resultado: o lucro obtido no país representou 32% do lucro global que foi de € 1,908 bilhão.

Mesmo com esse resultado e apesar de ter assumido o compromisso de não demitir durante a pandemia, o banco continua extinguindo empregos no Brasil. Em 12 meses (de junho de 2019 a junho de 2020), foram fechado 2.564 postos de trabalho, sendo que 844 apenas no segundo trimestre, ou seja, durante o período de pandemia da Covid-19. Foram fechadas 93 agências em doze meses, sendo 50, entre março e junho de 2020.

“Esses números mostram a total falta de responsabilidade social do banco no Brasil. Em maio, o Santander assumiu um compromisso em mesa de negociação com os trabalhadores brasileiros, mas em junho descumpriu esse compromisso e iniciou um processo de demissões em massa. É um total desrespeito com o Brasil e com os brasileiros, uma vez que o banco espanhol não demite em nenhum outro lugar do mundo. E faz isso justamente no país onde mais obtém lucro”, critica a coordenadora da mesa de negociação com o banco (COE), Maria Rosani.

A estimativa é que essa onde de demissões na pandemia já tenha atingido mais de 1 mil bancários. Desde a reforma trabalhista, que retirou direitos, as homologações não precisam mais passar pelos sindicatos, por isso não há mais o controle das demissões nos bancos pelos sindicatos. Mas, o que foi revelado no balanço do banco mostra que cerca de mais de mil pais e mães de família ficaram sem empregos nesse período de crise sanitária sem precedentes no século, e que portanto terão pouquíssimas chances de se reposicionarem no mercado de trabalho. 

O mesmo balanço demonstra que o banco não tem nenhuma justificativa para cortar empregos. Enquanto muitas empresas estão fechando por conta da crise, o Santander continua lucrando e com alta rentabilidade. Outro dado é a relação entre a receita com prestação de serviços e tarifas e as despesas com pessoal (incluindo PLR). Só com o que arrecadou no semestre com tarifas e serviços, que foi R$ 8,584 bilhões, o Santander cobre em 187,2% sua folha de pessoal, que totalizou em R$ 4,585 bilhões.

Outros dados do balanço

O retorno sobre o Patrimônio Líquido Médio Anualizado (ROE), ou seja, a rentabilidade do banco, ficou em 17,1%. Novamente, houve queda, de 4,2 p.p. em doze meses, apenas por conta da PDD. Excluindo o efeito da PDD adicional, a rentabilidade do banco ficaria em 22,1%.

A Carteira de Crédito Ampliada do banco teve alta de 18,4% em doze meses, atingindo R$ 466,7 bilhões. Isso se deu principalmente devido à concessão de créditos de baixo risco e pela ainda elevadíssima taxa de juros cobrados no Brasil.

"Com sua lucratividades em alta, o Santander tem obrigação de ter como prioridade a manutenção dos empregos e a atenção com a saúde dos trabalhadores e clientes. Levando em conta que aqui o Santander tem sua maior fatia de lucro, é um desrespeito ao Brasil e aos brasileiros o banco ter extinguido tantos postos de trabalho em plena pandemia. Já é hora de o Santander cumprir sua responsabilidade social no país", diz o secretário geral do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região, Júlio César Trigo.

Ele destaca ainda que essa essa responsabilidade social, que falta com a sociedade brasileira, passa também por oferta de crédito com menores taxas de juros e tarifas, principalmente neste período, em que a economia está em queda. “O governo federal distribuiu aos bancos R$ 1,2 trilhões, mas esse montante não está retornando à sociedade em crédito mais barato e fácil. É uma instituição que lucra muito e não oferece aos seus clientes atendimento satisfatório e condizente devido ao número cada vez menor de funcionários, que por sua vez, enfrentam, ainda, adoecimentos por causa da sobrecarga de trabalho e da cobrança abusiva de metas. Santander, respeite o Brasil!", cobra o diretor.
Fonte: Seeb SP, com edição de Seeb Catanduva

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