26/05/2020
Ataque: Privatização do BB deixaria comida mais cara, avalia presidenta da Contraf-CUT

Em meio à divulgação do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, algumas das colocações do ministro da Economia, Paulo Guedes, receberam menos destaque que a de outros integrantes do gabinete de Jair Bolsonaro.
Falando de forma explícita, Guedes defendeu a privatização do Banco do Brasil. Na reunião, não há divergência entre o economista e o presidente da República, exceto quanto à data: o primeiro defende a venda imediata; o segundo, apenas em 2023.
Em entrevista à TV 247, a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, diz que a intensão do governo teria repercussões diretas para toda a população: “Alimento mais caro na mesa do brasileiro”.
“A gente já tem, no Brasil, 2.340 municípios que não têm agências bancárias. Houve uma piora durante o governo Bolsonaro. Os bancos privados só querem estar em locais considerados ‘lucrativos’. A grande consequência seria ausência de crédito, ou crédito mais caro. Há lugares que 82% do crédito vêm dos públicos”, explicou.
Entender o impacto no preço dos alimentos, especificamente em um caso de venda do Banco do Brasil, é simples. Cerca de 70% do crédito agrícola no Brasil é concedido pela instituição e pelo Banco do Nordeste, também público. Os dados apontam que os privados atuam majoritariamente na região sudeste, reforçando desigualdades regionais.
Sem estas instituições, a agricultura familiar – principal produtora de alimentos – teria piores condições na obtenção de crédito, dificultando a produção.
Privatizar: Projeto Antigo
Juvandia lembrou que a entrega do Banco do Brasil à iniciativa privada é uma intenção posta no país desde o governo Temer.
“Eles não fizeram a privatização antes, porque a gente conseguiu uma liminar [em 2017] no Supremo impedindo a privatização. Para privatizar, teria que passar no Congresso Nacional”, lembrou.
Na decisão de mérito do Supremo Tribunal Federal (STF), o plenário da Corte decidiu que a venda de empresas deve passar pelo Legislativo, mas não a de subsidiárias. Desde então, a estratégia privatista tem se adequado, buscando a venda de ativos específicos das estatais.
“Aí é que está a questão: eles querem entregar tudo e a reunião deixa claro. Ele coloca o servidor público como inimigo. Essas declarações só mostram que estão ali para fazer negócio, para atender os próprios interesses, que são os do mercado financeiro”, disse Juvandia.
Os interesses mencionados pela dirigente sindical também afetam a concessão de crédito em outras áreas, notadamente para as empresas pequenas e médias. Na reunião que teve sua gravação divulgada, Guedes também afirma que emprestar a estas empresas é “perder dinheiro”.
“Das principais linhas de crédito [a este setor], os R$ 40 bilhões que anunciaram, é a que está pior. Só 4% desse dinheiro foram emprestados. Só 77 mil empresas conseguiram, e mais de um milhão poderiam acessar. As pequenas empresas são responsáveis pela maior parte dos empregos. Não ter crédito significa não ter emprego”, apontou.
Conforme lembrado por ela, o Sebrae estima que as empresas de pequeno e médio porte são responsáveis por 90% dos empregos no País.
Para o presidente do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região, Roberto Carlos Vicentim, é fundamental ampliar o debate com a sociedade sobre os bancos públicos, mostrar a importância e a eficiência que eles têm para a implantação de políticas sociais e a contribuição que dão para o desenvolvimento econômico e social do país. “Os bancos públicos, ao longo dos anos, foram responsáveis pela execução de políticas econômicas e sociais que mudaram a vida de milhões de brasileiros, seja por meio da possibilidade da casa própria, incentivo à educação, saneamento básico, etc. Trata-se de uma questão central para que a economia do país consiga se recuperar. Não há nenhuma possibilidade de inclusão sem essas instituições", ressalta o presidente do Sindicato.
Falando de forma explícita, Guedes defendeu a privatização do Banco do Brasil. Na reunião, não há divergência entre o economista e o presidente da República, exceto quanto à data: o primeiro defende a venda imediata; o segundo, apenas em 2023.
Em entrevista à TV 247, a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, diz que a intensão do governo teria repercussões diretas para toda a população: “Alimento mais caro na mesa do brasileiro”.
“A gente já tem, no Brasil, 2.340 municípios que não têm agências bancárias. Houve uma piora durante o governo Bolsonaro. Os bancos privados só querem estar em locais considerados ‘lucrativos’. A grande consequência seria ausência de crédito, ou crédito mais caro. Há lugares que 82% do crédito vêm dos públicos”, explicou.
Entender o impacto no preço dos alimentos, especificamente em um caso de venda do Banco do Brasil, é simples. Cerca de 70% do crédito agrícola no Brasil é concedido pela instituição e pelo Banco do Nordeste, também público. Os dados apontam que os privados atuam majoritariamente na região sudeste, reforçando desigualdades regionais.
Sem estas instituições, a agricultura familiar – principal produtora de alimentos – teria piores condições na obtenção de crédito, dificultando a produção.
Privatizar: Projeto Antigo
Juvandia lembrou que a entrega do Banco do Brasil à iniciativa privada é uma intenção posta no país desde o governo Temer.
“Eles não fizeram a privatização antes, porque a gente conseguiu uma liminar [em 2017] no Supremo impedindo a privatização. Para privatizar, teria que passar no Congresso Nacional”, lembrou.
Na decisão de mérito do Supremo Tribunal Federal (STF), o plenário da Corte decidiu que a venda de empresas deve passar pelo Legislativo, mas não a de subsidiárias. Desde então, a estratégia privatista tem se adequado, buscando a venda de ativos específicos das estatais.
“Aí é que está a questão: eles querem entregar tudo e a reunião deixa claro. Ele coloca o servidor público como inimigo. Essas declarações só mostram que estão ali para fazer negócio, para atender os próprios interesses, que são os do mercado financeiro”, disse Juvandia.
Os interesses mencionados pela dirigente sindical também afetam a concessão de crédito em outras áreas, notadamente para as empresas pequenas e médias. Na reunião que teve sua gravação divulgada, Guedes também afirma que emprestar a estas empresas é “perder dinheiro”.
“Das principais linhas de crédito [a este setor], os R$ 40 bilhões que anunciaram, é a que está pior. Só 4% desse dinheiro foram emprestados. Só 77 mil empresas conseguiram, e mais de um milhão poderiam acessar. As pequenas empresas são responsáveis pela maior parte dos empregos. Não ter crédito significa não ter emprego”, apontou.
Conforme lembrado por ela, o Sebrae estima que as empresas de pequeno e médio porte são responsáveis por 90% dos empregos no País.
Para o presidente do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região, Roberto Carlos Vicentim, é fundamental ampliar o debate com a sociedade sobre os bancos públicos, mostrar a importância e a eficiência que eles têm para a implantação de políticas sociais e a contribuição que dão para o desenvolvimento econômico e social do país. “Os bancos públicos, ao longo dos anos, foram responsáveis pela execução de políticas econômicas e sociais que mudaram a vida de milhões de brasileiros, seja por meio da possibilidade da casa própria, incentivo à educação, saneamento básico, etc. Trata-se de uma questão central para que a economia do país consiga se recuperar. Não há nenhuma possibilidade de inclusão sem essas instituições", ressalta o presidente do Sindicato.
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