25/05/2020

Declarações do presidente da Caixa não representam o pensamento dos empregados



As declarações do presidente da Caixa, Pedro Duarte Guimarães, durante reunião ministerial realizada no dia 22 de abril no Palácio do Planalto, tornadas públicas na última sexta-feira, 22 de maio, causaram perplexidade entre os empregados da empresa.

Durante o encontro, registrado em vídeo, Pedro Guimarães criticou trabalhadores que estão atuando de casa, em razão da quarentena imposta por conta da pandemia de coronavírus. “Tá todo mundo em home office. Que porcaria é essa?”, disse o presidente da Caixa.

Guimarães afirmou ainda, na reunião, que 45 funcionários do banco haviam sido infectados por Covid-19, sendo que dois morreram em decorrência da doença. Ele explicou que considera o número baixo, no quadro de 30 mil funcionários no país. Disse que os servidores precisam trabalhar presencialmente para atender a população, com o pagamento do Auxílio Emergencial, e chamou a prática de “home office” de “frescurada”.

O presidente demonstrou, assim, desconhecimento do funcionamento da empresa. O home office é uma medida de prevenção adotada exatamente para reduzir o contágio entre os empregados. Mesmo assim, o número de trabalhadores que deve ser considerado é superior aos 30 mil ditos pelo presidente, pois os empregados das agências alternam semanalmente o atendimento presencial e o home office. O número de casos de Covid-19 na empresa é bem superior ao informado. Somente em São Paulo, já houve mais de 100 aplicações do “protocolo 1”, adotado quando há caso na unidade.

Pedro Guimarães também afirmou que o governo não deve ajudar empresas que apresentavam problemas financeiros antes do início da crise econômica gerada pela pandemia. “Qual ponto que temos que evitar? O cara que está quebrado, já estava quebrado anteriormente e quer nossa molezinha”, completou. Ele também chamou o temor por conta do coronavírus de “histeria coletiva”.

O presidente da Caixa disse ainda ter trocado 105 de 120 executivos do banco público, provenientes de gestões anteriores do banco. “Tem vice-presidente da Caixa que eu expulsei”, afirmou.

O Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região e a Contraf-CUT repudiam veementemente a declaração do presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, debochando do trabalho remoto feito pelos trabalhadores.

Na avaliação do diretor do Sindicato, Antônio Júlio Gonçalves Neto, a postura do presidente da Caixa é lamentável e não condiz com o comportamento que se espera de alguém que ocupa a presidência da instituição.

O dirigente destaca que as opiniões externadas na reunião ministerial envergonham os empregados da Caixa e não refletem a maneira de pensar e os sentimentos dos trabalhadores. "Os empregados da Caixa estão se empenhando diariamente, colocando em risco a própria saúde, para cumprir o papel do banco público de atender a população brasileira, principalmente os mais carentes. O bem-estar dos trabalhadores é uma prioridade para nós e deveria ser também para a direção do banco e para o governo. Cobramos respeito e a valorização dos empregados. É preciso defender a vida dos colegas e condições de trabalho dignas no banco", ressalta Tony.

“É simplesmente um absurdo! Essa pessoa não tem a mínima ideia o que de fato é ser um empregado da Caixa, está expondo os trabalhadores para se promover. Os empregados merecem respeito pela tarefa que cumprem através da Caixa seja estando nas agências durante todos os períodos, seja nas outras áreas, que também são importantes para o funcionamento do banco. Essa fala mostra o que ele realmente pensa e vem, na verdade, corroborar com as com medidas de abrandamento das ações de prevenção à saúde e segurança dos empregados, no momento em que a Covid-19 mais contamina e mata pessoas”, acrescenta o coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Dionísio Reis. “Ele põe em risco não apenas os empregados, mas toda a população que busca o banco para ter acesso aos seus direitos”, completou.
Fonte: Apcef/SP, com Contraf-CUT e edição de Seeb Catanduva

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