04/05/2020
Descaso do governo no pagamento do auxílio emergencial desaba sobre os bancários
Agência lotada da Caixa, na Lapa, zona Oeste de São Paulo, devido aos pagamentos do auxílio emergencial
(Foto: Seeb/SP)
Em plena pandemia do coronavírus, os trabalhadores bancários estão na linha de frente da crise sanitária, mantendo o atendimento de um serviço essencial à população e enfrentando diariamente os riscos da exposição ao vírus.
O Sindicato dos Bancários de Catanduva, bem como as demais entidades representativas dos empregados, desde o início da crise sanitária, luta para que a categoria tenha condições de trabalho e preserve a saúde, cobrando dos bancos o fornecimento de equipamentos de proteção individual (EPIs). O movimento sindical garantiu, em negociação com a Fenaban (federação dos bancos), a manutenção dos empregos e a permanência de mais de 230 mil bancários em home office.
“Enquanto uma parcela da população consegue realizar o isolamento social, os bancários encaram diariamente os riscos de contaminação da Covid-19 para que os clientes e usuários não sejam prejudicados nos serviços essenciais. Toda a categoria bancária merece o respeito da população nesta crise, em especial os trabalhadores da Caixa, que ainda têm de lidar com os problemas decorrentes do pagamento do auxílio emergencial. Problemas estes decorrentes do descaso e incompetência do governo, como falhas no sistema, falta de informações e concentração das operações em apenas um banco público”, explica o diretor do Sindicato, Antônio Júlio Gonçalves Neto.
Novela do auxílio emergencial
Desde antes de o coronavírus começar a se disseminar no Brasil, as comunidades médica e científica já alertavam sobre a urgência da instauração de um isolamento social a fim de frear o aumento da contaminação e das mortes. Contudo, essa medida invariavelmente resultaria na perda da renda para grande parte da população: autônomos, trabalhadores informais, desempregados. Passou-se então a discutir o pagamento de uma renda emergencial.
O primeiro caso de covid-19 foi notificado no Brasil em 26 de fevereiro. A proposta de criar um auxílio para trabalhadores informais foi anunciada pelo governo federal somente em 18 de março, com o pagamento de apenas R$ 200 mensais por até três meses. Apesar do anúncio, o governo não enviou nenhum projeto ao Congresso.
Após repercussões negativas na sociedade e pressão da oposição no Congresso Nacional, em 26 de março o presidente Bolsonaro aceitou aumentar o valor para R$ 600. Com isso, o projeto foi aprovado pelos deputados no mesmo dia, e pelo Senado no dia 30 de março. No dia 2 de abril, o pagamento do auxílio foi sancionado pelo presidente.
Caixa e seus empregados na linha de frente
A Caixa ficou responsável pelo pagamento dos auxílios emergenciais. A mesma Caixa Econômica Federal que desde o golpe de 2016 vem sendo sucateada e perdeu quase 20 mil empregados. A mesma Caixa Econômica Federal que, sob orientação do Ministério da Economia, está abandonando seu perfil de banco público e social e adotando operações visando negócios e clientes de rendas mais elevadas.
Filas, tensão e foco de coronavírus
Importante ressaltar que a Caixa não tem responsabilidade pelos critérios adotados para o pagamento do auxílio emergencial. O banco só tem a função exclusiva de pagar o auxílio.
E com a decisão de concentrar os pagamentos em apenas um banco público, as agências da Caixa passaram a ser palco de filas intermináveis e possível foco de disseminação da doença, situação que está resultando em tensão entre a população e os bancários.
“O pior do trabalho no pandemia de Covid é ver como falam da Caixa e dos empregados. Ver como colocam o empregado: que não merecemos ser protegidos, que temos de estar atendendo. Como se nós, funcionários da Caixa, fossemos descartáveis, de segunda classe, que não tem importância se ficarmos doentes. Bancário não tem nenhum tipo de imunidade especial”, desabafa uma empregada da Caixa.
“Eu vejo como a imagem do bancário da Caixa é pouco valorizada. Tudo é culpa do bancário. É a primeira vítima a ser colocada na linha de frente. Agem de uma forma como se o bancário não tivesse família. Me dói ver que, para a mídia em geral, deputados e senadores, os colegas podem ficar expostos dessa forma. Me dói também que a direção da Caixa não tome nenhuma atitude, que seja uma peça publicitária, defendendo esses empregados que estão se expondo para atender a população, mostrando que a aglomeração não é culpa do funcionário. É culpa de um erro do governo. É um erro do cadastramento”, acrescenta a trabalhadora.
“Minha revolta neste momento são as matérias tendenciosas da Rede Globo. Denigrem trabalhadores indiretamente e estimulam um público hostil que acham que ‘estamos fazendo errado’. Os empregados estão arriscando vidas!”, afirma outro trabalhador.
“Apesar do trabalho essencial promovido pela Caixa e pelos seus empregados, que estão cumprindo uma importante função social em plena pandemia para atender a parcela mais vulnerável da sociedade, o caos infelizmente está instalado por culpa do governo, que deveria ampliar informações à população, aprimorar o aplicativo do auxílio emergencial, e implantar um sistema para o atendimento nas agências, como corre nas unidades do INSS, a fim de diminuir as aglomerações”, afirma uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, Ivone Silva.
A Caixa é o principal banco público do país e, no momento atual, se mostra ainda mais essencial, apesar dos ataques e sucateamento que vem sofrendo desde o golpe de 2016.
"A crise também demonstrou a importância dos bancos públicos. A Caixa segue na linha de frente para assegurar um alívio financeiro aos brasileiros. Empregadas e empregados se esforçam, diariamente, seja nos setores de tecnologia, nos departamentos ou no atendimento presencial nas agências, para fazer cumprir o importante papel social do banco. Os números mostram a sua capacidade de superação. Temos um banco de 158 anos que já superou diversos desafios ao longo da sua história e o atual momento, com certeza, é um desses maiores desafios. Não à toa, a Caixa é o maior banco público do Brasil e um dos maiores do mundo. E ela se mantém pública e sustentável graças à luta das entidades e dos movimentos dos empregados. Defendê-la nesta momento é fundamental", conclui o diretor do Sindicato.
O Sindicato dos Bancários de Catanduva, bem como as demais entidades representativas dos empregados, desde o início da crise sanitária, luta para que a categoria tenha condições de trabalho e preserve a saúde, cobrando dos bancos o fornecimento de equipamentos de proteção individual (EPIs). O movimento sindical garantiu, em negociação com a Fenaban (federação dos bancos), a manutenção dos empregos e a permanência de mais de 230 mil bancários em home office.
“Enquanto uma parcela da população consegue realizar o isolamento social, os bancários encaram diariamente os riscos de contaminação da Covid-19 para que os clientes e usuários não sejam prejudicados nos serviços essenciais. Toda a categoria bancária merece o respeito da população nesta crise, em especial os trabalhadores da Caixa, que ainda têm de lidar com os problemas decorrentes do pagamento do auxílio emergencial. Problemas estes decorrentes do descaso e incompetência do governo, como falhas no sistema, falta de informações e concentração das operações em apenas um banco público”, explica o diretor do Sindicato, Antônio Júlio Gonçalves Neto.
Novela do auxílio emergencial
Desde antes de o coronavírus começar a se disseminar no Brasil, as comunidades médica e científica já alertavam sobre a urgência da instauração de um isolamento social a fim de frear o aumento da contaminação e das mortes. Contudo, essa medida invariavelmente resultaria na perda da renda para grande parte da população: autônomos, trabalhadores informais, desempregados. Passou-se então a discutir o pagamento de uma renda emergencial.
O primeiro caso de covid-19 foi notificado no Brasil em 26 de fevereiro. A proposta de criar um auxílio para trabalhadores informais foi anunciada pelo governo federal somente em 18 de março, com o pagamento de apenas R$ 200 mensais por até três meses. Apesar do anúncio, o governo não enviou nenhum projeto ao Congresso.
Após repercussões negativas na sociedade e pressão da oposição no Congresso Nacional, em 26 de março o presidente Bolsonaro aceitou aumentar o valor para R$ 600. Com isso, o projeto foi aprovado pelos deputados no mesmo dia, e pelo Senado no dia 30 de março. No dia 2 de abril, o pagamento do auxílio foi sancionado pelo presidente.
Caixa e seus empregados na linha de frente
A Caixa ficou responsável pelo pagamento dos auxílios emergenciais. A mesma Caixa Econômica Federal que desde o golpe de 2016 vem sendo sucateada e perdeu quase 20 mil empregados. A mesma Caixa Econômica Federal que, sob orientação do Ministério da Economia, está abandonando seu perfil de banco público e social e adotando operações visando negócios e clientes de rendas mais elevadas.
Filas, tensão e foco de coronavírus
Importante ressaltar que a Caixa não tem responsabilidade pelos critérios adotados para o pagamento do auxílio emergencial. O banco só tem a função exclusiva de pagar o auxílio.
E com a decisão de concentrar os pagamentos em apenas um banco público, as agências da Caixa passaram a ser palco de filas intermináveis e possível foco de disseminação da doença, situação que está resultando em tensão entre a população e os bancários.
“O pior do trabalho no pandemia de Covid é ver como falam da Caixa e dos empregados. Ver como colocam o empregado: que não merecemos ser protegidos, que temos de estar atendendo. Como se nós, funcionários da Caixa, fossemos descartáveis, de segunda classe, que não tem importância se ficarmos doentes. Bancário não tem nenhum tipo de imunidade especial”, desabafa uma empregada da Caixa.
“Eu vejo como a imagem do bancário da Caixa é pouco valorizada. Tudo é culpa do bancário. É a primeira vítima a ser colocada na linha de frente. Agem de uma forma como se o bancário não tivesse família. Me dói ver que, para a mídia em geral, deputados e senadores, os colegas podem ficar expostos dessa forma. Me dói também que a direção da Caixa não tome nenhuma atitude, que seja uma peça publicitária, defendendo esses empregados que estão se expondo para atender a população, mostrando que a aglomeração não é culpa do funcionário. É culpa de um erro do governo. É um erro do cadastramento”, acrescenta a trabalhadora.
“Minha revolta neste momento são as matérias tendenciosas da Rede Globo. Denigrem trabalhadores indiretamente e estimulam um público hostil que acham que ‘estamos fazendo errado’. Os empregados estão arriscando vidas!”, afirma outro trabalhador.
“Apesar do trabalho essencial promovido pela Caixa e pelos seus empregados, que estão cumprindo uma importante função social em plena pandemia para atender a parcela mais vulnerável da sociedade, o caos infelizmente está instalado por culpa do governo, que deveria ampliar informações à população, aprimorar o aplicativo do auxílio emergencial, e implantar um sistema para o atendimento nas agências, como corre nas unidades do INSS, a fim de diminuir as aglomerações”, afirma uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, Ivone Silva.
A Caixa é o principal banco público do país e, no momento atual, se mostra ainda mais essencial, apesar dos ataques e sucateamento que vem sofrendo desde o golpe de 2016.
"A crise também demonstrou a importância dos bancos públicos. A Caixa segue na linha de frente para assegurar um alívio financeiro aos brasileiros. Empregadas e empregados se esforçam, diariamente, seja nos setores de tecnologia, nos departamentos ou no atendimento presencial nas agências, para fazer cumprir o importante papel social do banco. Os números mostram a sua capacidade de superação. Temos um banco de 158 anos que já superou diversos desafios ao longo da sua história e o atual momento, com certeza, é um desses maiores desafios. Não à toa, a Caixa é o maior banco público do Brasil e um dos maiores do mundo. E ela se mantém pública e sustentável graças à luta das entidades e dos movimentos dos empregados. Defendê-la nesta momento é fundamental", conclui o diretor do Sindicato.
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