16/04/2020

Pandemia: Santander, home office também tem regras. Não pode haver abusos!




 
Em matéria divulgada pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, a entidade informou que trabalhadores do Santander têm feito diversas denúncias sobre problemas relacionados ao home office, entre eles pressão constante por metas, cobrança do banco para uso de celular pessoal, demandas de clientes após a jornada ou mesmo aos finais de semana, e sistema lento do banco que impede a realização das tarefas. 

O home office em tempos de pandemia do coronavírus é essencial para garantir a segurança dos bancários e também para conter o ritmo de contágio da doença. Mas não pode haver abusos por parte do Santander. 

O presidente do Santander Brasil, Sérgio Rial, em live pelas redes sociais no último dia 15, disse que o trabalho remoto é produtivo e que os sindicatos deveriam compreender as mudanças da Era 5.0. O movimento sindical está pronto para dialogar com o Santander sobre a Era 5.0 e negociar regras e limites para o uso da tecnologia. Mas ao que tudo indica é o Santander que está bem longe da modernidade, uma vez que suas práticas de negócios e de gestão remetem ao século passado. O banco fala de Era 5.0 mas ainda pratica uma gestão perversa, assediadora. O mundo moderno exige lideranças ao invés de chefes, incentivadores ao invés de capatazes. Nada mais retrógrado, por exemplo,do que cobrar tarifas dos próprios funcionários, quando nenhum outro banco cobra, nem o próprio Santander o faz em outros países onde atua.

O grande problema é que, para o Santander, modernizar significa exclusivamente reduzir o custo operacional e maximizar ainda mais seus lucros. A pandemia trouxe uma necessidade de revisitar prioridades, seja no plano pessoal seja no mundo dos negócios. Cada vez mais a sociedade exigirá responsabilidade social, ambiental, fiscal e econômica. O Santander tem histórico de sair na frente quando se trata de implementar Medidas Provisórias que retiram direitos dos trabalhadores, então que saia na frente e modernize sua gestão de pessoas, estabelecendo relações saudáveis e respeitosas.

Há tempos o Santander vem experimentando modelos de flexworking – como por exemplo manter o bancário em casa ao menos duas vezes na semana –, tem defendido que o home office é produtivo e que é o suprassumo da modernidade por proporcionar, segundo o banco, flexibilidade, liberdade, conforto do lar e dispensar o trajeto até o trabalho. Mas a realidade no Santander tem mostrado que nem tudo são flores. 

A tal flexibilidade não existe: há sistemas de controle de acesso; tem as metas que não foram suspensas e até aumentaram; há um sistema lento e ineficaz, e os gestores têm culpado os trabalhadores por falhas sistêmicas; o custo do trabalho tem sido do trabalhador (internet, água, luz, celular pessoal sendo usado para atender clientes); o trabalhador tem que estabelecer regras e espaços de trabalho com a família; e as cobranças têm sido ainda mais intensas, por vídeo, por email, por Whatsapp.

E soma-se a isso tudo, a insegurança da informação. Uma vez que se usa redes particulares de acesso, celulares pessoais para atender clientes, isso gera uma grande insegurança de informação. O banco quer terceirizar sua responsabilidade em garantir sigilo dos clientes, para os funcionários.

Além dos problemas já mencionados diversos trabalhadores relatam que não têm se adaptado ao isolamento da residência, e que a falta de convívio com clientes e colegas de trabalho tem gerado picos de ansiedade.

É claro que a pandemia tem exigido que os trabalhadores adotem essa nova forma de trabalho. E ela é essencial para a saúde do trabalhador, de sua família e de toda a sociedade agora. Mas o momento também é importante para que se reconheça os problemas dessa modalidade. O direito de se desconectar dos celulares, a segurança da informação, os custos do teletrabalho são debates que estão apenas começando. É fundamental que os trabalhadores se apropriem e participem deste debate e ajudem a construir propostas. A tecnologia não é um mal em si, pelo contrário, é um avanço necessário. Mas é urgente que se regulamente o uso, os limites e a proteção de todos.

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Fonte: Seeb SP, com edição de Seeb Catanduva

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