21/10/2019
Ato nacional em defesa da Caixa atenta para o ataque que o banco público vem sofrendo
O ato nacional em defesa da Caixa, que ocorreu na última sexta-feira (18), na capital paulista, teve como palco as agências que administram o saque do FGTS para pessoas que não têm conta na Caixa e coincidiu com ataque do presidente da Câmara dos Deputados contra o fundo. A data foi escolhida em razão do início dos saques do FGTS para as pessoas que não têm conta na Caixa. A medida do governo Bolsonaro para tentar estimular a economia fará as agências abrirem mais cedo – a partir das 8h – e aos sábados.
A ocasião marcou o pré-lançamento da campanha “A Caixa é Toda Sua”, em São Paulo. A iniciativa da Fenae, Contraf-CUT e sindicatos irá reforçar para a população, por meio de peças publicitárias veiculadas na mídia, a importância da Caixa para a vida dos brasileiros. A campanha foi lançada oficialmente no domingo (20).
O diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região destaca a importância da adesão e participação de todos os empregados na campanha.
"É fundamental que os trabalhadores dialoguem com seus familiares, amigos, vizinhos e conhecidos sobre a importância do banco público para a vida da população. Se uma instituição como a Caixa perder seu caráter público e sua função social para adquirir características de banco privado, jogado à concorrência do mercado, quem perde é a população”, afirma o dirigente e empregado da Caixa.
Sucateamento da Caixa
Os saques do FGTS implicarão em um aumento exponencial do atendimento ao público pela Caixa. Contudo, há anos a Caixa vem sofrendo um processo de sucateamento por meio da redução do número de empregados. O banco perdeu mais de 17 mil empregados desde 2014, passando de 101 mil trabalhadores para os atuais 83 mil devido aos diversos planos de aposentadoria incentivada, promovidos no governo Temer e Bolsonaro.
Não é só com a redução do número de empregados que a Caixa vem sofrendo. O principal banco de varejo totalmente público também está sendo fatiado, com a venda de ativos estratégicos como as ações da Petrobrás e do IRB e a tentativa de venda para o setor privado de ativos como as loterias instantâneas (Lotex), que hoje financiam programas nas áreas da educação, esporte, cultura, segurança e saúde. Além disso, partes mais rentáveis do banco veem sendo preparadas para venda, como a gestão de ativos de terceiros, seguros, e Caixa Cartões.
Rodrigo Maia afirmou que R$ 7 bilhões do lucro anual da Caixa Econômica Federal são “roubados” do trabalhador por meio da taxa de administração do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Para o deputado, o rendimento do FGTS não deveria ser utilizado pelo governo para subsidiar programas sociais, como o Minha Casa Minha Vida. “Não é justo que o dinheiro do trabalhador, que é sócio deste fundo imenso que é o FGTS, seja usado como subsídio para construir a casa de outra pessoa”, disse Maia em entrevista ao programa Poder em Foco, do SBT, na madrugada do dia 14.
FGTS cobiçado pelos bancos privados
Administrado pela Caixa, o FGTS sofre constante assédio dos bancos privados, interessados em lucrar com os R$ 413,8 bilhões de saldo em conta.
Além de ser um seguro para o trabalhador no caso de demissão, o FGTS é um dos maiores fundos de investimento em políticas públicas do mundo, que favorece justamente a população de mais baixa renda. Apenas em 2017, o fundo investiu R$ 63 bilhões nas áreas de habitação (R$ 59,1 bi), saneamento básico (R$ 3,9 bi) e infraestrutura (R$ 277 mi).
Os bancos privados já geriram o FGTS até 1990, quando uma lei centralizou a administração dos recursos na Caixa. O dinheiro do trabalhador ficava depositado nos bancos de forma pulverizada, o que resultou em diversos casos de má gestão dos recursos, acarretando em prejuízos para o fundo e para o governo.
O FGTS era gerido e administrado por um Conselho Curador composto por 24 membros de entidades representativas dos trabalhadores, dos empregadores e representantes do Governo Federal. Mas um decreto do governo Bolsonaro reduziu a participação da sociedade na administração do fundo. A declaração do deputado revela todo seu desconhecimento ou má fé com relação à Caixa e ao FGTS, porque o banco administra há décadas o fundo com seriedade, transparência e credibilidade.
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