16/10/2019
Entidades representativas dos trabalhadores ajuízam ACP contra privatização da Lotex
A Contraf-CUT e a Fenae ajuizaram na terça-feira, dia 15, Ação Civil Pública na 16ª Vara Federal de Brasília pedindo a suspensão e cancelamento do leilão da Lotex, cuja abertura de propostas está marcada para o próximo dia 22. Esta é a terceira vez que se tenta leiloar a loteria instantânea exclusiva, e agora o BNDES flexibilizou as exigências da outorga, que é de 15 anos, além de aumentar o prazo para pagamento de quatro para oito anos.
“Ações na Justiça são parte da nossa luta contra privatização da Caixa. Na ação alertamos que a concessão fere os princípios da eficiência e da moralidade administrativa e pode promover grave prejuízo à empresa. As condições da concessão estão ainda mais lesivas ao interesse público. Vale lembrar que esse é um contrato de 15 anos com expectativa de movimentar R$ 14,7 bilhões”, afirma Jair Ferreira, presidente da Fenae.
Segundo o texto na ação “o interesse de agir da Fenae e da Contraf decorre direta e essencialmente de seus objetivos institucionais, visto que o Edital do Leilão PPI/PND 2019, ato concreto da administração, visa, de forma definitiva, promover a privatização de serviço público de forma imotivada, com base em autorização legislativa genérica, constituindo-se em ato discricionário lesivo ao patrimônio público, já que a caixa é instituição que há décadas promove, com sucesso e eficiência inquestionáveis, a exploração de loterias no Brasil, mas se acha, mesmo que fosse válida a hipótese de licitação para os fins previstos no Edital mencionado, impedidaaté mesmo de concorrer na licitação com empresas privadas, nacionais ou estrangeiras”.
Essa é a terceira tentativa promovida pelo BNDES de concretizar esse processo de privatização de serviço púbico, que busca excluir a Caixa definitivamente da exploração de loteria instantânea, e transferir, de maneira irrazoável e imotivada, a ente privado, e por valor reduzido, essa exploração altamente lucrativa.
O Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região, a exemplo da Contraf-CUT e a Fenae, entende que a privatização da Lotex - responsável pela “raspadinha”, ameaça os repasses sociais feitos pelas Loterias Caixa. Conforme dados do banco, de 2011 a 2016, as loterias arrecadaram R$ 60 bilhões, dos quais R$ 27 bilhões foram destinados para financiamento de projetos em áreas como cultura, esporte, bolsa de estudo e segurança pública.
Não haverá na iniciativa privada o interesse em garantir, por exemplo, que milhões de brasileiros façam uma faculdade com a ajuda do Fies. Esse é o perfil da Caixa Econômica Federal, banco que cumpre um papel social desde a sua criação. Isso não pode ser colocado em risco, até porque é apenas uma das ações do projeto que visa enfraquecer o banco e seus empregados.
"Com suas políticas privatistas, o governo e a direção do banco caminham a passos largos para vender este patrimônio ao mercado financeiro, entregando suas áreas mais rentáveis. A Caixa é um patrimônio de todos os brasileiros e deve continuar a serviço do Brasil, atuando todos os dias para melhorar a vida das pessoas. Queremos a Caixa 100% pública e vamos lutar por isso”, ressaltou o diretor do Sindicato, Antônio Júlio Gonçalves Neto.
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