16/10/2019
Comitê em Defesa da Caixa lançará campanha contra a privatização do banco público
Empregados da Caixa, representantes de entidades em defesa da moradia, parlamentares e defensores das empresas públicas do país participaram na terça-feira, em Brasília, do pré-lançamento da campanha #ACaixaétodasua, conduzida pelo Comitê Nacional em Defesa da Caixa contra a venda – já em andamento – das partes das lucrativas da empresa. Desde o primeiro semestre, a nova direção do banco promove o “desinvestimento” da instituição, com a venda (abertura de capital) da Caixa na bolsa de valores, pela primeira vez em 158 anos.
A equipe econômica do governo está priorizando a venda das subsidiárias que dão mais lucro, como as áreas de Cartões, Seguros e loterias e gestão de ativos. A gestão do FGTS também pode ser privatizada. O evento de pré-lançamento no DF aconteceu na Matriz 3 da instituição. Reconhecida como o banco dos brasileiros e agente das principais políticas públicas do país, a Caixa, além de empresa financeira, atua como indutor do desenvolvimento regional, principalmente nos municípios mais carentes do Norte e Nordeste. Vender o banco é parar programas e serviços como saneamento básico, financiamento estudantil (Fies), Bolsa Família e Minha Casa Minha Vida.
Para a presidente do Amora (Movimento Popular por Moradia do Distrito Federal e Região), Cristiane Pereira dos Santos, o movimento entende bem a importância da Caixa para que a população mais pobre também realize o sonho casa própria. A Amora reúne pessoas como catadores de material reciclado e moradores de rua. “Só conseguimos acessar qualquer programa habitacional por meio da Caixa. O sistema bancário é proibitivo para nós. Muitas vezes a gente não consegue nem entrar nas agências de bancos privados. Mas na Caixa, como tem essa vocação de ser um banco popular, ela atende nosso público que tem muita dificuldade de bancarização e financeira”, contou Cristiane.
Com 158 anos de atuação, a Caixa construiu uma família entre seus empregados. Só quem trabalha na instituição entende o orgulho de pertencer a algo tão importante. A campanha #ACaixaétodasua quer atingir esse público, como a Ane Carolina Resende. Empregada Caixa desde 2012, atualmente ela atua na Centralizadora Nacional de Operação de Fundos Garantidores e Sociais (Cefus) e conhece bem os programas sociais da instituição. “Eu participo do programa Minha Casa minha vida e a Caixa oferece todo atendimento aos brasileiros, deste e outros programas de habitação, que é o grande desejo da população. Eu só tenho a agradecer, sou muito feliz aqui”, afirmou Ana, durante o ato.
Há 11 anos na Caixa, Wagner Nunes de Oliveira ainda não estava na empresa quando precisou do FIES. Agora, ele tem orgulho em poder retornar ao banco e desta vez como empregado da área de logística. “A Caixa é muito importante porque deu minha vida. Eu utilizei o FIES e sei que é um programa que presta um serviço muito importante para quem quer estudar. A Caixa é essencial para quem quer uma qualificação. E por isso sou feliz de trabalhar aqui e contribuir para o desenvolvimento de tantos brasileiros”, contou no pré-lançamento da campanha.
A Caixa para todos
A campanha #ACaixaétodasua é capitaneada pelo Comitê Nacional em Defesa da Caixa. Para o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Jair Pedro Ferreira, a campanha acontece em um momento decisivo para o país, com um ataque grande às empregas públicas e principalmente à Caixa.
“Queremos envolver todos os empregados, os aposentados, a sociedade para defender essa empresa que tem 158 anos de existência. Não podemos permitir um retrocesso. São milhões de residências financiadas pela caixa, milhões de benefícios repassados aos trabalhadores e isso tudo é responsabilidade nossa”, convocou Ferreira.
Para a deputada federal, Érika Kokay (PT-DF), a ação é em defesa não apena da empresa, mas de todo povo brasileiro. “A caixa é responsável por 98% do crédito habitacional para a população, uma empresa que deu civilidade ao povo quando centralizou as contas do FGTS. E agora o trabalhador sabe que seus recursos estão sendo geridos para as políticas habitacionais e desenvolvimento urbanos. Por isso, essa empresa é tão importante para o Brasil e a gente quer ela toda, não aos pedaços”, avaliou a deputada.
O diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região e empregado da Caixa, Antônio Júlio Gonçalves Neto, ressaltou o papel fundamental exercido pela Caixa no desenvolvimento do Brasil e convocou a população para defender o banco público, que é patrimônio do país.
“É extremamente importante o apoio da população e dos empregados para fazer a defesa da nossa empresa. O desmonte da Caixa significa a perda da estabilidade do emprego e dos direitos dos trabalhadores, mas, muito mais do que isso, significa que a população será privada de serviços bancários e de políticas sociais. Não podemos admitir que o projeto privatista do governo destrua o papel da Caixa”, destacou o diretor.
Lançamento nacional
A campanha contra a privatização da Caixa ganhará as ruas a partir da semana que vem. Formam o Comitê Nacional: Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Federação Nacional dos Gestores da Caixa Econômica Federal (Fenag), Federação Nacional das Associações de Aposentados e Pensionistas da Caixa Econômica Federal (Fenacef), Associação dos Advogados da Caixa Econômica Federal (Advocef), Associação Nacional dos Engenheiros e Arquitetos da Caixa Econômica Federal (Aneac), Associação Nacional dos Auditores Internos da Caixa Econômica Federal (AudiCaixa), Associação Nacional dos Técnicos Sociais e Assistentes de Projetos Sociais da Caixa Econômica Federal (Social Caixa), Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito (Contec) e Fórum Nacional da Reforma Urbana (FNRU), além das centrais sindicais CUT, CTB, Intersindical, CSP/Conlutas e UGT.
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