02/10/2019
Pressão faz presidente da Caixa Econômica anunciar contratações ainda insuficientes
Após pressão dos empregados e do movimento sindical nas últimas mesas de negociação por mais contratações na Caixa, o presidente do banco público, Pedro Guimarães, anunciou a abertura de 800 novos postos de trabalho.
“É um número ainda muito insuficiente diante do movimento imenso de fechamento de postos de trabalho verificado nos últimos anos. Por isso a mobilização pela ampliação das contratações deve continuar”, afirma Dionísio Reis, coordenador da Comissão executiva dos Empregados da Caixa (CEE/Caixa).
O anúncio foi feito nesta terça-feira (1), durante audiência pública Comissão de Trabalho, Administração e Serviços Públicos (CTASP) da Câmara dos Deputados. Esse foi o reagendamento de uma outra audiência pública pra qual Guimarães foi chamado no dia 9 de julho, mas não compareceu.
A Caixa contava com 101 mil empregados em 2014. Atualmente possui menos de 83 mil após diverso planos de aposentadoria incentivada promovidos pelos governos Temer e Bolsonaro desde 2016.
Enquanto Guimarães expunha sua retórica duvidosa em defesa da Caixa na audiência publica, sua gestão vem promovendo novas reestruturações, o que irá atingir as áreas de Tecnologia da Informação e de atacado do banco. Pessoas estão ameaçadas de descomissionamento e redução salarial.
O movimento sindical está cobrando da direção do banco esclarecimentos sobre essas reestruturações. “É um absurdo a falta de informações, que tem deixado os trabalhadores em pânico”, afirma Dionísio.
O diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região e empregado da Caixa, Antônio Júlio Gonçalves Neto, avalia que o fechamento de postos de trabalho, além de causar sobrecarga de trabalho nos bancários, precariza o atendimento à população. "Trata-se de uma estratégia do governo, aliado a direção da Caixa para justificar a privatização do banco público. O projeto de desmonte da empresa visa claramente entregá-la ao capital privado. Se isso for permitido, toda a sociedade perderá, haja vista que a Caixa é responsável por administrar dezenas de benefícios e programas sociais. Por isso a mobilização de todos se faz tão fundamental. Reivindicamos mais contratações e uma Caixa 100% pública."
Confrontado pela deputada Erika com os números da pesquisa feita pela Fenae, em que 60% dos empregados se dizem sobrecarregados de trabalho, em situação de assédio moral, temendo a reestruturação, mudanças bruscas na vida funcional, e em que afirmam que sofrem com planos de metas não debatidos com os empregados, ele afirmou que não tem conhecimento de assédio moral dentro da empresa. A deputada lembrou ainda a preocupação dos empregados em relação a manutenção do Saúde Caixa para todos, ainda mais preocupante por conta do adoecimento da categoria. Na mesma pesquisa um em cada três empregados admite fazer uso de antidepressivos.
Abertura da capital
Pedro Guimarães admitiu, ainda, que há uma discussão sobre abertura de capital da Caixa. “Mesmo que tenha dito que abrir o capital não é privatização, fica clara a intenção de enfraquecer a empresa, que deixará de ser 100% pública para atender a interesses de acionistas”, afirma Jair Ferreira, presidente da Fenae.
Usando de muita retórica, Pedro Guimarães afirmou que a Caixa é do povo brasileiro e para todos, mas se contradiz ao afirmar está em discussão a possibilidade de abertura de capital.
FGTS fora da Caixa?
O presidente da Caixa disse também que não há orientação governamental para que a Caixa deixe de ser a gestora do FGTS, mas não explicou por que o governo decidiu retirar a Caixa do Conselho Curador do Fundo. “A empresa assume os riscos da gestão dos recursos do fundo, mas não participa das decisões sobre ele? Isso não é valorizar a empresa”, afirmou Erika.
Apesar de estar percorrendo o país inaugurando obras do Minha Casa Minha Vida contratadas em governos anteriores, Pedro Guimarães disse que não pode se posicionar sobre a redução drástica de investimento no programa – de R$ 4,6 bilhões, em 2019, para R$ 2,7 bilhões, previstos para 2020 –, porque “são decisões orçamentárias do governo”.
“Apesar do discurso de valorização da empresa, a atuação da atual direção vem no sentido contrário disso. Ainda pairam muitas dúvidas sobre os rumos que pretendem dar ao banco de todos os brasileiros”, avaliou Jair Ferreira, que acredita que só a mobilização permanente dos trabalhadores e o esclarecimento à sociedade pode vencer a intenção privatista do atual governo.
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