04/09/2019

Caixa Econômica Federal tem lucro líquido de R$ 8,1 bilhões, mas patrimônio diminui



Conforme balanço divulgado, na terça-feira (3), a Caixa Econômica Federal apresentou lucro líquido contábil no primeiro semestre de 2019 de R$ 8,132 bilhões, o que representa um aumento de R$ 22,2% em relação ao mesmo período de 2018. Os números apresentados pela direção do banco demonstram também retração na oferta de crédito para pessoa física e jurídica.

Segundo o Banco, o aumento do lucro foi gerado, principalmente, pela evolução de 6,3% da margem financeira, pela redução de 12,0% nas despesas de PDD (Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa), e pelo aumento de 1,2% nas receitas de prestação de serviços. A rentabilidade permaneceu em 15,6%, com queda de 2,3% em relação a junho de 2018. As receitas de prestação de serviços e com tarifas bancárias cresceram 1,2%, totalizando R$ 13,2 bilhões.
 
Ações da Petrobras e redução de empregados

 Esse balanço leva em conta a entrada em caixa do dinheiro da venda das ações da Petrobras, realizada em junho. Sem o impacto dessa operação, o banco teria lucrado R$ 3,7 bilhões no segundo trimestre, alta de apenas 3%. No semestre, o lucro líquido recorrente da Caixa somou R$ 7,558 bilhões, elevação de 3% ante o mesmo período do ano passado, de R$ 7,340 bilhões.
 
O banco encerrou o semestre com 84.378 empregados e fechamento de 2,046 postos de trabalho em relação a junho de 2018. Em 17 de maio de 2019, a Caixa lançou um novo PDV(Programa de Demissão Voluntária) com a expectativa de atingir 3.500 trabalhadores.  No período, ainda foram fechadas 12 agências, 25 PA’s, 63 lotéricos e 656 correspondentes Caixa Aqui. Em contrapartida, houve aumento de 10,2 milhões de novos clientes.

“O lucro obtido pelo banco reforça a importância da Caixa para o Brasil e os brasileiros. A Caixa é o banco que mais investe em projetos de construção de moradias populares, concede incentivo ao esporte, dá apoio à cultura, financia a educação e as micro e pequenas empresas, atuando como uma empresa pública fundamental para o desenvolvimento econômico e social do país. Mas, na contramão, temos a direção do banco realizando cortes de pessoal e de unidades. Não podemos permitir esse retrocesso, pois são 156 anos a serviço dos brasileiros, e por trás de cada serviço tem milhares de empregados que vestem a camisa da Caixa 100% pública”, avalia o diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região, Antônio Júlio Gonçalves Neto.

Carteira de crédito cai até 30%

A carteira de crédito ampliada atingiu R$ 682,4 bilhões, com queda de 1,9% em doze meses e de 0,5% em relação ao trimestre anterior. A Carteira Comercial Pessoa Física (PF) teve queda de 7,9% em doze meses, totalizando R$ 80,7 bilhões. A Carteira Comercial Pessoa Jurídica (PJ), apresentou queda maior (-30,7%), somando R$ 42,3 bilhões, principalmente devido a queda de 48,6% da carteira para grandes corporações.

“O balanço reforça a política adotada pela Caixa no último período de diminuição do crédito, menos investimentos no país e aumento de tarifas.  Parte do lucro do semestre é resultado da venda de ativos, com destaque para ações da Petrobras. O Brasil precisa de um banco público pleno, sem fatiamento, com foco na melhoria da qualidade de vida da população, essa é a Caixa queremos”, avalia a representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa, Rita Serrano.
 
Loterias e repasses para programas sociais

O segmento Loterias Caixa arrecadou R$ 4,8 bilhões no 2º trimestre, valor 51,9% maior que o apurado no mesmo período do ano passado. Na comparação semestral, o crescimento foi de 24,9% com arrecadação atingindo a marca de R$ 8,1 bilhões nos 6 primeiros meses do ano. 

Dentre os valores arrecadados no semestre, cerca de R$ 3 bilhões foram transferidos no período aos programas sociais do Governo Federal nas áreas de seguridade social, esporte, cultura, segurança pública, educação e saúde, o que corresponde a 37,3% do total arrecadado.

“Diante dos planos já escancarados para fatiar e diminuir a Caixa, a privatização da Lotex será a porta de entrada para a entrega de outros setores das loterias e do próprio banco, como temos denunciado permanentemente. Com isso, perde o país que ficará sem investimentos em áreas sociais”, enfatiza Jair Ferreira, presidente da Fenae.
 
O governo marcou para 22 de outubro um novo leilão da Loteria Instantânea Exclusiva (Lotex). Esta será a sexta tentativa de privatizar a chamada “raspadinha” administrada pela Caixa. O certame foi remarcado após o governo flexibilizar mais uma vez as regras, modificando o pagamento da outorga e a experiência que será exigida do futuro operador.

Pela nova regra o pagamento pelo ônus da outorga fixa poderá ser realizado em até 8 parcelas, e não mais em até 4, como previa resolução de setembro do ano passado e que já tentava facilitar para atrair investidores. No original, o valor mínimo da outorga deveria ser pago em parcela única. A resolução do PPI estabeleceu ainda que os candidatos deverão demonstrar experiência na operação de empreendimento de loteria instantânea com arrecadação de pelo menos R$ 560 milhões em 12 meses, o que é menos da metade do exigido anteriormente – R$ 1,2 bilhão.
Fonte: Fenae, com edição de Seeb Catanduva

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