23/07/2019

Multa paga pela J&F à Funcef equivale a 7% da despesa anual da empresa com publicidade



 
No dia 30 de maio, segundo a Funcef, o grupo J&F depositou mais uma parcela semestral de R$ 10,9 milhões referente ao acordo de leniência assinado com o Ministério Público Federal (MPF) a partir da Operação Greenfield. Ao todo, o acordo prevê o pagamento de R$ 1,75 bilhão em 25 anos sem juros.

O valor global do acordo é alto, mas a forma de parcelamento é mais vantajosa para o grupo J&F, que postergou a multa por um prazo longo e sujeito apenas à correção monetária indexada ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

O balanço de 2017 da Funcef informa que a primeira parcela, paga em novembro, foi de R$ 8,5 milhões. Ao longo de 2018, conforme os registros contábeis, foram pagas outras parcelas, totalizando R$ 27,9 milhões. Nesses dois anos, a Funcef recebeu R$ 36,4 milhões. Somando-se o valor depositado em maio deste ano, o valor total pode chegar a R$ 47,3 milhões.

O valor pago pelo grupo J&F à Funcef em 2018 equivale a cerca de 7% da despesa anual da JBS, principal empresa do grupo, com marketing e propaganda no mesmo ano. O relatório de administração da companhia informa que foram gastos R$ 408,8 milhões pelo frigorífico com publicidade em 2018.

Os valores anuais das multas são contabilizados pela Funcef com o desconto da meta atuarial, que é de 4,5%. Os R$ 27,9 milhões contabilizados entre 2017 e 2018 equivalem a algo em torno de 0,4% do deficit acumulado de R$ 6,5 bilhões.

A JBS retomou crescimento e se projeta com força no mercado, patrocinando inclusive eventos esportivos. Em 2018, a JBS registrou lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de R$ 14,8 bilhões, resultado 10,7% superior ao de 2017.

“Diria que não foi bom negócio a Funcef vender a participação na JBS. A fundação vendeu na baixa e agora a empresa retomou bons resultados. O valor mensal pago pela JBS à fundação pelo acordo é importante, mas tem impacto residual no resultado dos planos e na reversão do deficit”, avalia a diretora de Saúde e Previdência da Fenae, Fabiana Matheus. “Como investidora, a Funcef estaria recebendo muito mais”, avalia.
Fonte: Fenae, com edição de Seeb Catanduva

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