03/07/2019
Cenário de incertezas deixa Saúde Caixa sob ameaça de extinção; momento é de luta
O Saúde Caixa, plano de saúde dos empregados e aposentados da Caixa, completou no dia 1º de julho 15 anos em meio a um cenário de medo e incerteza. O plano, uma conquista histórica ocorrida nos anos 1970 e consolidada como direito do trabalhador da Caixa, hoje sofre ataques do banco, com respaldo do governo federal.
Conquista da greve de 2003, o Saúde Caixa nos moldes que conhecemos hoje, é fruto de um processo de negociação e mobilização dos trabalhadores. O plano, desde então, constou em todos os acordos coletivos, garantido a todos os empregados, ativos e aposentados da Caixa.
O formato atual de custeio, que divide as despesas assistenciais na proporção de 70% para a Caixa e 30% para os trabalhadores, é a base de ataque para acabar com o plano. Ao propor a mudança do formato, a Caixa pretende eximir-se da responsabilidade, aumentando os custos para os usuários e tornando o plano financeiramente insustentável em um futuro muito breve.
Novo Estatuto
Em dezembro de 2017, o Conselho de Administração alterou o estatuto da Caixa e incluiu um teto, fixando sua contribuição para a assistência à saúde dos empregados em 6,5% de sua folha de pagamento somado ao total de proventos pagos pela Funcef.
CGPAR 22 e 23
A publicação das resoluções 22 e 23 da Comissão Interministerial de Governança Corporativa e de Administração de Participações Societárias da União, a CGPAR, editadas em janeiro de 2018, vieram no sentido de aprofundar ainda mais os ataques, estabelecendo diretrizes para o custeio das empresas estatais federais sobre benefícios de assistência à saúde aos empregados.
O principal deles é a limitação do percentual de participação a 8% da folha de pagamento, ou ao percentual correspondente à divisão do valor da folha de pagamento pelo custo do plano, tendo como referência o exercício de 2017, acrescido de 10%, o que for menor. Ainda de acordo com as resoluções, o valor a ser despendido pelas empresas não pode ser superior à 50% do custo total de assistência à saúde.
As resoluções determinam também a proibição da adesão de novos contratados, a restrição do acesso a aposentados, cobranças por faixa etária, carências e franquias e e não preveem mecanismos de controle dos planos por parte dos participantes, como o Conselho de Usuários, existente no modelo atual do Saúde Caixa.
Outros trechos da resolução impactam diretamente o direito, que até hoje foi tema de negociação do ACT. O artigo 15º explicita que “as empresas estatais federais que possuam o benefício de assistência à saúde previsto em Acordos Coletivos de Trabalho deverão tomar as providências necessárias para que, nas futuras negociações, a previsão constante no ACT se limite à garantia do benefício de assistência à saúde, sem previsão de qualquer detalhamento do mesmo”.
Além da redução drástica dos recursos a serem destinados à saúde dos empregados, as resoluções da CGPAR impedem os novos empregados de participarem do plano existente. Medida que a Caixa já adotou, determinando que os ingressos na empresa a partir de 1º de setembro de 2018 não tenham mais esse direito, sendo previsto apenas um reembolso máximo de 50%, cujos parâmetros serão definidos unilateralmente pela empresa.
RH 221
Outra iniciativa da Caixa coloca em evidência o descompromisso e a falta de atenção com as necessidades básicas dos empregados, em especial, os mais idosos.
A empresa divulgou recentemente nova versão do Manual Normativo RH 221, cujo objetivo é definir e disciplinar a inscrição, a renovação e o cancelamento de inscrição de usuários do Saúde Caixa, que substituiu o extinto RH 043.
Essa nova versão, a 001, com data de 16 de maio, trouxe várias disposições que contrariam o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) em prejuízo aos empregados, em especial os aposentados, a exemplo do item 3.2.5.2.1 em que os obriga a ter no mínimo 120 meses de contribuição para fazer jus à manutenção do plano após a rescisão do contrato com a Caixa, sendo que a cláusula 32 do acordo garante a manutenção do plano a todos os empregados inscritos que venham a se aposentar pelo INSS na vigência do contrato de trabalho com a Caixa, independentemente do tempo que já tenha contribuído.
Outro aspecto altamente prejudicial é o dispositivo que obriga a cada cinco anos o aposentado ter que manifestar o interesse de continuar sendo titular, caso isso não ocorra, sua inscrição será cancelada e não poderá ser readmitido.
A nova versão também impõe uma série de restrições ao chamado “casal Caixa”, quando ambos os cônjuges são empregados, obrigando que o titular seja sempre o cônjuge de maior renda. Cria restrições não previstas no ACT à inclusão e manutenção de enteados como dependentes e à manutenção do filho com deficiência permanente e plenamente incapacitante, maior de 21 anos, como dependente direto.
“O aniversário de 15 anos no Saúde Caixa é um sinal luminoso piscando para nos lembrar que o momento é de luta. Se não nos mobilizarmos agora, como fizemos no passado, assistiremos de camarote o fim do nosso plano de saúde. Não podemos prescindir do direito de assistência à Saúde. O que o Caixa está fazendo é ultrajante”, desabafa a diretora de Saúde e Previdência da Fenae, Fabiana Matheus.
"O Saúde Caixa é uma conquista política de assistência médica dos e para os trabalhadores da Caixa. A retirada deste direito está relacionada à intenção da direção da Caixa de extinguir seu compromisso com os empregados e empurrá-los para planos de saúde complementares do mercado. O Sindicato repudia as medidas do governo que representam um sério risco para os beneficiários do plano, funcionários da ativa, aposentados, pensionistas e seus dependentes. É mais um ataque contra os trabalhadores e organizaremos a resistência para proteger nossos direitos", acrescenta o diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região, Antônio Júlio Gonçalves Neto.
SINDICALIZE-SE
MAIS NOTÍCIAS
- Inscrições encerradas para o 2º Torneio de Game da Contraf-CUT
- Movimento sindical discute enfrentamento da violência de gênero no mundo do trabalho
- Santander é condenado por mais uma tentativa de fraude trabalhista
- Live de Fim de Ano do Sindicato premia bancários associados
- Bradesco anuncia antecipação de vales refeição e alimentação
- Perda de direitos: reforma trabalhista se aplica a contratos anteriores à lei, decide TST
- Seminário “Discutindo o passado e construindo propostas contra o racismo" será nesta quarta (27), às 18h
- Mesmo demitindo e adoecendo bancários, bancos recebem quase R$ 200 milhões em incentivos fiscais
- TST julga nesta segunda-feira (25) a aplicação retroativa da reforma trabalhista e gratuidade de Justiça
- Funcef: Adequação da meta atuarial pode aumentar o benefício dos participantes que aderiram ao PDV, caso o benefício seja requerido a partir de janeiro
- Caixa adia negociação sobre caixas e tesoureiros para o dia 2 de dezembro
- Ao longo de toda a vida, negros recebem R$ 900 mil a menos que não negros no Brasil
- CGU demite ex-vice-presidente da Caixa por assédio; Sindicato reforça compromisso no combate a esse tipo de conduta
- Eleição da ANABB termina hoje (22). Confira os candidatos apoiados pelo Sindicato e Contraf-CUT
- Vitória da construção: G20 histórico abraça pautas do G20 Social