13/05/2019

O maior prêmio da Mega-Sena e a ameaça de privatização das loterias da Caixa Federal


Arte: Marcio Baraldi

 
No último sábado (11), ocorreu o sorteio do concurso 2150 da Mega-Sena, acumulada pela 14ª vez consecutiva e cujo prêmio feito pela Caixa foi de R$ 275 milhões. Foi o maior montante “já pago na modalidade, considerando-se apenas os concursos regulares (sem Mega da Virada) e o 3º maior prêmio da história das Loterias CAIXA”, segundo o site do banco público.
 
A Mega-Sena estava acumulada desde o concurso 2136. Nestas últimas 14 edições, foram arrecadados R$ 1,382 trilhão (vide tabela abaixo). Desta soma, pegando apenas duas áreas como exemplo, 17,32% (R$ 239,36 milhões) foram destinados para a seguridade social e 2,46% (R$ 97 milhões), para o esporte.

No ano passado, as loterias operadas exclusivamente pela Caixa, entre elas a Mega-Sena, arrecadaram R$ 13,9 bilhões, dos quais R$ 5,2 bilhões (37,4% do total) foram transferidos para programas sociais do governo federal nas áreas de seguridade social, esporte, cultura, segurança pública, educação e saúde.
 

 
 
Os investimentos nestes setores, todavia, estão ameaçados por um governo privatista que, começando pela Lotex (loteria instantânea, cujo leilão está marcado para o dia 28 de maio, na Bovespa, e o edital já prevê corte nos repasses de verbas para programas sociais), pretende entregar a operação das loterias de mão beijada para multinacionais ou um consórcio delas. A opinião é de Maria Rita Serrano, representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa.

“Mais grave que do que o leilão da Lotex, que talvez nem aconteça, é o fato do governo atual estar preparando a privatização da operação das loterias, hoje feita exclusivamente pela Caixa e que garante investimento nas áreas sociais, além de uma série de outros benefícios à população de forma direta e indireta”, salienta. “Ao privatizar a operação das loterias, o que atualmente vai para investimentos em seguridade social, saúde, educação, esporte e cultura amanhã passará a ir para fora do Brasil, para a sede da multinacional ou do consórcio delas que será responsável pela operação”, acrescenta Maria Rita Serrano.

Para a representante dos empregados da Caixa, há uma série de prejuízos com a privatização. De forma direta, além de atingir a população hoje beneficiada por investimentos em áreas sociais, o fato de mandar o lucro para o exterior compromete a soberania nacional. “E de forma indireta, a população também é atingida, pois a Caixa, que administra esses recursos, também financia obras de infraestrutura, é o banco da habitação popular, da poupança etc.”, complementa.

Na análise de Antônio Júlio Gonçalves Neto, diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região, o leilão da Lotex dá início ao plano privatista do governo, que coloca em risco outros setores das loterias e da própria Caixa Econômica Federal.

"É inaceitável o fatiamento do banco público, que constitui um dos principais patrimônios do povo brasileiro. É fundamental que todos os empregados estejam mobilizados na defesa da Caixa e de tudo o que ela representa para o país. Vamos fortalecer nossa luta na defesa do seu papel social, para impedir a venda das áreas mais lucrativas e as manobras que reduzam o lucro do banco. Quem defende a privatização da Caixa, seja todo o banco ou em partes, não tem o menor compromisso com o Brasil e com os brasileiros", acrescenta o diretor.

“O governo entreguista de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes não dá ponto sem nó. Ao mesmo tempo em que, por meio de uma proposta de reforma da Previdência que pretende aniquilar com os três pilares de sustentação da seguridade social garantidos pela Constituição de 1988, estuda entregar as loterias para o capital estrangeiro e minar a arrecadação que destina grande parte dos recursos para a mesma seguridade social”, acrescenta Sérgio Takemoto, vice-presidente da Fenae e secretário de Finanças da Contraf-CUT.
Fonte: Seeb SP, com edição de Seeb Catanduva

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