30/03/2019

Lucro menor aponta perda de mercado em 2018; Sindicato defende Caixa 100% pública



 
O desmonte da Caixa denunciado pelo movimento sindical nos últimos anos ficou claro na divulgação do balanço de 2018, na sexta-feira (29). O banco público registrou lucro líquido contábil de R$ 10,4 bilhões, que representa uma redução de 17,2% ou R$ 2 bilhões, em relação ao ano anterior. Um dos principais motivos foi o prejuízo de R$ 1,1 bilhão no 4º trimestre de 2018.

Os números, divulgados pela diretoria, apresentam um encolhimento do banco nas seguintes carteiras: Certificados de Depósitos Bancários (CDB), com menos 5,68%; crédito pessoa física, com menos 1,39%; pessoa jurídica, com menos 2,27%; poupança, com menos 0,76%; e, também, nos depósitos à vista, com menos 1,86%.

“Os dados demonstram que a Caixa perdeu mercado para os bancos privados. Enquanto reduziu a oferta de crédito, a sua lucratividade foi impulsionada pelo aumento das receitas com tarifas e redução de despesas de pessoal, além da redução de despesas de PDD. Enquanto banco público, a Caixa deveria ampliar a sua oferta de crédito. Porém, o que vemos é o movimento contrário. Medidas da atual gestão que enfraquecem o banco em benefício do mercado privado”, afirmou o coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Dionísio Reis.

Prejuízo no 4º Trimestre

A perda nos três últimos meses foi provocada pelo provisionamento adicional de R$ 3,3 bilhões. Desse total, R$ 2,2 bilhões referentes a ajustes na contabilização dos “Bens não de uso próprio” – BNDU, sendo a maioria formada por imóveis de compradores inadimplentes retomados pelo banco.

Menos empregados

A redução nas despesas com pessoal reflete a redução do quadro de empregados, com o fechamento de 2.702 postos de trabalho em 2018. No período, a Caixa fechou 19 agências e 9 postos de atendimento bancário.

Em 2018, foram gastos R$ 383 milhões com programas de demissões voluntárias. O quadro de funcionários é o menor número desde 2014, quando trabalhavam na Caixa 101 mil pessoas. Hoje são 84 mil. O resultado operacional, porém, cresceu 16,4% se comparado ao ano de 2017. Isso significa que o banco reduziu seus custos com RH. Mesmo assim, o resultado operacional cresceu; ou seja, os funcionários cumpriram as metas.

O lucro líquido recorrente – que desconsidera o que a Caixa denomina como “eventos extraordinários” – foi de R$ 12,6 bilhões, 40% superior ao de 2017, que foi de R$ 9,038 bilhões. Já as receitas de tarifas e prestação de serviços atingiram R$ 26,8 bilhões, alta de 7,2%. Por outro lado, as despesas de pessoal apresentaram queda de 3,6% em relação a 2017. Com isso, as receitas com tarifas e prestação de serviços passam a cobrir 116% do total de despesas de pessoal, incluindo a PLR.

PLR

Por força da Convenção Coletiva de Trabalho, a Caixa depositou a PLR na sexta-feira (29). Confira projeção dos valores a serem pagos, estimando uma divisão entre os 85 mil empregados e considerando o desconto do adiantamento de setembro.

Confira projeção dos valores, estimando uma divisão entre os 85 mil empregados e considerando o desconto do adiantamento de setembro:

 


Sindicato defende a Caixa 100 pública
 
Representantes dos trabalhadores estiveram presentes na apresentação do balanço de 2018 que o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, fez aos funcionários do banco na sexta-feira (29). Representado pela Contraf-CUT e demais entidades sindicais na atividade, o Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região reforça a luta em defesa da Caixa 100% Pública, da sua função social, dos direitos dos empregados e contra o fatiamento do banco público.

Os trabalhadores questionaram o presidente da Caixa sobre movimentos da sua gestão que visam o enfraquecimento do banco público e da sua função social como, por exemplo, a venda de ativos importantes, que serão negociados até mesmo na bolsa de Nova Iorque; a argumentação absurda da suposta dívida de R$ 40 bilhões com o Tesouro, que deprecia o banco; e o aumento de provisionamento do 4º trimestre em relação ao 3º trimestre de 2018, de 89%, que reduziu o lucro.  

Pedro Guimarães deu respostas evasivas aos questionamentos dos trabalhadores e se limitou a repetir frases de efeito. 

Coletiva de imprensa 

Após o evento com os empregados, Pedro Guimarães e sua equipe seguiram para a apresentação do balanço em coletiva de imprensa, na qual reforçou mais uma vez a intenção de fatiar o banco público com a venda de ativos importantes como Asset, Cartões, Seguros e Loterias.

“O acesso ao mercado de capitais eu vejo como muito positivo. O BB Seguridade dobrou de lucro um ano antes e um ano depois de abrir o capital. O IRB mais que dobrou um ano antes para um ano depois. Eu penso que é inadmissível que a Caixa não tenha um adquirente. Estimamos que a Caixa perca R$ 1 bilhão por ano por não ter um adquirente. E a pergunta é porque a Caixa não tem um adquirente. Se você tivesse a abertura de capital da Caixa Cartões, seria muito mais difícil a Caixa não ter um adquirente. A Caixa, como banco social, não ter um cartão de crédito consignado, que é a menor taxa. A abertura de capital reforça a base de receita, a base de lucro, que é fundamental para a Caixa”, declarou Pedro Guimarães ao responder se a saída da Caixa do Conselho Curador do FGTS e a elevação do PDD em 89% do 4º trimestre em relação ao 3º trimestre de 2018 não tornaria incoerente o discurso de venda de ativos, inclusive na bolsa de Nova Iorque.

O presidente da Caixa revelou ainda o cronograma para a abertura de capital de ativos. Cartões e Seguridade no segundo semestre de 2019 e Loterias e Asset no primeiro semestre de 2020.
 
“As medidas já anunciadas e outras pretendidas pela direção da Caixa, divulgadas através dos discursos de Pedro Guimarães e também noticiadas pela imprensa, vão na contramão do discurso de fortalecimento do banco público. Se concretizados os objetivos dessa direção, perdem os empregados, a população e o país.  Por isso, toda a sociedade precisa estar mobilizada para barrar o desmantelamento da Caixa. Nossa luta é por uma Caixa 100% Pública e que fortaleça sua função social para o desenvolvimento do Brasil", destaca o diretor do Sindicato Antônio Júlio Gonçalves Neto.
Fonte: Contraf-CUT, com edição de Seeb Catanduva

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