25/02/2019
Trabalhadores e Caixa Econômica retomam debate sobre saúde e condições de trabalho
O adoecimento dos empregados da Caixa Econômica Federal causados pelos impactos da sobrecarga de trabalho, ameaças de retirada de função e a cobrança de metas abusivas foram alguns dos pontos abordados pelo GT Saúde do Trabalhador, grupo paritário formado por representantes dos trabalhadores e do banco.
Previsto no Acordo Coletivo de Trabalho, o Grupo para tratar das questões relativas à saúde do trabalhador, não se reunia desde março de 2018, quando foi debatido o agravamento dos problemas de saúde mental na empresa. O movimento dos trabalhadores alertou para o crescimento do número de suicídios e para os casos de depressão, síndrome do pânico e outros graves problemas que atingem a categoria bancária, em especial os empregados da Caixa.
Na reunião, realizada na última quarta-feira (20), a representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Fabiana Uehara, manifestou preocupação com o programa de Gestão de Desempenho de Pessoas (GDP).
“Conforme temos denunciado, a Caixa iludiu os empregados com o GDP, vendendo a ideia de que o programa seria um instrumento de aprimoramento dos empregados. Na verdade, o método utilizado agrava a comparação entre pessoas da mesma equipe, individualizando um trabalho que é coletivo; estabelece ranking interno, classificando os empregados de acordo com o desempenho individual; e gera alto estresse por conta do assédio, da pressão e da falta de empregados nas unidades”, explica a dirigente.
O movimento sindical reivindicou que os reflexos do GDP na saúde do trabalhador sejam debatidos de forma mais aprofundada no GT. Solicitou ainda informações sobre adoecimento na Caixa e outros dados.
Na reunião os representantes da empresa fizeram relato dos programas e ações para prevenir o adoecimento e melhorar as condições no ambiente de trabalho. Em 2018, segundo eles, pela primeira vez a prevenção do suicídio foi tratada no banco, com atividades no Setembro Amarelo - quando ocorre em todo o país ações de conscientização para prevenir o suicídio. Outra iniciativa destacada é o “coaching financeiro” para os empregados que enfrentam problemas emocionais por conta de super endividamentos.
Adoecimento crônico
A Pesquisa Saúde do Trabalhador, encomendada em 2018 pela Fenae, revela adoecimento crônico dos empregados da Caixa. Um em cada três empregados da Caixa diz ter apresentado algum problema de saúde em decorrência do trabalho nos últimos 12 meses. Entre os que tiveram algum problema, 10,6% relataram depressão. Doenças causadas por estresse e doenças psicológicas representam 60,5% dos casos. Entre os que tiveram problemas, 53% precisaram recorrer a algum medicamento. Os remédios mais usados foram os antidepressivos e ansiolíticos (35,3%), anti-inflamatórios (14,3%) e analgésicos (7,6%).
O estudo revela o quanto o modelo de gestão do banco, a sobrecarga de trabalho e a ausência de uma política de saúde do trabalhador estão prejudicando a vida de milhares de pessoas e provocando um verdadeiro quadro de adoecimento crônico na categoria.
O diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região e funcionário da Caixa, Antônio Júlio Gonçalves Neto, destaca que a luta por saúde e melhores condições de trabalho no banco público é uma das principais bandeiras defendidas pelo Sindicato, e que através do GT, o movimento sindical pretende itensificar o debate sobre as questões que levam ao adoecimento da categoria e apresentar propostas para melhorar a qualidade de vida do trabalhador.
"A necessidade de que as normas relativas às questões que envolvem a saúde e as condições de trabalho dos empregados precisam estar sintonizadas com os temas discutidos no GT, e sobretudo, com as necessidades e demandas dos trabalhadores. Está mais escancarado a cada dia que o projeto em curso do governo federal é desmontar a Caixa. Menos trabalhadores e redução do número de agências resulta em uma atuação menor da empresa e na precarização das condições de trabalho. Diante disso, temos de nos mobilizarmos e mostrarmos que não faz sentido privatizar ou fatiar a Caixa”, enfatiza o diretor.
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