29/01/2019

A fim de reduzir custos, Itaú expõe seus trabalhadores à violência organizacional

 

(Arte: 123RF)


A fim de reduzir custos com pessoal, o Itaú está passando por um processo de reestruturação executado simultaneamente à incorporação do Citibank que está resultando em muitos problemas e adoecimentos entre os bancários da maior instituição privada do país, que lucrou R$ 24,8 bilhões apenas em 2017, o maior da história, e 12% a mais do que no ano anterior. 

Áreas vinculadas a processos estão sendo terceirizadas. Com essa medida, muitos desses trabalhadores que foram contratados como terceirizados não têm pleno domínio das funções, o que está gerando sobrecarga nos trabalhadores bancários. 

Em diversas áreas, muitos empregados com deficiência foram demitidos, e o banco não recontratou para a mesma função trabalhadores com deficiência, como exige a lei. Com o fim do Ministério do Trabalho, a fiscalização foi afrouxada e parece que o banco está se aproveitando dessa falta de controle.

Nas áreas de tecnologia, o Itaú efetuou a contratação massiva de prestadores de serviço como pessoas jurídicas, que na sua grande maioria não possuem as mesmas conquistas da categoria bancária. 

Em matéria publicada pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, dirigentes sindicais relatam que as mudanças promovidas pelo banco, consecutivamente à pressão desmedida pelo cumprimento de metas abusivas e às ameaças de demissões, estão causando muitos adoecimentos psíquicos e fisiológicos nos trabalhadores. Dados obtidos no INSS pela entidade revelam que de 2009 a 2017 a quantidade de trabalhadores de bancos afastados por transtornos mentais cresceu 61,5% e o total de afastados aumentou 30%. 

Os trabalhadores que adoecem e se afastam do trabalho têm de cumprir jornada reduzida. Muitos deles estão enfrentando problemas, principalmente com os seus gestores, que muitas vezes acabam por deixá-los sem função e ignorados. Contribui, ainda, para esse cenário o programa de retorno ao trabalho do Itaú, que não tem regras claras. 

Muitos gestores não têm habilidade para lidar com o trabalhador que passa por um processo de readaptação, seja fisiológico ou emocional, o que acaba gerando ainda mais transtornos para a readaptação. Além disso, e resultado do novo governo, muitos trabalhadores aposentados ou com auxílio acidentário estão perdendo o benefício do INSS. Alguns ficaram afastados das funções por 20 anos, e demora para o banco conseguir adequar esses trabalhadores nas áreas. 

Com o processo de diminuição do quadro de funcionários por meio da automação, terceirização e pejotização de áreas inteiras, os bancários têm de se virar para procurar vaga em outro setor, nos processos seletivos internos, em um  prazo máximo de 45 dias. Do contrário, serão demitidos. 

O diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região, Carlos Alberto Moretto, explica que, embora o Itaú invista muito dinheiro em novas tecnologias, isso reflete para o trabalhador nocivamente, haja vista que essas novas tecnologias de gestão do banco estão voltadas única e exclusivamente para o viés econômico, esquecendo que aqueles que negociam seus produtos e serviços são pessoas e que essas têm direito ao trabalho digno.

"A Violência Organizacional está instalada no banco há décadas, porém as medidas adotadas nesse processo de reestruturação têm deixado os empregados cada vez mais temerosos. É injustificável que o banco transfira para o trabalhador a responsabilidade de procurar uma função, por exemplo, se possui um departamento de RH cujo papel é controlar as vagas. Isso tem promovido o adoecimento massivo dos trabalhadores e a saúde é um direito inalienável, que deve ser respeitado e cumprido," destaca Moretto.
Fonte: Seeb SP, com edição de Seeb Catanduva

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