23/11/2018
Especialista em privatizações, Pedro Guimarães é indicado para comandar a Caixa
Como vem se repetindo com a equipe do presidente eleito Jair Bolsonaro, a escolha de Pedro Guimarães para presidir a Caixa foi anunciada, desmentida e, sempre segundo a imprensa, confirmada. Tudo isso em menos de 24h. Até a manhã de quinta-feira (22), a última notícia era de que Guimarães havia aceitado o convite de Paulo Guedes (futuro ministro da Economia) para comandar o banco público.
Guimarães é um especialista em privatizações. Ele é um dos responsáveis por fazer o levantamento das estatais que podem ser vendidas na gestão Bolsonaro. Sócio do banco de investimento Brasil Plural, atua há mais de 20 anos no mercado financeiro na gestão de ativos e reestruturação de empresas. Na Caixa, especula-se que deverá iniciar sua gestão pela venda da área de cartões de crédito e de seguros. No entanto, legalmente o nome do novo presidente da Caixa tem de ser indicado diretamente pelo futuro presidente da República.
“Se Guimarães de fato se tornar o presidente da Caixa, é fácil prever que os processos de privatizações serão acelerados no banco. Seu perfil se enquadra justamente nessa linha, e não se faz menção a nenhuma experiência dele em gestão pública. Isso derruba de vez a ilusão que alguns colegas ainda tinham de que a Caixa não estaria na lista das empresas a privatizar. Essa privatização fatiada, aos poucos, vai ser ampliada e se consolidar, e será necessária muita resistência dos trabalhadores do banco e da sociedade para manter a Caixa pública”, aponta a representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa, Rita Serrano.
O presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira, concorda: não há outro caminho a não ser resistir. “Os planos do atual e do novo governo são para enfraquecer e fatiar a Caixa. Provas disso são o leilão da Lotex, marcado para 29 e novembro; o projeto para pulverizar a gestão do FGTS; Diretorias e Vice-Presidentes ocupadas por pessoas do mercado; a falácia de que o banco é um ‘cabide de empregos’; a previsão de um novo plano de demissão e aposentadoria. Não vamos aceitar a diminuição e o fatiamento da Caixa”, diz.
Campanha “Não tem sentido”
A Fenae lançou em outubro a campanha “Não tem sentido”. O objetivo é mobilizar empregados e sociedade em geral, mostrando que o banco precisa continuar 100% público, forte, social e a serviço dos brasileiros. Pelo www.naotemsentido.com.br, é possível enviar vídeos ou escrever depoimentos apoiando a iniciativa. Um manifesto foi divulgado no lançamento da campanha e está disponível no site.
Até o final desta semana agências da Caixa de todo o país receberão materiais de divulgação da campanha. Foram enviados às unidades praguinhas com os motes da campanha e dois cartazes: um para ser exposto nos locais de trabalho e o outro para os trabalhadores tirarem fotos e postar nas redes sociais com a hashtag #NãoTemSentido.
O diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região e empregado da Caixa, Antônio Júlio Gonçalves Neto, relembra que foi a organização dos trabalhadores junto as suas entidades representativas que impediu que o banco público se transformasse em uma Sociedade Anônima (SA).
"Como não conseguiram transformar o banco em SA, graças à luta dos empregados, das entidades e da sociedade, querem novamente, a todo custo, privatizar a empresa. Um especialista em privatização na gestão do banco é mais uma ameaça sem precedentes para o caráter social e público da Caixa e por isso, contra esse retrocesso, a mobilização do movimento sindical, dos trabalhadores e da população precisa ser intensificada", ressalta o diretor.
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