16/11/2018

Não tem sentido! Caixa lucra mais, mas com redução do papel social e dos investimentos


 


O lucro líquido da Caixa chegou a R$ 11,5 bilhões nos nove primeiros meses deste ano, um crescimento de 83,7% em relação ao mesmo período de 2017. O montante supera a meta prevista para todo este ano, que era de R$ 9 bilhões.

Já o resultado operacional do banco público apresentou crescimento substancial, atingindo R$ 15,8 bilhões, um aumento de 111,7% em doze meses. Segundo a Caixa, o lucro líquido expressivo foi influenciado, principalmente, pelo crescimento da margem financeira, pela redução nas despesas com PDD e nas despesas administrativas, e pelo crescimento nas receitas de prestação de serviços e tarifas.

“Com o lucro expressivo e que supera a meta estabelecida para este ano, a expectativa dos empregados é de uma segunda parcela da PLR mais alta. Todavia, o resultado da Caixa é extremamente prejudicial aos bancários e ao Brasil, por conta da sobrecarga de trabalho dos empregados e da consequente precarização no atendimento ao público”, ressalta Dionísio Reis, coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa).
 
Fechamento de agências e postos de trabalho

A Caixa, em doze meses, fechou 1.352 postos de trabalho impactados pelo Plano de Apoio à Aposentadoria (PAA) e Programa de Desligamento Voluntário Extraordinário (PDVE), encerrando o 3º trimestre de 2018 com 86.427 empregados.

Houve também redução do número de agências: 36 unidades a menos, totalizando 3.379 agências no final do terceiro trimestre de 2018.

A despesa de pessoal, incluindo PLR, caiu 1% e somou R$ 17,408 bilhões. Desta forma, somente as receitas de prestação de serviços e tarifas (R$ 20,134 bilhões) cobririam 115,7% desta despesa, um crescimento de 10,4 pontos percentuais em relação ao terceiro trimestre de 2017.

Ativos e patrimônio líquido

Os ativos administrados da Caixa (contabilizando o FGTS e os fundos de investimento) totalizaram R$ 2,3 trilhões. Entre os R$ 989,3 bilhões de recursos de terceiros geridos pelo banco público, somente os ativos do FGTS somaram R$ 518,7 bilhões, um crescimento de 2,6% em doze meses. Já o total de ativos próprios totalizaram R$ 1,281 trilhão, variação de somente 0,9% no mesmo período.

O patrimônio líquido do banco obteve crescimento de 26,3%, com a rentabilidade sobre o patrimônio nos primeiros nove meses do ano em 18,05%, crescimento de 7,32 pontos percentuais.

A Caixa é o principal agente operador dos programas sociais do governo federal, como o Bolsa Família, por exemplo. Até setembro de 2018, o banco público pagou 121,3 milhões de benefícios sociais, correspondendo a R$ 22,1 bilhões.

Outros números

A carteira de crédito ampla totalizou R$ 693,788 bilhões, uma queda de 2,6% em relação ao mesmo período de 2017. Tanto a carteira PJ quanto a PF decresceram 22,1% e 12,9%, respectivamente. As receitas oriundas das operações de crédito também caíram (-12,1%), totalizando R$ 59,174 bilhões.

Em contrapartida, as despesas de captação e a de PDD caíram substancialmente (36,5% e 27,2%, respectivamente), o que também ajudaram no resultado do banco.

A inadimplência acima de 90 dias caiu para 2,44% nos nove primeiros meses de 2018, abaixo dos 2,72% registrados no mesmo período de 2017.

Rita Serrano, representante dos empregados no Conselho de Administração do banco, destaca que o papel da instituição no desenvolvimento tem sido desvalorizado. “Tudo isso colaborou para que a crise econômica e o desemprego se mantivessem altos. Afinal, quem investe de fato no país são as empresas públicas, sem isso não há desenvolvimento. Bancos privados são verdadeiras sanguessugas, ganham com a especulação, e não existe retorno para a sociedade”, frisa.

Para Rita Serrano, que também é da Diretoria da Fenae, é assustador ainda o fato de que parte da população, manipulada pela grande imprensa, avalie que o modelo privado é o ideal. “Com certeza é ideal, mas para o dono do banco, e não para um país carente como o nosso”, compara. Para ela, o momento é de resistência.

O diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região, Antônio Júlio Gonçalves Neto, também alerta que a mobilização dos trabalhadores e da sociedade é fundamental.

“Temos assistido a inúmeras tentativas do governo de enfraquecer e fatiar a Caixa. Exemplos disso são o leilão da Lotex, o projeto para pulverizar a gestão do FGTS, Diretorias e Vice-Presidência ocupadas por pessoas do mercado, a previsão de um novo plano de demissão e aposentadoria ainda este ano. Com nossa organização conseguimos resistir a diversos projetos que visavam acabar com o banco público e seu caráter social - tão importante para o país - ao longo dos últimos dois anos. E não faremos diferente agora. Não vamos aceitar a diminuição da Caixa!", diz.

Não tem sentido

A Fenae lançou em outubro a campanha “Não tem sentido”. O objetivo é mobilizar empregados e sociedade em geral, mostrando que o banco precisa continuar 100% público, forte, social e a serviço dos brasileiros. Pelo www.naotemsentido.com.br, é possível enviar vídeos ou escrever depoimentos apoiando a iniciativa. Um manifesto foi divulgado por ocasião do lançamento da campanha.

No site já estão publicadas gravações de personalidades e dirigentes do movimento dos trabalhadores, entre eles Jessé de Souza, Luiz Gonzaga Belluzzo, Emir Sader, Gilberto Bercovici, Esther Dweck, Jair Pedro Ferreira, Sérgio Takemoto (vice-presidente da Federação) e Juvandia Moreira (presidente da Contraf-CUT). Vídeos enviados por pessoas de todo o país estão ampliando nossa luta.
Fonte: Fenae, com Seeb SP e edição de Seeb Catanduva

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