05/06/2018
Cobrança de metas abusivas e assédio moral levam bancária do Itaú a transtornos mentais

(Foto:Freepik)
É cada vez maior o número de trabalhadores do Itaú diagnosticados com transtornos mentais causados pela cobrança de metas abusivas e assédio moral nos locais de trabalho. Somam-se a isso os recorrentes casos de LER/Dort que são diagnosticadas devido ao acúmulo e sobrecarga de trabalho.
Foi o que aconteceu com Luisa (nome fictício), bancária do Itaú desde 1988. Ela foi gerente comercial PJ de uma agência na região central de São Paulo e trabalhou como operacional de telemarketing de prospeção de conta. Devido ao ritmo de trabalho exaustivo, desenvolveu problemas no ombro em 2013 e teve de se afastar do trabalho para concluir o tratamento em agosto de 2017. A trabalhadora fez cirurgia, fisioterapia e só conseguiu auxílio-acidente do INSS mediante um processo judicial.
Ao retornar ao trabalho, em fevereiro de 2018, foi encaminhada ao Programa de Readaptação do Itaú, onde teve carga reduzida, fisioterapia e acompanhamento médico. O problema foi a falta de preparo dos gestores do banco para lidar com situação, o que levou a bancária a desenvolver crises de pânico, motivando novos afastamentos.
“O meu pós-operatório teve consequências que geravam muita dor, principalmente ao digitar ou segurar o telefone. Também tenho dificuldade em ficar em local fechado. Os gestores anteriores me deixavam ficar em um espaço mais arejado, mas uma gestora queria que eu ficasse no subsolo, substituindo um gerente”, explicou a bancária.
“É vergonhosa esta prática do Itaú com os funcionários que adoecem, pois na hora que mais precisam do banco são descartados, sofrem assédio moral e discriminação. A empresa cria um programa de readaptação que só existe no papel e não prepara os gestores para receber um trabalhador quando retorna depois de um período de afastamento. O banco deveria investir em formação de gestores e funcionários para que entendam que todos estão sujeitos a se afastarem por doença ocupacional e que saúde é essencial”, disse Luisa, que foi demitida em maio deste ano, após retornar de outro afastamento em decorrência do transtorno mental.
Após orientação dos dirigentes sindicais, a bancária informou que irá ajuizar uma ação contra o banco, pedindo sua reintegração.
O diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região, Carlos Alberto Moretto, alerta que casos como o de Luisa devem ser imediatamente denunciados ao Sindicato.
“A prática de assédio moral constitui um risco concreto nas relações de trabalho e na saúde dos bancários, revelando-se uma das formas mais incisivas de violência nas relações organizacionais. E o Itaú tem praticado cada vez mais essa política de pressões e abusos. Cobramos do banco mais respeito aos trabalhadores através de um programa de readaptação que seja eficiente e humano, e da conscientização de gestores e funcionários por meio de cursos, palestras e comunicados sobre as doenças ocupacionais”, atentou o dirigente.
Homologação é no Sindicato
Moretto alerta também para a importância de, em caso de demissão, fazer a homologação no Sindicato, e não no próprio banco. Dessa forma, é possível averiguar, com profissionais comprometidos exclusivamente com o trabalhador, se algum direito está sendo violado.
Caso o banco queira realizar a homologação internamente, ainda assim é fundamental comparecer ao Sindicato antes de assinar qualquer termo de quitação. Os bancários de Catanduva e Região podem realizar a sua pré-homologação no Sindicato, trazendo sua carteira de trabalho, os últimos doze holerites e o extrato do FGTS, se tiver. Assim será possível calcular, inclusive, o valor que o banco deverá creditar na ocasião do seu desligamento.
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