04/01/2018

Ministro de Temer admite usar Caixa em chantagem política e ataca entidades

Após confirmar que está usando os recursos da Caixa para chantagem política, o atual ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, atacou as entidades representativas dos trabalhadores dizendo que elas existem apenas para “proteger privilégios”.

Isso porque o Fórum Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) protocolou na quarta-feira (03) uma representação na Comissão de Ética Pública da Presidência da República contra Marun.

No último dia 26 de dezembro, o ministro afirmou que está usando a liberação de empréstimos da Caixa para chantagear políticos a apoiarem a reforma da Previdência.

As declarações de Marun são absurdas, mas foram ditas pelo ministro como se a compra de apoio fosse algo normal e aceitável. Marun classifica a prática de concessão de recursos como uma ação de governo pela qual se espera “reciprocidade”. Ou seja, um eufemismo para a velha chantagem.

“Financiamentos da Caixa Econômica Federal são ações de governo. Senão, o governador poderia tomar esse financiamento no Bradesco, não sei onde. Obviamente, se são na Caixa Econômica, no Banco do Brasil, no BNDES, são ações de governo, e nesse sentido entendemos que deve, sim, ser discutida com esses governantes alguma reciprocidade no sentido de que seja aprovada a reforma da Previdência, que é uma questão que entendemos hoje de vida ou morte para o Brasil”, justificou o ministro. 

A banalização dessa prática é um dos maiores legados da gestão Temer, mas que não seria concretizado sem a ajuda da grande imprensa que noticia estas declarações e as “negociações” como algo corriqueiro.

As ações de governo das quais a Caixa realmente faz parte não incluem chantagem. Curiosamente, a utilização do banco para interesses políticos está entre as justificativas do atual governo para a venda de áreas da Caixa. Segundo os entusiastas da privatização, essa conduta ocorreu nos governos anteriores e é a culpada por todos os problemas da instituição financeira e sua venda seria uma forma de acabar com isso.

Para o diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região e também diretor da Apcef-SP, Antônio Júlio Gonçalves Neto, a visão do atual governo sobre o banco público demonstra sua real intenção: promover seus desmonte para privatizá-lo, ignorando sua importância para toda a sociedade brasileira como principal ferramenta para a execução de políticas públicas nas áreas de educação, distribuição de renda, agricultura, saneamento básico, dentre outras.

"O único banco 100% público do país deve ter seus recursos destinados ao desenvolvimento do Brasil e não como moeda de troca para atender aos interesses políticos de uma minoria que não repesenta a população. Não satisfeitos em tentar promover o desmantelamento de instituições tão importantes como a Caixa, também se esforçam para tentar liquidar as entidades representativas, que existem para defender os direitos dos trabalhadores", critica Tony.

A representante dos empregados da Caixa no Conselho de Administração, Rita Serrano, publicou nota repúdio às declarações de Marun. Leia aqui.

A exemplo da conselheira, o Sindicato também considera inadimissível a utilização de recursos públicos como barganha política e defende a Caixa, o Banco do Brasil e o BNDS como instituições de caráter público e agentes fomentadores do desenvolvimento de toda a sociedade.

Fonte: Apcef-SP, com edição de Seeb Catanduva

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