Onde estão os negros e negras? Movimento cobra políticas de promoção da diversidade

O Itaú, maior banco privado nacional, tem apenas 21% de negros e negros na composição do seu quadro de funcionários, percentual abaixo da média geral do setor financeiro, 24,8% de acordo com o Censo da Diversidade 2014. O número revela a ausência de políticas de promoção da diversidade no banco.
“Se levarmos em consideração que no percentual de negros estão incluídos pretos e pardos, a situação dos pretos é ainda pior. O banco não abre estes dados segmentados, mas se considerarmos que a média geral do setor é de 3,4% de bancários pretos e pretas, e o Itaú está abaixo da média geral de contratação de negros, podemos inferir que a representatividade de pretos e pretas no banco é ainda mais baixa”, pontua o dirigente sindical e bancário do Itaú, Júlio César Santos, participante do 4º Fórum Nacional pela Visibilidade Negra no Sistema Financeiro, realizado nos últimos dias em Recife.
O dirigente aponta que, além da baixa representatividade da população negra no Itaú, negros e negras têm mais dificuldades para ascender profissionalmente na instituição. Segundo o Relatório Anual Consolidado 2016, do próprio Itaú, bancárias negras estão concentradas nas áreas comercial e operacional (55%) e administrativa (23%). Apenas 8% das bancárias negras ocupam cargos de gerência. No caso dos homens negros, 47% estão na área comercial e operacional e 30% na área administrativa. Em cargos de gerência se encontram apenas 13,5% dos bancários negros do Itaú. Nenhum negro ou negra ocupa cargo de diretoria.
“O que a frieza dos números, que já são bem ruins em relação a representatividade negra no Itaú, não mostra é que a maioria dos negros estão em posições de pouca visibilidade, em locais de pouco destaque. O que fica ainda pior no caso dos pretos. Quanto mais escuro o tom da pele, mais relegado é o bancário à posições de pouca visibilidade como, por exemplo, call center e compensação. Isso também vale para a hora da contratação. Se tiver que escolher entre um preto e um pardo para contratar, o Itaú opta pelo pardo, que muitas vezes pode se passar por branco”, avalia Júlio.
O dirigente alerta que a discriminação contra negros no Itaú também foi revelada quando da fusão do banco com o Unibanco. “Proporcionalmente foram demitidos mais bancários negros que brancos. Na época, a decisão sobre as demissões ficou nas mãos dos gestores, que com critérios subjetivos optaram por demitir mais negros.”
O movimento sindical cobra do Itaú que de fato promova políticas de promoção da diversidade e de ascenção profissional de bancários negros no banco. "Já é mais do que na hora de negros e negras ocuparem posições de destaque, já que possuem escolaridade e competência para isso. O tempo em que o negro no sistema financeiro estava presente apenas em funções terceirizadas como seguranças e faxineiras já passou. O Itaú precisa perceber isso e adequar sua estrutura hierárquica para uma sociedade que não aceita mais o racismo estrutural, que contamina diversos setores do nosso país, desde a imprensa até os bancos."
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