Bancários cobram respeito em negociação. Direção da Caixa mantém a intransigência
A Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE) cobrou da direção do banco que respeite os bancários, revogando uma série de medidas que os prejudicam e que resultam na diminuição da instituição e de seu papel social como banco público. A mesa de negociação permanente foi na terça-feira 15, em Brasília. Durante a reunião, a direção da Caixa manteve sua postura inflexível. Em todos os momentos os representantes do banco demonstraram a má vontade em dialogar com os empregados.
No mesmo dia, empregados da Caixa em todo o país fizeram Dia Nacional de Luta. Em Catanduva, Monte Alto e Ibitinga, diretores do Sindicato realizaram atos públicos com a distribuição de uma carta aberta em defesa dos direitos dos trabalhadores e do banco público, ameaçado pelo governo Temer, com redução de programas sociais, cortes de postos de trabalho e fechamento de agências e áreas estratégicas (veja mais sobre as atividades clicando aqui). A mobilização também aconteceu nas redes sociais com a #CaixaRespeiteoEmpregado.
Retaliação às greves – Um dos pontos da pauta na mesa de negociação foi a retaliação aos trabalhadores que aderiram às greves gerais de 28 de abril e de 30 de junho. Os representantes da Caixa disseram que há intenção de negociar. “Deixamos claro que qualquer ‘intenção de negociar’ deve partir da atitude do banco em retirar a classificação de ‘falta injustificada’ e substituí-la por ‘falta greve’”, informa Dionísio Reis, coordenador da CEE.
A falta injustificada foi utilizada nos dias da Greve Geral. “Esse tipo de falta traz prejuízos na promoção por mérito e à licença prêmio. E é um contrassenso do banco porque na própria mesa de negociação, os representantes da Caixa se referem à ausência do empregado como uma falta ocasionada pela greve. E muitos gestores reclamaram com o bancário que ele tinha faltado por ter aderido à greve. Então nada mais justo que o banco classifique como ‘falta greve’”, argumenta Dionísio.
Reestruturação – O banco não levou para a mesa nenhum dado sobre reestruturação, como havia sido reivindicado pelos trabalhadores. “Não informou, por exemplo, quais áreas irão fechar, quais terão movimentação de empregados, quantos bancários serão atingidos... Não levou nada para a mesa”, critica o dirigente.
Além de cobrar acesso a esses dados, os bancários protestaram contra a reestruturação. “Nos manifestamos novamente contra essa medida que reduz áreas estratégicas do banco e ataca seu papel social. E ainda está reduzindo a remuneração dos empregados. Afirmamos que o governo deveria investir e capitalizar a Caixa para aumentar o investimento no país.”
RH 037 – A Caixa informou que não há intenção de trabalhar com bancários temporários, como prevê o RH 037. “Diante disso, cobramos a revogação imediata do RH 037.” Os representantes da Caixa não se posicionaram na mesa.
Verticalização – A diretoria da Caixa também não levou nada à mesa sobre verticalização, outra medida criticada pelos representantes dos trabalhadores porque também prejudica empregados e clientes, principalmente os de renda mais baixa.
Os dirigentes sindicais também reclamaram que o banco não informou sobre dados de fechamento de agências, uma questão diretamente ligada à verticalização. “Os representantes do banco anunciaram a intenção de reavaliar cerca de 100 agências. Mas não disseram quais, apenas que a análise levaria em conta o retorno financeiro dessas unidades. Nos posicionamos contrários ao fechamento de unidades e reforçamos que a Caixa é um banco que deve manter sua presença em todo o país, que isso faz parte de sua função social. A Caixa é o banco do povo brasileiro e deve se manter com esse papel”, destaca Dionísio.
O coordenador da CEE informa que o movimento sindical fará uma grande campanha em defesa da Caixa junto à população e ampliará a mobilização dos empregados. “Vamos alertar os brasileiros de que o banco público, responsável por mais de 70% do crédito imobiliário e por programas sociais fundamentais para o país, está sendo desmontado por este governo. Vamos também reforçar a união e mobilização dos bancários da Caixa.”
Descomissionamento – Os trabalhadores também destacaram na mesa que o descomissionamento arbitrário continua sendo praticado pela Caixa. “O banco tem usado o motivo 8, que é um descomissionamento a interesse da gestão, para extinguir a função de vários bancários. É fundamental que os empregados que perderem sua comissão de forma arbitrária denunciem a seus sindicatos”, alerta Dionísio.
A denúncia ao Sindicato pode ser feita diretamente pelo canal Denuncie. O identidade do denunciante é mantida em sigilo absoluto.
PDVE – Os representantes do banco informaram que a Caixa não tem intenção de repor os empregados que sairão por meio do Programa de Desligamento Voluntário Especial (PDVE). “Eles também nos informaram que hoje há 12.180 caixas efetivos, e que no mês de junho foram 22 mil aberturas de caixas minuto. Colocamos nossa posição contrária ao Caixa Minuto, que significa a uberizarição desse trabalho importante nas agências", diz Dionísio.
GDP – Os dirigentes sindicais reclamaram que os critérios para o acordo do GDP (programa Gestão de Desenvolvimento de Pessoas) são muito ambíguos. A Caixa se comprometeu em dar orientações claras aos empregados, que têm até o final deste mês para fechar seus acordos individuais de metas. “De qualquer forma, também nos manifestamos contrários à ampliação do GDP”, acrescenta o dirigente.
Funcef – Na mesa, também foi reivindicada negociação sobre a questão do contencioso da Funcef. “Essa não é uma questão previdenciária, é trabalhista. Sua origem são ações trabalhistas. Isso tem de ser negociado com os participantes do fundo de pensão. Cobramos que a Caixa traga solução para ser negociada”, reforça.
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