10/04/2017

Representantes dos empregados dão recado claro à Caixa Federal: nenhum direito a menos!

Nenhum direito a menos. Este foi o recado que a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), assessorada pela Comissão Executiva dos Empregados (CEE), deu à Caixa Econômica Federal durante negociação, realizada no dia 07, em Brasília (DF). As representações dos trabalhadores protestaram veementemente contra os valores da segunda parcela da PLR pagos no dia 31 de março e a prática antissindical da empresa ao apontar a greve nacional de 2016 como uma das causas da queda nos lucros no ano passado. Foi exigido também mais transparência e respeito à categoria.

“Em nota divulgada aos empregados, a Caixa aponta como um dos fatores da redução da lucratividade a greve que os trabalhadores realizaram em defesa dos seus direitos, que durou 31 dias por conta da intransigência dos banqueiros e da própria Caixa. Para nós, isso caracteriza uma postura antissindical, um ataque que não podemos aceitar”, avalia Dionísio Reis, coordenador da CEE/Caixa.

Na segunda reunião da mesa permanente de 2017, a Comissão Executiva cobrou da empresa esclarecimentos sobre o que considera “erro grotesco e inexplicável” de projeção dos lucros no exercício de 2016. Conforme os números divulgados pelo presidente do banco, Gilberto Occhi, em 28 de março, a empresa apresentou lucro líquido de R$ 4,1 bilhões no ano passado, o que representou uma queda de 41,8% em relação a 2015. Em setembro de 2016, foi projetado lucro anual de R$ 6,7 bilhões, o que serviu de base para calcular a antecipação da PLR e gerou toda uma expectativa entre os empregados.

A Comissão dos empregados avaliou o balanço e verificou que o lucro aquém do esperado não tem relação com o resultado operacional do banco que, comparado ao de 2015, teve crescimento na ordem de 271,7%. Por isso, a CEE defendeu o reconhecimento e valorização do trabalho dos empregados da Caixa, principais responsáveis por esse desempenho.

A Comissão Executiva reivindicou que a Caixa reveja os valores da segunda parcela da PLR e faça uma nova distribuição com base no lucro recorrente, que foi de R$ 4,967 bilhões. Com isso, amplia-se a margem para pagamento tanto na regra básica quanto na parcela adicional e da PLR social, e representaria, para a maioria dos empregados, um ganho a mais de 20% em relação ao valor que receberam no dia 31 de março. “Diversos bancos já fizeram o pagamento nesses moldes, que estão dentro dos parâmetros do acordo coletivo, para reconhecer seus trabalhadores”, diz Dionísio.

Segundo simulações feitas pelo Dieese, tendo por base o lucro recorrente, o empregado com remuneração de R$ 2.748,00, receberia a mais de PLR R$ 1.108,10. Já quem recebe R$ 5 mil teria direito à diferença de R$ 1.350,11. Para os trabalhadores com remuneração de R$ 9.333, 81, a diferença a receber seria de R$ 1.815,84. Os representantes da empresa se comprometerem a encaminhar o pleito à direção.

Desmonte

A CEE/Caixa repudiou, na mesa de negociação, o processo de desmonte da Caixa e os ataques aos direitos dos trabalhadores. A Comissão cobrou dos interlocutores da empresa informações sobre o fechamento e fusão de agências anunciadas pelo presidente Gilberto Occhi na semana passada.

Os representantes da Caixa alegaram que não têm conhecimento de quais unidades e que critérios serão usados para fechá-las. “Isso demonstra total falta de transparência do banco e respeito com seus trabalhadores. Como Occhi diz à imprensa que vai fechar de 100 a 120 agências e não há nenhuma informação sobre esta medida? É no mínimo uma atitude irresponsável por parte do presidente”, destaca Fabiana Uehara, diretora da Contraf-CUT e integrante da Comissão Executiva.

Foram cobrados esclarecimentos também sobre a reestruturação. O argumento da Caixa é que não foi iniciada uma nova onda e que estão sendo feitas adequações em algumas filiais. Pressionada, o banco ficou de repassar mais detalhes sobre o processo.

A CEE/Caixa questionou sobre o pagamento de horas extras aos trabalhadores das agências que estão abrindo duas horas mais cedo ou que vão abrir aos sábados por conta das contas inativas do FGTS. A empresa não está pagando o adicional de hora de extra de 100%. A Comissão Executiva vai acrescentar a irregularidade à denúncia que já existe no Ministério Público do Trabalho.

A Comissão reivindicou que seja revista a convocação de empregados para trabalharem aos sábados no autoatendimento de agências que não irão abrir. Na avaliação da CEE, isso representa uma ameaça à segurança dos trabalhadores e dos próprios clientes. A Caixa rejeitou a reivindicação.

Os representantes dos trabalhadores defenderam ainda a retomada urgente das contratações. Os problemas nas agências de todo o país se agravaram com a liberação dos saques das contas inativas do Fundo de Garantia. A posição da empresa foi de total intransigência: não haverá novas contratações, nem mesmo para repor os empregados que estão saindo no Programa de Desligamento Voluntário Extraordinário (PDVE).

Conforme a Caixa, 4.519 trabalhadores aderiram ao programa, mas a empresa não tem o número exato de desligamentos, porque as demissões ainda estão sendo homologadas. O banco confirmou também que aceitou novas adesões fora do prazo, mais precisamente até o dia 31 de março, data- limite para desligamento.

Saúde Caixa

Na reunião de sexta-feira 07, os representantes da Caixa propuseram discutir com as representações dos trabalhadores o provisionamento que o banco tem de fazer, por exigência do Banco Central, para cobrar despesas futuras com o plano de saúde, para fortalecer a base de capital da instituição.

“Queremos discutir o Saúde Caixa há muito tempo e a Caixa nos nega informação e participação na gestão. Pelos dados mostrados pelo banco, ele é superavitário até 2020 pelo menos. Temos um GT Saúde Caixa e o Conselho de Usuários que queremos que debatam a sustentabilidade do plano com dados reais e atuais. O banco tem uma questão financeira em seu balanço com uma exigência absurda feita pelo Bacen de provisionamento de valores que não tem relação com o custo assistencial. Antes de virem ameaçar os empregados com a elevação dos custos com sua saúde a direção do banco deve ir negociar com o governo”, ressaltou o coordenador da CEE/Caixa.

Outros pontos

Descomissionamento arbitrário - A Caixa informou que até o dia 24 de abril vai divulgar o normativo com as novas regras para descomissionamento, que foram definidas pelo grupo de trabalho paritário e homologada na mesa de negociação, no dia 24 de janeiro. Será divulgada também a cartilha com orientações aos empregados.

PSI - Os processos seletivos internos serão retomados até o final deste mês. Segundo a Caixa, os PSIs foram suspensos por conta de estudos de redimensionamento.

Avaliador de Penhor - A pedido da CEE, a Caixa prorrogou até 24 de maio o prazo para conclusão da pesquisa que as entidades sindicais estão fazendo sobre as condições de trabalho dos avaliadores de penhor. Com isso, o pagamento da adicional fica mantido até lá. Segundo Dionísio Reis, os trabalhadores que ainda não responderam o questionário devem procurar o sindicato de sua base. “Nosso objetivo é produzir um laudo sem expor os trabalhadores individualmente”, explicou.

Mobilização

A mobilização contra retirada de direitos será a resposta dos trabalhadores à Caixa Econômica Federal. A CEE está orientando os sindicatos e federações a organizarem plenárias para mobilizar os empregados a participarem do Dia Nacional em Defesa dos Bancos Públicos, programado para o dia 20 de abril, dialogando com a população e com os empregados nas unidades, e da greve geral de 28 de abril, convocada pelas centrais sindicais contra a reforma da previdência e trabalhista.

O Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região, através de seus representantes na Contraf-CUT e no CEE/Caixa, está atento às reivindicações da categoria. "Exigimos que o banco tenha o mínimo de transparência e respeito com seus empregados. Não vamos permitir nenhuma ameaça aos direitos dos trabalhadores", defendeu Antônio Júlio Gonçalves Neto, diretor do Sindicato.

Fonte: Fenae, com edição do Seeb Catanduva

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