23/12/2016
Presidente do Santander ignora papel de bancários no atendimento
Em longa entrevista publicada pelo jornal Valor Econômico, o presidente do Santander no Brasil, Sérgio Rial, afirmou que o banco almeja oferecer o melhor atendimento ao cliente do sistema financeiro, sendo este o diferencial pretendido pelo banco espanhol em relação aos concorrentes, mas ignorou a relação com os seus funcionários como fator determinante para este objetivo.
“Eu gostaria de ter o melhor atendimento do sistema financeiro. Banco não cresce o resultado se não for pelo nível de satisfação do cliente”, declarou Rial. “Quem merece ir numa agência, no segundo dia útil do mês, para poder tentar resolver alguma coisa?”, questionou ainda o presidente do Santander.
“Chama a atenção que o presidente do Santander não cite uma única vez a relação com funcionários como fator decisivo para um bom atendimento. Esta postura reforça a atual política discriminatória do Santander que, ao mesmo tempo em que pretende que o correntista tenha prazer na relação com o banco, foca suas ações cada vez mais no atendimento digital, excluindo assim a população de baixa renda. Não é possível falar em 'melhor atendimento' enquanto clientes são expulsos das agências, mesmo pagando tarifas e juros exorbitantes”, critica a dirigente sindical Lucimara Malaquias, do Sindicato dos Bancários de São Paulo.
“Para oferecer o melhor atendimento, o presidente Sérgio Rial precisa entender que é necessário respeito ao emprego. Ou seja, ao invés de usar demissões como ferramenta de pressão para cumprimentos de metas, deveria existir uma política de carreira e perspectiva de crescimento profissional, além de oferecer boas condições de trabalho, ter uma equipe motivada. Hoje, no Santander, a realidade é bem diferente. O tempo médio de permanência de um bancário no banco é só de 10 anos. Grande parte dos funcionários está desmotivada e adoecida por conta de metas abusivas, assédio moral e demissões arbitrárias de colegas afastados ou próximos da aposentadoria”, acrescenta a dirigente.
Governo Temer
Na mesma entrevista, Rial ainda elogiou os primeiros meses de governo Temer e defendeu medidas como a PEC 55, que congela gastos públicos primários por 20 anos; e a reforma da Previdência, que propõe idade mínima de 65 anos para homens e mulheres e 49 anos de contribuição para acesso ao benefício integral.
“Não surpreende este alinhamento com o atual governo. Os banqueiros vestiram a camisa do Temer desde a primeira hora. Afinal, a PEC 55 congela gastos primários, mas não gastos com pagamento de juros da dívida pública. Enquanto a medida tem potencial para trazer o Brasil de volta ao mapa da fome, golpeia a saúde e a educação e aprofunda a desigualdade, libera recursos públicos para engordar ainda mais os bolsos dos banqueiros”, enfatiza Lucimara.
“Sobre a reforma da Previdência, o interesse dos bancos é ainda mais claro. Com um sistema em que o trabalhador vai morrer antes de se aposentar, a demanda por planos de previdência privada tende a explodir”, acrescenta.
Papel do Estado
Outro ponto de convergência entre as declarações de Sérgio Rial e o posicionamento do presidente Michel Temer está relacionado com o debate sobre qual deve ser o papel do Estado na sociedade. Alinhado com a política ultraliberal da atual equipe econômica do governo, Rial critica políticas sociais como o Fies e o crédito rural.
“Um Fies a 4,5% é favorecer um aluno a lançar mão de uma arbitragem de taxa de juros. A mesma coisa acontece num crédito rural ou numa LCA incentivada. Tudo isso são custos que a sociedade como um todo paga. Precisamos de poupança tabelada pelo Estado? Os bancos não têm capacidade de competir pela poupança?”, diz o presidente do Santander no Brasil.
Para Rial, a atuação do Estado deve ser reduzida até mesmo em áreas como saneamento básico. “O Estado tem que se olhar e se desafiar, ver se empresas de água têm que ser controladas pelo Estado. Se bancos ainda precisam ser controlados pelos Estados”, defende.
“Sobre juros anuais escandalosos, de mais de 300% no cheque especial e de 400% no rotativo do cartão de crédito, silêncio sepulcral. Sobre a injusta e violenta concentração de renda e riqueza, na mão de poucos no Brasil, não diz nada. Mas ataca políticas sociais e taxas de juros mais baixas praticadas por bancos públicos, que beneficiam, sobretudo, a população mais pobre. Justamente aquela que o Santander não quer atender. As declarações de Sérgio Rial são uma prova da parceria entre banqueiros e governo para implodir direitos sociais e trabalhistas no país. Se enganam se acreditam que não haverá resistência. A classe trabalhadora não vai permitir este desmonte do Estado. A retirada dos direitos de muitos para privilégio de poucos”, avalia Lucimara.
Por fim, a dirigente aponta a incoerência entre discurso e prática quando Rial fala em “buscar caminhos” para a geração de empregos no país. “Se realmente está preocupado com o desemprego, o Santander deveria colaborar não demitindo trabalhadores de forma arbitrária e discriminatória, como é prática do banco nos últimos anos. Queremos dizer para o Rial: basta de demissões, respeito a nós bancários e aos nossos direitos”, conclui.
“Eu gostaria de ter o melhor atendimento do sistema financeiro. Banco não cresce o resultado se não for pelo nível de satisfação do cliente”, declarou Rial. “Quem merece ir numa agência, no segundo dia útil do mês, para poder tentar resolver alguma coisa?”, questionou ainda o presidente do Santander.
“Chama a atenção que o presidente do Santander não cite uma única vez a relação com funcionários como fator decisivo para um bom atendimento. Esta postura reforça a atual política discriminatória do Santander que, ao mesmo tempo em que pretende que o correntista tenha prazer na relação com o banco, foca suas ações cada vez mais no atendimento digital, excluindo assim a população de baixa renda. Não é possível falar em 'melhor atendimento' enquanto clientes são expulsos das agências, mesmo pagando tarifas e juros exorbitantes”, critica a dirigente sindical Lucimara Malaquias, do Sindicato dos Bancários de São Paulo.
“Para oferecer o melhor atendimento, o presidente Sérgio Rial precisa entender que é necessário respeito ao emprego. Ou seja, ao invés de usar demissões como ferramenta de pressão para cumprimentos de metas, deveria existir uma política de carreira e perspectiva de crescimento profissional, além de oferecer boas condições de trabalho, ter uma equipe motivada. Hoje, no Santander, a realidade é bem diferente. O tempo médio de permanência de um bancário no banco é só de 10 anos. Grande parte dos funcionários está desmotivada e adoecida por conta de metas abusivas, assédio moral e demissões arbitrárias de colegas afastados ou próximos da aposentadoria”, acrescenta a dirigente.
Governo Temer
Na mesma entrevista, Rial ainda elogiou os primeiros meses de governo Temer e defendeu medidas como a PEC 55, que congela gastos públicos primários por 20 anos; e a reforma da Previdência, que propõe idade mínima de 65 anos para homens e mulheres e 49 anos de contribuição para acesso ao benefício integral.
“Não surpreende este alinhamento com o atual governo. Os banqueiros vestiram a camisa do Temer desde a primeira hora. Afinal, a PEC 55 congela gastos primários, mas não gastos com pagamento de juros da dívida pública. Enquanto a medida tem potencial para trazer o Brasil de volta ao mapa da fome, golpeia a saúde e a educação e aprofunda a desigualdade, libera recursos públicos para engordar ainda mais os bolsos dos banqueiros”, enfatiza Lucimara.
“Sobre a reforma da Previdência, o interesse dos bancos é ainda mais claro. Com um sistema em que o trabalhador vai morrer antes de se aposentar, a demanda por planos de previdência privada tende a explodir”, acrescenta.
Papel do Estado
Outro ponto de convergência entre as declarações de Sérgio Rial e o posicionamento do presidente Michel Temer está relacionado com o debate sobre qual deve ser o papel do Estado na sociedade. Alinhado com a política ultraliberal da atual equipe econômica do governo, Rial critica políticas sociais como o Fies e o crédito rural.
“Um Fies a 4,5% é favorecer um aluno a lançar mão de uma arbitragem de taxa de juros. A mesma coisa acontece num crédito rural ou numa LCA incentivada. Tudo isso são custos que a sociedade como um todo paga. Precisamos de poupança tabelada pelo Estado? Os bancos não têm capacidade de competir pela poupança?”, diz o presidente do Santander no Brasil.
Para Rial, a atuação do Estado deve ser reduzida até mesmo em áreas como saneamento básico. “O Estado tem que se olhar e se desafiar, ver se empresas de água têm que ser controladas pelo Estado. Se bancos ainda precisam ser controlados pelos Estados”, defende.
“Sobre juros anuais escandalosos, de mais de 300% no cheque especial e de 400% no rotativo do cartão de crédito, silêncio sepulcral. Sobre a injusta e violenta concentração de renda e riqueza, na mão de poucos no Brasil, não diz nada. Mas ataca políticas sociais e taxas de juros mais baixas praticadas por bancos públicos, que beneficiam, sobretudo, a população mais pobre. Justamente aquela que o Santander não quer atender. As declarações de Sérgio Rial são uma prova da parceria entre banqueiros e governo para implodir direitos sociais e trabalhistas no país. Se enganam se acreditam que não haverá resistência. A classe trabalhadora não vai permitir este desmonte do Estado. A retirada dos direitos de muitos para privilégio de poucos”, avalia Lucimara.
Por fim, a dirigente aponta a incoerência entre discurso e prática quando Rial fala em “buscar caminhos” para a geração de empregos no país. “Se realmente está preocupado com o desemprego, o Santander deveria colaborar não demitindo trabalhadores de forma arbitrária e discriminatória, como é prática do banco nos últimos anos. Queremos dizer para o Rial: basta de demissões, respeito a nós bancários e aos nossos direitos”, conclui.
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