06/05/2016

Banco demite e tolera ‘trabalho escravo’ na região; Sindicato prepara denúncia ao Ministério Público



Dirigentes do Sindicato estão vigilantes com relação à política de cortes de postos de trabalho mantida pelo Bradesco. Apesar do lucro de R$ 4,113 bilhões no primeiro trimestre, a instituição financeira demitiu nove trabalhadores na região, nos quatro primeiros meses deste ano. Em todo o ano passado, foram 12 cortes.
 
“O Bradesco triplicou as demissões mensais este ano em nossa região. Mas segue lucrando, sem justificativa para reduzir empregos. Enquanto isso, os bancários estão sobrecarregados e adoecendo. E o atendimento à população só piora”, critica o dirigente Júlio César Trigo.
 
Em consulta feita em outras localidades do Estado, o Sindicato atestou que as demissões na região de Catanduva estão em ritmo mais acelerado. “Resta saber se é devido à economia regional ou uma postura adotada pelos gestores”, sugere, em referência ao diretor Antônio Piovezan e ao gerente regional Paulo Osnir Costacurta.
 
Escravidão no PAB
 
Trabalhar sozinho, sem acesso a sanitários, descanso e com filas constantes. Essa é a realidade vivida pelo único funcionário lotado no PAB – Posto de Atendimento Bancário situado em Vista Alegre do Alto. A rotina do bancário é análoga à escravidão, na visão do Sindicato.
 
O problema agravou-se depois que a unidade foi retirada do interior da empresa, após ataques feitos por bandidos. Assim, contrariando a Resolução do Banco Central nº 2.099/94, o PAB passou a atender qualquer cliente, e não apenas funcionários – as filas tornaram-se frequentes.
 
“Sozinho, o funcionário atende funcionários, caminhoneiros, visitantes e até pessoas de cidades próximas, como Vista Alegre, Taiúva e Pirangi. Se tenta ir ao banheiro, os clientes reclamam. Ao sair para almoçar, há protestos. Ele precisa se esconder para fazer sua refeição. É uma escravidão consentida pelo banco”, denuncia.
 
Retaliação?
 
Assim que o Sindicato começou a apurar o drama dos bancários que passaram pelo PAB, que trabalham sozinhos, com sobrecarga e num prédio sem sanitários – por um período, não havia nem faxineira e o bancário acumulava tal função –, o funcionário que estava em atuação foi desligado pelo Bradesco. A ação soou como uma retaliação às investidas dos dirigentes sindicais.
 
Prazo
 
O presidente Paulo Franco contatou a diretora de Relações Sindicais do Bradesco, Eduara Cavalheiro, que se mostrou surpresa ao tomar conhecimento da situação do PAB.
 
Ela pediu prazo para averiguações. “Vamos até as últimas consequências em defesa dos bancários. Se preciso, apresentaremos a denúncia ao Ministério Público”, afirma Paulo Franco.
Fonte: Seeb Catanduva

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