18/11/2013
Realidade do Itaú está longe das páginas de revista
São Paulo - “Ser responsável dá lucro. Movido a puro pragmatismo, o Itaú Unibanco, maior banco privado do país, mobiliza milhares de funcionários para levar a sustentabilidade para o centro de sua estratégia.”
A definição sobre o Itaú publicada na revista Exame está bem longe da realidade, segundo a dirigente sindical Valeska Pincovai, que reputa impossível uma empresa ser premiada como sustentável enquanto fecha milhares de postos de trabalho.
Mesmo com lucro líquido recorrente de R$ 11,156 bilhões nos nove primeiros meses de 2013, a instituição financeira não para de demitir. Na área de tecnologia, a Atec, as dispensas geram clima diário de tensão, enquanto as atividades são cada vez mais passadas a empresas terceirizadas, o que barateia o custo trabalhista e penaliza clientes e trabalhadores.
O Itaú reduziu o número de empregados de 104.022 em março de 2011 para 87.440 em setembro de 2013 – corte de 16.582 postos de trabalho no período. Ou seja, a extinção de mais de 522 vagas por mês nos 30 meses anteriores.
A publicação da Exame exalta o trabalho de 1,2 mil executivos do banco, que uma vez por ano atuam “por algumas horas na central de atendimento ao cliente do banco”. Para Valeska, diante de um processo difícil vivido pelos funcionários demitidos ou os que estão com medo das dispensas, a atitude dos executivos não merece destaque. “Isso é demonstração de empresa sustentável? Geração de emprego, sim, é sustentabilidade. Executivos abrirem mão de parte dos bônus altíssimos, sim, seria uma atitude de igualdade diante de outros, como o banco gosta de chamar, ‘colaboradores’ do banco”, destaca Valeska.
Para a dirigente, apesar de a empresa ser considerada a mais sustentável do ano pela Exame, os funcionários continuam sofrendo pressão abusiva para o cumprimento de venda de produtos e outras metas, tanto em agências, quanto em centros administrativos. “Também não é sustentável para os clientes, que passam por saia justa quando assediados por seus gerentes desesperados para cumprir metas estipuladas pela gestão do banco e que empurram produtos da empresa. E os bancários ainda precisam lidar com o acúmulo de trabalho, cada vez maior, diante de tantas dispensas. Para lucrar mais, o Itaú está sucateando áreas da empresa, como acontece na tecnologia. Funcionários que trabalham há 20, 30 anos no Itaú, já não reconhecem a empresa que os contratou, são pessoas decepcionadas com a falta de valorização”, ressalta.
Em outra publicação, a edição especial da Carta Capital, o banqueiro Roberto Setubal, do Itaú, ou apenas Roberto, como gosta de ser chamado pelos empregados do banco, apareceu na terceira colocação como melhor líder. Já a IstoÉ Dinheiro, lembra os cinco anos de fusão entre Itaú e Unibanco, e como a empresa continua no topo. “A cada degrau que a instituição financeira sobe no pódio da lucratividade, seus funcionários ficam pra trás, adoecidos com tamanha pressão. Apenas executivos são contemplados com os avanços. O atendimento médico e de apoio aos trabalhadores doentes e para seus familiares é nota zero. Tanto se fala em investimento social, mas apenas como uma grande jogada de marketing, pois dentro da sua própria casa contrata pessoas com deficiência, por exemplo, e as trata com descaso, apenas para cumprir a cota exigida por lei. Além de não oferecer planos de carreira para esses funcionários, eles ainda são descartados de maneira injustificável”, conclui Valeska Pincovai.
Gisele Coutinho
A definição sobre o Itaú publicada na revista Exame está bem longe da realidade, segundo a dirigente sindical Valeska Pincovai, que reputa impossível uma empresa ser premiada como sustentável enquanto fecha milhares de postos de trabalho.
Mesmo com lucro líquido recorrente de R$ 11,156 bilhões nos nove primeiros meses de 2013, a instituição financeira não para de demitir. Na área de tecnologia, a Atec, as dispensas geram clima diário de tensão, enquanto as atividades são cada vez mais passadas a empresas terceirizadas, o que barateia o custo trabalhista e penaliza clientes e trabalhadores.
O Itaú reduziu o número de empregados de 104.022 em março de 2011 para 87.440 em setembro de 2013 – corte de 16.582 postos de trabalho no período. Ou seja, a extinção de mais de 522 vagas por mês nos 30 meses anteriores.
A publicação da Exame exalta o trabalho de 1,2 mil executivos do banco, que uma vez por ano atuam “por algumas horas na central de atendimento ao cliente do banco”. Para Valeska, diante de um processo difícil vivido pelos funcionários demitidos ou os que estão com medo das dispensas, a atitude dos executivos não merece destaque. “Isso é demonstração de empresa sustentável? Geração de emprego, sim, é sustentabilidade. Executivos abrirem mão de parte dos bônus altíssimos, sim, seria uma atitude de igualdade diante de outros, como o banco gosta de chamar, ‘colaboradores’ do banco”, destaca Valeska.
Para a dirigente, apesar de a empresa ser considerada a mais sustentável do ano pela Exame, os funcionários continuam sofrendo pressão abusiva para o cumprimento de venda de produtos e outras metas, tanto em agências, quanto em centros administrativos. “Também não é sustentável para os clientes, que passam por saia justa quando assediados por seus gerentes desesperados para cumprir metas estipuladas pela gestão do banco e que empurram produtos da empresa. E os bancários ainda precisam lidar com o acúmulo de trabalho, cada vez maior, diante de tantas dispensas. Para lucrar mais, o Itaú está sucateando áreas da empresa, como acontece na tecnologia. Funcionários que trabalham há 20, 30 anos no Itaú, já não reconhecem a empresa que os contratou, são pessoas decepcionadas com a falta de valorização”, ressalta.
Em outra publicação, a edição especial da Carta Capital, o banqueiro Roberto Setubal, do Itaú, ou apenas Roberto, como gosta de ser chamado pelos empregados do banco, apareceu na terceira colocação como melhor líder. Já a IstoÉ Dinheiro, lembra os cinco anos de fusão entre Itaú e Unibanco, e como a empresa continua no topo. “A cada degrau que a instituição financeira sobe no pódio da lucratividade, seus funcionários ficam pra trás, adoecidos com tamanha pressão. Apenas executivos são contemplados com os avanços. O atendimento médico e de apoio aos trabalhadores doentes e para seus familiares é nota zero. Tanto se fala em investimento social, mas apenas como uma grande jogada de marketing, pois dentro da sua própria casa contrata pessoas com deficiência, por exemplo, e as trata com descaso, apenas para cumprir a cota exigida por lei. Além de não oferecer planos de carreira para esses funcionários, eles ainda são descartados de maneira injustificável”, conclui Valeska Pincovai.
Gisele Coutinho
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