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A taxa de inflação na capital paulista apresentou forte aceleração entre fevereiro e março, segundo levantamento divulgado nesta uarta-feira, dia 6, pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
No mês passado, o Índice do Custo de Vida (ICV) medido pela instituição registrou variação positiva de 0,91%, o que representou uma aceleração expressiva de 0,50 ponto porcentual ante a elevação de 0,41% de fevereiro. No primeiro trimestre de 2011, o ICV acumulou elevação de 2,62%. Nos últimos 12 meses encerrados em março, a taxa acumulada atingiu o nível de 6,72%.
De acordo com o Dieese, os grupos que mais colaboraram com a inflação em março foram Transporte, com alta de 2,34%; Habitação, com variação positiva de 1,10%; e Alimentação, com avanço de 0,80%. Estes três grupos representam 67,6% dos gastos familiares e, juntos, contribuíram com 0,85 ponto porcentual no cálculo do ICV do mês passado.
No grupo Transporte, cuja participação no ICV foi de 0,37 ponto porcentual, o destaque foi observado principalmente no subgrupo Transporte Individual (alta de 3,17%), uma vez que o Transporte Coletivo (0,60%) variou bem menos. Na parte individual, a alta foi verificada nos combustíveis, cuja taxa passou de 1,28% em fevereiro para 5,20% em março, com aceleração da ordem de 3,92 pontos porcentuais.
Conforme o levantamento da instituição, o etanol mostrou alta acentuada, de 10,20%, embora a gasolina (3,28%) também tenha apresentado forte reajuste. No Transporte Coletivo, o aumento foi visto nos itens metrô (2,69%), ônibus intermunicipais (3,96%) e trens de subúrbio (4,50%).
Quanto à variação de 1,10% do grupo Habitação, o Dieese constatou que ela foi mais acentuada no subgrupo Locação, Impostos e Condomínio (1,82%), seguido de Operação (0,98%) e, com menor taxa apurada, Conservação do Domicílio (0,21%). No período, apenas um item deste grupo, de serviços domésticos (4,17%), colaborou com 0,12 ponto porcentual no cálculo da taxa deste mês.
Na Alimentação, o levantamento do Dieese mostrou que o subgrupo Produtos in Natura e Semielaborados, com uma alta de 1,36%, foi o grande destaque, com avanços expressivos nos segmentos de Peixes e Frutos do Mar (30,61%), Legumes (10,34%) e Raízes e Tubérculos (7,53%), enquanto a parte de Hortaliças apresentou recuo de 3,45% e a de Carnes caiu 1,98%.
Entre os itens do subgrupo, o camarão apresentou aumento considerado pela instituição como "extraordinário", de 76,67%, em virtude da proibição da pesca nesta época do ano, segundo o Dieese. Também mereceram maiores destaque as altas do tomate (18,54%), da vagem (15,94%) e do quiabo (13,45%), entre os legumes; da cebola (15,15%) e da batata (9,26%), entre as raízes e tubérculos; e do feijão (6,02%), na parte de Grãos, que apresentou no mês uma variação positiva de 1,80%.
Quanto aos demais grupos pesquisados pelo Dieese, também apresentaram elevação em março os conjuntos de preços de Despesas Diversas (1,56%), Vestuário (0,41%) a Saúde (0,24%), Educação e Leitura (0,16%) e Despesas Pessoais (0,12%). No campo das quedas, Recreação mostrou recuo de 0,08% e o conjunto de Equipamentos apresentou baixa de 0,13%.
Inflação foi maior para os mais ricos
A inflação para a população de maior poder aquisitivo foi mais expressiva do que a registrada para a de menor renda na capital paulista em março. Enquanto a variação média do indicador foi de 0,91% em São Paulo, o índice específico para os mais ricos registrou taxa de 1,03% e o que engloba o custo de vida dos mais pobres avançou 0,66%.
Além do ICV geral, o Dieese calcula mensalmente mais três indicadores de inflação, conforme os estratos de renda das famílias da capital paulista.
O primeiro grupo corresponde à estrutura de gastos de um terço das famílias mais pobres, com renda média de R$ 377,49. O segundo contempla os gastos das famílias com nível intermediário de rendimento (média de R$ 934,17). E o terceiro reúne as famílias de maior poder aquisitivo (renda média de R$ 2.792,90).
No primeiro, o ICV de março foi 0,23 ponto porcentual maior do que a variação positiva de 0,43% do mês anterior. No terceiro, de renda maior, a taxa de inflação foi 0,62 ponto porcentual superior à de fevereiro. No grupo intermediário, o ICV passou de 0,40% para 0,75%.
Conforme avaliação do Dieese, a expressiva alta média de 2,34% apresentada pelo grupo Transporte teve como principal origem os combustíveis e este detalhe afetou as famílias de forma crescente com o poder aquisitivo. Com isso, o impacto para as famílias do primeiro estrato foi de 0,16 ponto porcentual; para as dos segundo foi de 0,33 ponto; e para as do terceiro foi de 0,43 ponto porcentual.
A instituição também destacou que, da mesma forma que Transporte, o avanço médio de 1,10% do grupo Habitação, que teve origem na alta dos Serviços Domésticos, afetou as famílias de forma crescente com seu poder de compra. Para as do primeiro estrato, o impacto foi de 0,16 ponto porcentual; para as do segundo, foi de 0,18 ponto; e, para as do terceiro, de 0,30 ponto porcentual.
Quanto à Alimentação, cuja alta média foi de 0,80%, as famílias mais pobres sentiram mais o impacto. As contribuições foram as seguintes: primeiro estrato (0,30 ponto), segundo estrato (0,19 ponto) e terceiro estrato (0,23 ponto porcentual).
De acordo com o Dieese, as somas das contribuições desses três grupos responderam, praticamente, pelas taxas inflacionárias de cada estrato de renda: 0,62 ponto porcentual para o primeiro estrato; 0,70 ponto para o segundo; e 0,96 ponto porcentual para o terceiro. Os demais grupos pouco variaram, não afetando as famílias de forma distinta, segundo a instituição.
Fonte: Agência Estado
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