10/05/2023

Entidades sindicais cobram do Santander postura anunciada nas propagandas

A Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander se reúne com a direção do banco, no dia 22 de maio, para debater igualdade de oportunidades entre homens e mulheres. A reunião ganhou ainda mais importância após a divulgação de campanha publicitária do banco para o Dia das Mães.

O Santander informa um dado PNAD Contínua de que as mulheres têm renda mensal 21% menor do que os homens. Por esta razão, o banco informa que vai conceder para as mulheres desconto na mesma porcentagem em produtos bancários como seguro de vida, parcelamento de fatura e anuidade de cartões. No vídeo não fica claro o período do desconto.

Lucimara Malaquias, coordenadora da COE Santander, afirma que o banco deve agir para além da publicidade no mês das mães. “Está mais do que na hora de o banco retomar seriamente, por exemplo, o debate sobre a licença menstrual, que foi pauta de reivindicação na Campanha Nacional dos Bancários 2022 [campanha salarial]. Mas na ocasião, o banco alegou que ‘ainda não há ambiente interno para conduzir esta questão, porque não há maturidade suficiente das bancárias brasileiras para implementar a medida’, contrariamente ao que ocorre na Espanha", destaca a dirigente.

Discriminação de gênero na hierarquia do Santander

Outro ponto que chama a atenção na peça publicitária que está sendo divulgada é o seu final, quando se afirma que há mais de 10 anos não há diferença salarial entre homens e mulheres dentro do Santander.

Segundo Lucimara, esta diferença de fato diminuiu ao longo dos últimos anos e pode não ser observada quando homens e mulheres exercem a mesma função, mas o problema da discriminação de gênero persiste na ascensão na carreira. O último Relatório de Sustentabilidade emitido em 2022 pelo Santander aponta que em 2021 as bancárias ocupavam 61% dos cargos na área operacional e os homens 39%. Com relação aos cargos de diretoria, apenas 25% eram ocupados por mulheres e 75% por homens.

“Os dados revelam que, por mais avanços que tenham ocorrido nos últimos anos, o problema da discriminação de gênero persiste no banco. Na Espanha, país de origem do conglomerado, uma série de medidas sobre igualdade salarial e de oportunidades entre homens e mulheres já são leis cumpridas pela mesma instituição financeira. Mais do que palavras e ações de marketing, queremos também para funcionárias brasileiras atitudes concretas para a construção de um mercado de trabalho justo e equilibrado”, reforça o secretário geral do Sindicato, Júlio Trigo.

Fim da desigualdade

De acordo com dados apresentados no Fórum Econômico Mundial, o mundo precisará de 257 anos para superar esta desigualdade de gênero no trabalho. “Queremos essa igualdade já! Somos metade da população mundial, em alguns setores financeiros somos a maioria e nada justifica um salário diferenciado”, cobra Rita Berlofa, funcionária do Santander e secretária de Relações Internacionais da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).
Fonte: Contraf-CUT, com edição de Seeb Catanduva

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