11/03/2022

Pesquisa: cresce o número de empregados com problemas de saúde relacionados ao trabalho na Caixa

 
As condições de saúde dos empregados da Caixa têm piorado de 2018 até agora. É o que mostram os dados da pesquisa da Fenae de 2021, comparados aos resultados do levantamento realizado em 2018. Embora a metodologia seja distinta, as pesquisas se relacionam e há dados possíveis de serem comparados - e os resultados se mantiveram críticos ou pioraram.

Na pesquisa de 2021 houve algumas mudanças de medidas e reformulações em perguntas para dar mais robustez e precisão nos resultados. E o que se observa, a partir da análise desses dados, é que as condições de saúde e trabalho dos empregados têm piorado.

Em 2018, pouco mais de 30% dos empregados que responderam à pesquisa relataram problemas de saúde relacionados ao trabalho. Em 2021, o número ultrapassou 40%.
 

A pressão também aumentou. Em 2018, mais de 30% responderam que “às vezes” sentia pressão no trabalho; no levantamento de 2021, esse percentual chega próximo a 25%. No entanto, a percepção de “sempre” sentir pressão aumentou de 20% para mais de 35%.

Há algum tempo o Sindicato tem denunciado à direção da Caixa que as atuais condições de trabalho, impostas pelo novo governo e direção do banco, tem levado os empregados ao adoecimento. 

"O que temos visto é que a forma de gestão atual da Caixa é o grande fator de risco. E é preciso analisar, agora, de que maneira o modo e os instrumentos de gestão do banco estão afetando os trabalhadores”, apontou o diretor do Sindicato, Antônio Júlio Gonçalves Neto.

"A luta em defesa da Caixa 100% Pública, da sua função social, dos direitos dos empregados e contra o fatiamento do banco é bandeira antiga do Sindicato. Frente a tantos ataques e ameaças, faz-se ainda mais necessária a nossa mobilização. Se concretizados os projetos de desmonte e privatização do banco público, perdem os empregados, a população e o país," alerta o diretor.
 


Para a pesquisadora e doutora em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações, Fernanda Duarte, o que “salta aos olhos” na pesquisa é o adoecimento mental dos empregados, que já ultrapassa o de saúde física, como LER/Dort (Lesão por Esforço Repetitivo/ Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho).

“Na década de 1980, quando começaram os primeiros estudos sobre a saúde do trabalhador, o assunto principal era LER e Dort. Havia questões de saúde mental no trabalho, mas elas não prevaleciam. Isso a gente está vendo agora. A maioria dos afastamentos, ou de quem não se afasta, mas trabalha doente, são por questões de saúde mental”.
 


A pesquisa de 2021 da Fenae corresponde à análise de Fernanda Duarte. O adoecimento mental é o principal motivo de afastamento dos trabalhadores da ativa. Dos 6% que responderam estar afastados por licença médica, 33% são por depressão, 26% por ansiedade, 13% pela síndrome de Burnout e 11% por Síndrome do Pânico.

Outro dado que preocupa a Fenae é a quantidade de bancários que trabalham adoecidos. Dos empregados que tiveram problemas de saúde mental relacionados ao trabalho, 63% não se afastaram do trabalho com atestado médico.

Comparação com a pesquisa de 2019 - A pesquisa de 2018 buscou avaliar as condições de saúde dos empregados; no estudo de 2019, o objetivo era mapear as percepções sobre qualidade de vida e situação financeira. A mais recente, de 2021, pretendeu investigar as condições de saúde e relação do trabalho dos ativos e aposentados. Entre as pesquisas de 2019 e 2021 foi possível comparar o crescimento de tratamentos psiquiátricos e psicológicos.

Em 2019, aproximadamente 10% dos empregados informaram fazer tratamento psiquiátrico. Em 2021, o percentual de quem faz este tipo de tratamento passar de 20% - mais que o dobro de trabalhadores.
 

Em relação ao tratamento psicológico, também houve aumento. Em 2019, eram cerca de 10%; em 2021, pulou para quase 25%.
 
Fonte: Fenae, com edição de Seeb Catanduva

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