15/02/2022
Lucro dos bancos disparam, enquanto o endividamento das famílias aprofunda no Brasil
O lucro dos três maiores bancos privados brasileiros cresceu em média 30,4% em 2021. Com isso, os ganhos de Itaú, Bradesco e Santander, somados, alcançou a astronômica cifra de R$ 69,4 bilhões no período. Esse desempenho é sustentado por números positivos em praticamente todos itens, em especial o das carteiras de créditos, que subiram 16,7% na média das três instituições e alcançaram a casa dos R$ 2,4 trilhões.
O ponto negativo dessa questão é que se trata de crédito a pessoa física, um reflexo do empobrecimento da população. O quadro é bastante diferente do que ocorreu em 2020, quando a carteira de crédito também cresceu, porém com recursos direcionados mais a micro e pequenas empresas, o que contribuiu de modo importante para o aumento das atividades econômicas.
Outro ganho de destaque das empresas foi com prestação de serviços e tarifas. Com elevação de 9,3% (Itaú) e de 4,9% (Bradesco e Santander), essa rubrica foi responsável pela arrecadação de R$ 90,2 bilhões, valor que superou com folga as despesas de pessoal – no caso do Santander, mais que o dobro gasto com seus trabalhadores (210,7%). No do Itaú foi 74,2% maior, e do Bradesco, 28,7%.
No conjunto, os três bancos contrataram 5.356 novos funcionários, ainda que no Bradesco o saldo tenha sido de 2.301 demissões. Esse dado, porém, não é de todo positivo, pois a maioria dos postos abertos foram voltados à área de tecnologia, pelo investimento em atendimento digital, processo que resultou no fechamento de 629 agências físicas.
O desempenho, verificado pela demonstração financeira das instituições, ocorre num momento em que a economia do país vem sendo marcada pela seguida elevação dos juros, recurso usado pelo Banco Central (BC) para tentar conter a alta da inflação. Assim, os números favoráveis aos três bancos acompanham e aprofundam a degradação das condições financeiras do trabalhador e das famílias brasileiras. Segundo o BC, por exemplo, o uso do rotativo do cartão de crédito, valor que a pessoa não consegue quitar de sua fatura mensal, sobre o qual incidem juros de mais de 300% anuais, em 2021 foi o maior nos últimos 10 anos.
“Pagar esses juros absurdos significa transferir renda do povo para os mais ricos, para os acionistas das grandes empresas, para as mãos da elite que corresponde a 1% da população e já concentra 50% de toda a riqueza do país; isso explica por que aumentou tanto a concentração de renda no Brasil”, explica Juvandia Moreira, presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT). “O endividamento nesse patamar é um claro sinal do alto desemprego, do aumento do custo de vida e da difícil situação social em que o Brasil foi lançado nos últimos anos. Esse é o crédito ruim, por que a pessoa ou a família não tem renda suficiente para sua vida e acaba se endividando mais”, completa a presidenta.
Já entre aqueles que mantém seu posto de trabalho, a renda em 2021 tocou o pior nível desde 2012, ou seja, R$ 2.444 mensais em média para contratados a partir de 14 anos. Nesse quadro, o endividamento das famílias alcançou alarmantes 50,41% de todos os seus rendimentos, dos quais 27,87% tiveram de ser gastos com os serviços dessa dívida com o Sistema Financeiro. O número de famílias que passaram a viver nessa difícil situação também cresceu muito no período, com elevação de 10 pontos percentuais, atingindo 76,1% de todos os lares brasileiros.
"Os bancos privados têm investido massivamente em propagandas em que se colocam como instituições solidárias, que se importam com a grave crise econômica e social que os brasileiros enfrentam. Mas eles são responsáveis pelo agravamento desse cenário de crise. Da população, cobram altas taxas de juros. Para os empregados, mantém uma gestão opressora com cobrança de metas, assédio moral, que têm levado bancários ao adoecimento, e uma política perversa de demissão, que já jogou milhares de trabalhadores na fila do desemprego. Estamos lutando para que os bancários sejam respeitados e as demissões encerradas”, enfatiza o presidente do Sindicato dos Bancários de Catanduva e região, Roberto Vicentim.
SINDICALIZE-SE
MAIS NOTÍCIAS
- Por unanimidade, STF reconhece existência de racismo estrutural no Brasil. Entenda
- Novo salário mínimo será de R$ 1.621 em 2026
- Super Caixa: Ainda dá tempo de assinar o abaixo-assinado da campanha Vendeu/Recebeu
- Justiça indefere pedido do Santander contra decisão da Previc sobre retirada de patrocínio
- Com início do recesso no Congresso, movimento sindical bancário projeta para 2026 atuação nas pautas de interesse dos trabalhadores
- O caminho do dinheiro: entenda quem se beneficia com o não pagamento das comissões pela venda de produtos na Caixa
- Saiba como será o expediente dos bancos no Natal e no Ano Novo
- Aposentados bancários e de diversas categorias da CUT participaram da 6ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, em Brasília
- CEE cobra mudanças no Super Caixa
- Sindicato realiza entrega de doações arrecadadas para a Campanha Natal Solidário, em parceria com o projeto Semear
- Saiba o que é preciso para a redução de jornada sem redução salarial passar a valer
- COE Santander cobra transparência sobre a reorganização do varejo e respeito à representação sindical
- Salário mínimo terá quarto aumento real seguido após superar fase 'menor abandonado'
- Sindicato apoia a Chapa 2 – Movimento pela Saúde na eleição do Conselho de Usuários do Saúde Caixa
- Tentativa de silenciamento ao padre Júlio Lancelotti gera indignação e solidariedade