31/01/2022
Grandes bancos fecham 15,4 mil empregos na pandemia
Além de fechar 2.189 agências bancárias, os 5 maiores bancos do país encerraram 15,4 mil postos de trabalho durante a pandemia de covid-19. A redução ocorre em meio ao aumento dos canais digitais de pagamento, mas, segundo sindicalistas, aumenta a sobrecarga de trabalho dos bancários.
Dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) mostram que Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú e Santander somavam 389.179 trabalhadores em julho de 2021, último dado disponível. No fim de 2020, no entanto, eram 2.532 trabalhadores a mais e no fim de 2019, 15.406.
A maior redução foi no Bradesco. O banco fechou 9.967 postos de trabalho em 2020 e 2021 e também registrou o maior número de fechamento de agências da pandemia de covid-19: 1.527.
A exceção foi o Itaú, que terminou o 1º semestre de 2021 com 3.920 funcionários a mais do que o registrado no fim de 2020. O Dieese diz, no entanto, que o aumento é resultado da aquisição da companhia de tecnologia Zup e do aumento da área de tecnologia do banco.
Já a Caixa Econômica Federal acumula um saldo negativo de 294 funcionários na pandemia de covid-19, mas deve reverter esse resultado em breve. O banco público reduziu o quadro de pessoal em 2020, mas fez 7.704 contratações em 2021 para suprir a demanda do auxílio emergencial e deve contratar mais 1.000 funcionários neste mês. A Caixa ainda pretende abrir 268 novas agências em 2022.
Tecnologia x Custos
A redução do número de trabalhadores bancários ocorre em meio ao enxugamento da rede de atendimento presencial, que é justificado pelo aumento do uso de canais digitais de pagamento. A Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) diz que as demissões ocorreram porque os bancos têm tentado reduzir as despesas de pessoal para buscar maior eficiência e rentabilidade.
“Na pandemia, houve filas em bancos do Brasil inteiro, porque a população precisou ser atendida para receber pagamentos de programas sociais, renegociar dívidas ou tomar crédito. Mas, os bancos fecharam agências e não cumpriram o compromisso de manter os funcionários. Negociamos a estabilidade no início da pandemia, mas as demissões começaram em julho de 2020”, afirmou a presidente da Contraf-CUT, Juvandia Moreira Leite.
Segundo o Dieese, a demissão aumenta a sobrecarga dos trabalhadores bancários. Estudo do Dieese diz que cada trabalhador dos 5 maiores bancos do país é responsável por, em média, 1.1160 clientes. Antes da pandemia, essa média era de 968 clientes/por trabalhador. Hoje, a maior concentração de clientes por trabalhador é da Caixa (1.729). A menor, a do Banco do Brasil (807).
Na pandemia, os bancos tiveram que ampliar o home Office, atendendo uma reivindicação dos bancários para proteção das vidas contra a Covid-19. Apesar de necessário, esta mudança serviu como um grande laboratório para as estratégias dos bancos de avançar com plataformas digitais e reduzir custos administrativos com aluguéis de espaços comercais, energia elétrica e despesas com empregados. Fato é que o setor mais lucrativo do país extingue empregos aos milhares para acumular ainda mais dinheiro.
"Neste período de pandemia tem sido necessário o isolamento social, porque a vida está em primeiro lugar e nem achamos que é o momento para o retorno ao trabalho presencial. Mas, é verdade também que os banqueiros já tinham este projeto de usar cada vez mais as tecnologias para aumentar seus lucros, fechando agências e demitindo trabalhadores, sem nenhum compromisso social, engrossando os mais de 14 milhões de desempregados que o pais possui hoje”, acrescentou o presidente do Sindicato dos Bancários de Catanduva e região, Roberto Vicentim.
"Os banqueiros seguem com lucros altos e tiveram uma generosa economia nas despesas administrativas. É o momento do setor que mais lucra no Brasil exercer de fato a responsabilidade social, tão enfatizada na sua publicidade, e oferecer a devida contrapartida para a sociedade brasileira na forma de geração de empregos. Diante desse cenário, nossa luta seguirá contra demissões, por remunerações valorizadas e pelo trabalho digno que respeite a saúde e segurança dos trabalhadores", completou Vicentim.
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