10/11/2021
Lucro do Banco do Brasil cresce 48% em 2021, e empresa fecha 7 mil postos de trabalho em 12 meses
Nos primeiros nove meses de 2021, o Banco do Brasil atingiu lucro líquido ajustado de R$ 15,09 bilhões, crescimento de 48,1% em relação ao mesmo período de 2020. No terceiro trimestre de 2021, o lucro foi de R$ 5,1 bilhões, com crescimento de 2% em relação ao segundo trimestre deste ano.
Ao final de setembro de 2021, o BB contava com 85.069 funcionários, 7.037 postos de trabalho a menos que em setembro de 2020, em função, principalmente, do desligamento de funcionários no escopo do Programa de Adequação de Quadros (PAQ) e do Programa de Desligamento Extraordinário (PDE).
Em 12 meses, foram fechadas 393 agências e 66 postos de atendimento bancário. Já o total de clientes cresceu 3,4 milhões no mesmo período, superando os 76,8 milhões.
O fechamento de agências e de postos de trabalho nos 12 meses encerrados em setembro é a continuação de um movimento observado nos últimos anos no Banco do Brasil. No terceiro trimestre de 2016, o BB tinha 64,69 milhões de clientes, número que aumentou para os atuais 76,8 milhões. Um crescimento de 19%. A quantidade de trabalhadores, por sua vez, foi reduzida em 22% no mesmo período, passando de 109 mil para 85 mil. Os dados são dos Demonstrativos de Resultados do próprio BB.
O número de agências também diminuiu substancialmente entre o terceiro trimestre de 2016 e o terceiro trimestre de 2021, passando de 5.430 para 3.977. Uma redução de 26,8%.
“Sob o governo Bolsonaro, o Banco do Brasil continua seguindo o mesmo caminho trilhado pelo governo Temer, e segue encolhendo de tamanho e fechando postos de trabalho e de agências, em um movimento de enfraquecimento da instituição financeira frente aos bancos privados, o que é inaceitável, já que, como empresa pública, o BB deveria justamente tomar o rumo contrário, e servir de instrumento anticíclico de combate à crise econômica e social que se abateu sobre o Brasil em face da pandemia do novo coronavírus e das políticas de orientação neoliberal equivocadas do ministro da Economia, Paulo Guedes”, destacou Getúlio Maciel, representante da Comissão de Empresa BB e dirigente sindical do Fetec-CUT/SP.
As receitas com prestação de serviços e tarifas bancárias aumentaram 1% em um ano, alcançando R$ 21,5 bilhões em setembro, enquanto as despesas com pessoal, incluindo o pagamento da PLR, cresceram 7,7%, totalizando R$ 17,6 bilhões. Assim, a cobertura dessas despesas pelas receitas secundárias do banco foi de 122,3% nos nove meses de 2021.
"Apesar da lucratividade crescente, o banco reduziu o número de funcionários, agências e postos de atendimentos, gerando sobrecarga de trabalho e adoecimento dos trabalhadores com a cobrança de metas abusivas. Ao aumentar a arrecadação com tarifas e prestação de serviços ao passo que fecha unidades por todos o país, o banco age como um banco privado e prejudica também a população. Os dados demonstram que o BB tem totais condições de contratar mais, não só visando melhorar as condições de trabalho, mas também para fortalecer a empresa pública frente à concorrência privada, além de prestar um serviço melhor à população e ajudar a diminuir o desemprego que atinge mais de 13 milhões de brasileiros", ressalta o presidente do Sindicato dos Bancários de Catanduva e região, Roberto Vicentim.
Mais números do lucro do Banco do Brasil
O retorno sobre o patrimônio líquido (RPSL) ajustado alcançou 14,2%, aumento de 3,9 pontos percentuais em 12 meses.
A carteira de crédito ampliada registrou alta de 11,4% em 12 meses e de 6,2% em relação ao trimestre imediatamente anterior, totalizando R$ 814,2 bilhões.
O crescimento foi puxado pela carteira de Pessoa Física, que alcançou R$ 254,2 bilhões (+14,2% em 12 meses), de Agronegócio, com um total de R$ 225,8 bilhões (+18,5%) e de MPME, que registrou variação de 24,6% em 12 meses, totalizando R$ 89,7 bilhões, influenciada pelos desembolsos nas linhas do Pronampe.
Grandes empresas e Governo registraram crescimento médio de 1,1% na mesma comparação, totalizando R$ 204,7 bilhões.
As despesas com provisão para créditos de liquidação duvidosa (PCLD) ampliada ficaram 44,4% menores no período, totalizando R$ 9,3 bilhões até setembro de 2021.
O índice de inadimplência para atrasos superiores a 90 dias foi de 1,82%, abaixo da inadimplência do Sistema Financeiro Nacional (2,30%) e com redução de 0,61 pontos percentuais em relação a setembro de 2020.
"A história do desenvolvimento de nosso país se confunde com a do Banco do Brasil, a primeira instituição financeira brasileira. Os investimentos para a infraestrutura, o desenvolvimento industrial, do setor de serviços, comércio e agropecuário foram e são feitos pelo Banco do Brasil. Por seu papel social, ele chega onde os bancos privados não tem interesse em atuar. Por isso, a sua defesa deve ser encampada por toda a sociedade. É preciso unir forças para fazer do BB um banco que seja instrumento para reduzir ou acabar com a desigualdade social, um banco voltado para as necessidades do povo que mais precisa, crédito com jutos baixos beneficiando os pequenos produtores. Um banco que responda às necessidades da classe trabalhadora, que não trate os seus próprios trabalhadores como números. Esse é o banco do Brasil que nós queremos", conclui Vicentim.
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