09/11/2021
COE e Bradesco retomam mesa de negociação da minuta de reivindicações
A Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Bradesco se reuniu com o banco no final da tarde de sexta-feira (5) para debater a minuta de reivindicações específicas dos funcionários do banco. “Estamos sem negociação desde antes da pandemia, há praticamente dois anos”, lembrou a coordenadora da COE, Magaly Fagundes, durante o encontro.
Emprego, saúde e segurança são os principais pontos da minuta. O documento foi construído de forma coletiva e atualizado no Encontro Nacional dos Trabalhadores do Bradesco, que ocorreu em agosto.
O banco assumiu o compromisso de, ainda nesta semana, entre 8 e 12 de novembro, enviar uma proposta de calendário de negociação da minuta específica e sobre os seguintes pontos abordados também no encontro:
Teletrabalho
O rodízio de teletrabalho na rede de agências acabou no dia 4 de outubro. Recentemente o Comando Nacional dos Bancários divulgou o resultado da 2ª Pesquisa de Teletrabalho da Categoria Bancária. “Com base neste material, o Diesse (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) está preparando um relatório com o recorte do Bradesco. A partir dele, precisamos ajustar o acordo à realidade das funcionárias e funcionários do banco”, ponderou Magaly, completando que é preciso ainda rever o acordo de teletrabalho que foi assinado em 2020.
Planos de Saúde
Antes da pandemia, os representantes dos funcionários haviam levantado uma série de questões relacionadas à ampliação dos planos Saúde e Dental. Na ocasião, antes do lockdown, o banco pediu 90 dias para buscar soluções. Na reunião, portanto, os sindicatos pediram a retomada da discussão para rever os problemas com a rede de credenciados pelas federações e seus respectivos sindicatos.
Igualdade de oportunidades
Os representantes dos trabalhadores também se manifestaram sobre a necessidade de o banco apresentar propostas para alcançar a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, brancos e negros, além da equidade salarial entre todos e todas.
Reestruturação
Apesar de o Bradesco não anunciar, oficialmente, que há um programa de reestruturação em andamento, as demissões acontecem ao mesmo tempo em que o banco vem transformando agências em unidades de negócio (UN), estruturas sem caixas e com atendimento automatizado.
“De janeiro até agora, segundo levantamento que fizemos nas bases dos sindicatos, passamos de 3 mil demissões. Isto tem a ver com a implementação das unidades de negócios?”, questionou Magaly. Considerando doze meses, encerrados em setembro de 2021, o Bradesco eliminou cerca de mil agências, resultando no corte de mais de 8.100 postos de trabalho.
Os representantes do banco argumentaram que as UNs são “uma estratégia de negócio que respondem a uma demanda de mercado”, processo que já vinha ocorrendo, mas que foi “acelerado pela pandemia” e que “não existe, neste momento, reestruturação”.
Os representantes dos trabalhadores rebateram: há cidades com 300 mil habitantes onde o banco deixou apenas uma agência para atender todo o público, sobrecarregando os funcionários.
A coordenadora da COE pontuou ainda que os sindicatos receberam manifestações de funcionários preocupados com a segurança. “As UNs não têm tanto movimento como as agências, mas há um caixa eletrônico que acaba expondo o funcionário”, destacou.
Em relação ao aumento das demissões, os porta-vozes da direção do Bradesco disseram que parte dos desligamentos “são de pessoas que estão pedindo demissão para trabalhar em outras áreas, indústrias, ou abrir negócio próprio”.
Os representantes dos trabalhadores rebateram: “As demissões não tem a ver com o descontentamento dos funcionários com a situação do trabalho, plano de carreira e salários?”, perguntou Magaly. “Quando olhamos para os números, ficamos um pouco assustados, porque o Bradesco sempre defendeu ser ele um banco de carreira”, completou a coordenadora da COE.
"Nós, representantes dos trabalhadores, estamos muito preocupadas com a quantidade de demissões. Além de prejudicar diretamente os demitidos, também acarreta em mais sobrecarga de trabalho e adoecimento dos trabalhadores. O Bradesco precisa se preocupar com as condições de trabalho, haja vista o número alto de bancários pedindo desligamento, que aponta para esse descontentamento por parte dos trabalhadores", destacou o secretário geral do Sindicato dos Bancários de Catanduva e região, Júlio César Trigo.
Para os representantes dos trabalhadores, o fechamento de agências e a redução do número de funcionários, da forma como estão ocorrendo, precisam ser esclarecidos pelo Bradesco. Durante o encontro eles destacaram a necessidade de o banco apresentar em breve uma resposta à minuta de reivindicações que abre, justamente, com o pedido para que a empresa institua “medidas que visem aumentar o número de empregados, adequando o seu quadro funcional à praça e ao porte das agências, de modo que não ocorra sobrecarga de trabalho e o tempo de espera no atendimento dos clientes e usuários não seja superior a 15 minutos”.
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