13/08/2021

Caso Santander mostra que o mercado está de mãos dadas com golpe contra democracia

Em relatório assinado pelo economista Victor Candido, o banco Santander mostra que compartilha das ameaças e objetivos golpistas de Jair Bolsonaro para evitar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022. 

Enviado a clientes e operadores financeiros do banco espanhol no Brasil, o comunicado diz: “Se o sistema político e judicial, se o establishment político brasileiro acha cômico o governo Bolsonaro, o retorno de Lula e seus aliados representa uma ameaça bem mais séria. Hoje, Lira é o presidente da Câmara, mas sob um governo do PT, seria um modesto aliado abrigado em um cargo menor”.

Em seu trecho inicial, o executivo afirma que “(…) é preciso reconhecer um problema na eleição de 2022: a perspectiva de retorno ao poder da máquina de corrupção do governo Lula”. O texto foi enviado por e-mail a clientes e operadores financeiros.

O economista do Santander vai além: “Em suma, ninguém apoiará um golpe em favor de Bolsonaro, mas é possível especular sobre um golpe para evitar o retorno de Lula. Ele era inelegível até outro dia, por exemplo. Pode voltar a sê-lo”.

O relatório provocou indignação no PT, no momento em que Lula lidera todas as pesquisas de intenção de voto, desde que foi inocentado de todas as acusações contra ele e teve seus direitos políticos restabelecidos. “Não há dúvida de que o e-mail faz parte de uma análise que o Santander envia para muitas pessoas nos mercados”, afirmou um economista do partido à revista Fórum. Segundo a reportagem, o PT estuda a possibilidade de processar o banco pela defesa de um golpe.

O capitalismo selvagem, o liberalismo e o fascismo estão de mãos dadas na declaração do economista Victor Candido, do banco Santander. Essa é a avaliação da presidenta nacional do PT, a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), e do deputado José Guimarães (PT-CE).

“Declaração de economista do Santander sobre barrar Lula mostra como o mercado está de mãos dadas com o golpe pretendido por Bolsonaro e cia. É a junção do capitalismo selvagem com o fascismo, a pior combinação possível e a sociedade que se dane. Deplorável!”, afirmou Gleisi.

“UM ESCÂNDALO! Informações revelam que um economista do Santander no Brasil defende um golpe para evitar que LULA seja PRESIDENTE. Esse casamento entre o liberalismo e o fascismo está matando o Brasil. Sem nenhum pudor, pregam golpes, retiram direitos, renda e emprego do povo”, disse o deputado em sua conta no Twitter.

Já o escritor Frei Betto defendeu o boicote ao Santander, por conta de sua manifestação que flerta com o fascismo: “Pra não financiar o golpismo, mudem de banco”.

“Vale lembrar que, em julho de 2014, o Santander enviou a seus clientes de alta renda um extrato que dizia que a economia iria piorar caso Dilma fosse reeleita. Portanto, o que aconteceu agora está longe de ser a 1ª vez que o #SantanderGolpista tenta se intrometer nas eleições do Brasil”, escreveu a ativista feminista Lola Aronovich.

O lucro do Santander no Brasil foi de R$ 4,1 bilhões apenas no segundo trimestre, apesar das graves crises de saúde, social e econômica que o país atravessa.

“Após inúmeros ataques aos trabalhadores e desrespeito de seus dirigentes ao país em que lucra bilhões, é fundamental que a instituição se posicione oficialmente em defesa da democracia, pilar básico de uma sociedade civilizada”, ressaltou Lucimara Malaquias, coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander.

Ao ser questionado, o Santander informa que Victor Cândido se trata de um consultor sem vínculo com o banco.
Fonte: CUT, com informações da revista Fórum

SINDICALIZE-SE

MAIS NOTÍCIAS