18/03/2021

Em meio a pandemia, Itaú apresenta programa de remuneração; COE denuncia falhas



A Comissão de Organização dos Empregados (COE), que representa o Sindicato na mesa de negociação com o Itaú, reuniu-se com a direção do banco, na tarde de quarta-feira (17), para debater o GERA, programa de remuneração variável do banco que substitui o Agir.

O Itaú iniciou a reunião com uma apresentação do programa, que está em fase de testes em agências de Guarulhos (SP) e do Rio de Janeiro. O GERA aborda os pilares de autonomia, reconhecimento, simplificação e colaboração. O pagamento é mensal e semestral. No mensal são consideradas a produção do funcionário e a satisfação do cliente e no semestral é variável, considerando a questão financeira e a satisfação do cliente.

Para o Itaú, o GERAé um Programa melhor que o Agir, porém os representantes dos trabalhadores avaliam que as metas pioraram, tornando-se inatingíveis, e – com elas – vem o aumento do assédio moral, de demissões e de afastamentos médicos. “O piloto está acontecendo de maneira precária, em agências com falta de funcionários, o que ao meu ver impossibilita uma análise correta do projeto”, afirmou Márcia Basqueira, diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e membro da COE.

Ela relatou que os funcionários estão apavorados com a mudança de função, pois têm de aprender, executar, bater meta, atender cliente e tudo durante a pandemia do coronavírus (Covid-19). “Nas agências pequenas, na ausência do GA ou do líder de negócio, o GGA vai operacionalizar a agência, temporizar os cofres, abastecer os caixas eletrônicos, contar o numerário oriundo dos diversos caixas eletrônicos da agência, além de entregar a meta do VAI (vendas atendimento Itaú) e ainda entregar a grade do GERA? Sozinho?”, questionou Márcia.

Para piorar, uma das técnicas de treinamento é o conceito carrapato, no qual um trabalhador tem de ficar o tempo todo acompanhando o trabalho do colega, sem o distanciamento adequado. “Em muitos locais os gerentes estão sendo orientados a não relatarem casos de Covid-19 para manterem as agências abertas e conseguirem bater as metas e, assim, não serem demitidos. Eles chegam a fechar as agências para os clientes e mantêm os trabalhadores no local”, completou Valeska Pincovai, diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e também membro da Comissão de Organização dos Empregados.

Outro problema apresentado pelos bancários são as senhas que os clientes têm que pegar para serem atendidos, que são por segmento e quando não há ninguém para ser atendido, os bancários da Área Operacional precisam levantar e ir até o senheiro retirar a papeleta para dar baixa e não se prejudicar na meta. “Estamos recebendo denúncias de que aumentaram as metas de abertura de contas e de renegociação, dobraram as de empréstimo e as de Giro passaram de 300 mil para 1 milhão, um verdadeiro absurdo, se tornaram inalcançáveis”, avalia Maria Izabel, diretora do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro.

Os membros da COE apontaram ainda que, com as mudanças nos cargos, os atendentes estão tendo que abrir caixas e não estão recebendo treinamento adequado, o que gera diferenças e outros problemas técnicos.

"Neste momento em que o país atravessa a pior fase da pandemia de Covid-19, batendo recordes de mortes a cada dia, o Itaú deveria assumir sua postura de banco responsável com a vida de seus trabalhadores em vez de só se preocupar em contabilizar lucros. Além do pânico de ter de viver em meio a este cenário, a cobrança de metas abusivas e os problemas diários tornam a vida dos trabalhadores ainda mais difícil. Há relatos de bancários trabalhando sob pressão constante, ameaça de demissão e o afastamento de bancários nas agências têm piorado as condições de trabalho de todos. Os bancários são essenciais e devem ser tratados como tal. A prioridade agora deveria ser a vida dos trabalhadores e dos clientes", ressalta o secretário geral do Sindicato dos Bancários de Catanduva e região, Júlio César Trigo.

O banco se comprometeu a marcar uma nova reunião para responder as demandas apresentadas nesta quarta (17).
Fonte: Contraf-CUT, com edição de Seeb Catanduva

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