30/11/2020

“Venda do banco digital é um processo quase de cisão do banco. É grave!”, diz Rita Serrano



Na última semana vários veículos de imprensa divulgaram declarações do presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, confirmando a criação e abertura de capital do banco digital. Ele diz que “já há uma conversa inicial no conselho de administração e algumas conversas no Banco Central”. No entanto, a conselheira de Administração da Caixa, Rita Serrano, informa que o projeto ainda não chegou ao Conselho para ser discutido.

“É muito ruim tratar como fato consumado a criação de uma nova subsidiária sem que os órgãos de governança interna do banco tenham discutido, aprovado ou rejeitado o projeto”, diz a conselheira, em vídeo sobre mais esta tentativa de privatização do banco por meio de subsidiárias.

Serrano explica que muitos bancos têm plataforma digital como um segmento novo, para atrair jovens aos serviços bancários e fortalecer a instituição. No caso da Caixa, é o contrário. O banco vai criar uma subsidiária, transferir para ela as operações que são da Caixa, e vender em seguida. “Não se trata de um segmento novo para dar mais concorrência”, explica a conselheira. “Isso é gravíssimo. É um processo quase de cisão do banco - transfere operações principais do banco para uma subsidiária que já tem objetivo de IPO. É um risco para a sustentabilidade e integridade do banco”.

A criação de subsidiárias para futuro IPO (abertura de capital) é uma forma de privatizar o banco aos pedaços. Em vez de privatizar a Caixa, como instituição, se pretende fatiar a empresa, criando subsidiárias, e privatizando cada uma delas. “Para privatizar a Caixa [instituição] precisa passar pelo Congresso Nacional. E lá tem resistência. Todas as pesquisas indicam que a população é contra a privatização da Caixa, ainda mais nesse momento em que a Caixa cumpriu essa tarefa de atender metade da população brasileira no último período. Com todas dificuldades, vem dando conta do recado”, completa Rita Serrano.

O futuro banco digital é fruto do trabalho dos empregados da Caixa. Eles desenvolveram, em tempo recorde, o sistema que atendeu a população em um dos momentos mais difíceis da história. Foram 105 milhões de poupanças digitais criadas para o pagamento do auxílio emergencial.

O diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e região destaca o papel fundamental da Caixa no aumento da bancarização do país. Segundo dados do Banco Central, por conta do auxílio emergencial e do saque emergencial do FGTS, 13 milhões de pessoas passaram a ter relacionamento bancário ativo este ano.

Para se ter uma ideia do que representa esse aumento, o número de brasileiros com relacionamento bancário ativo chega hoje a 177 milhões. Em 2016, este número foi de 146,9 milhões de pessoas. Em 2017, aumentou para 153, 6 milhões e em 2018, para 164,6 milhões.

"A Caixa, mais uma vez, demonstra a sua importância e força enquanto empresa pública para o desenvolvimento socioeconômico do país. Foi a única instituição, ao contrários dos bancos privados, que assumiu a responsabilidade e garantiu à população, sobretudo a mais carente, meios de sobrevivência durante a pandemia, seja através do pagamento do auxílio emergencial ou de outros programas sociais. Com a privatização, a Caixa deixa de ter o interesse social e passa a trabalhar única e exclusivamente para os interesses dos acionistas. Isso é comprometer  investimentos públicos, trazendo enormes prejuízos aos brasileiros. Por isso, precisamos estar ainda mais atentos aos projetos da direção do banco, que juntamente com o governo, tentam a todos custo maneiras de privatizar a empresa para atender aos insteresses do capital. Defender a Caixa pública é defender o Brasil!", conclui  o diretor do Sindicato.
 
Fonte: Fenae, com edição de Seeb Catanduva

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