10/06/2020
Santander demite funcionários e toma medidas contra prevenção ao Covid-19
O banco Santander descumpriu promessa, anunciada à imprensa e confirmada às entidades sindicais, de que não demitiria funcionários durante a pandemia causada pelo novo coronavírus. Na última sexta-feira (5), o banco mandou embora ao menos 15 trabalhadores na base do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. Há denúncias de que as demissões continuaram a ocorrer na segunda-feira (8) e que atingiu outras cidades do país, como Rio de Janeiro e Niterói.
“O próprio banco anunciou o compromisso em seu site, dizendo claramente que não promoveria ‘nenhum processo de demissão em todo o território nacional durante o período mais crítico da epidemia de Covid-19’”, informou o secretário de Assuntos Socioeconômicos e representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) nas negociações com o Santander, Mário Raia, que é funcionário do banco. “A suspensão das demissões foi uma reivindicação do movimento sindical, para que a categoria não fosse prejudicada e para impedir prejuízos ainda maiores à economia, uma vez que muitas empresas poderiam iniciar um processo de demissões que levaria à explosão do desemprego no país”, disse.
Matéria divulgada pelo jornal Folha de São Paulo, na terça-feira (9), informa que o banco espanhol planeja demitir 20% dos funcionários no Brasil durante a pandemia. A projeção de corte foi antecipada à Folha por integrantes da alta gestão do banco, com a condição de que não tivessem os nomes revelados. Por intermédio de sua assessoria de imprensa, o banco nega o percentual de corte e informa que, como ocorre em qualquer negócio, iniciou o processo de avaliação de produtividade das equipes. (Leia matéria completa aqui).
Dados consolidados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que foram fechados 1,1 milhão de postos de trabalho com carteira assinada no Brasil nos meses de março e abril deste ano, período que combina com o início do isolamento social no país.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE, mostra que a taxa de desocupação no Brasil fechou abril em 12,6%, mas pode ser ainda maior, segundo a economista Vivian Machado, do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
“A metodologia da pesquisa só considera desempregado quem está procurando emprego, ou esteja disponível para trabalhar. Com o isolamento social, o dimensionamento pode ter sido prejudicado, uma vez que impediu a busca por uma vaga”, explicou a economista.
“O próprio banco anunciou o compromisso em seu site, dizendo claramente que não promoveria ‘nenhum processo de demissão em todo o território nacional durante o período mais crítico da epidemia de Covid-19’”, informou o secretário de Assuntos Socioeconômicos e representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) nas negociações com o Santander, Mário Raia, que é funcionário do banco. “A suspensão das demissões foi uma reivindicação do movimento sindical, para que a categoria não fosse prejudicada e para impedir prejuízos ainda maiores à economia, uma vez que muitas empresas poderiam iniciar um processo de demissões que levaria à explosão do desemprego no país”, disse.
Matéria divulgada pelo jornal Folha de São Paulo, na terça-feira (9), informa que o banco espanhol planeja demitir 20% dos funcionários no Brasil durante a pandemia. A projeção de corte foi antecipada à Folha por integrantes da alta gestão do banco, com a condição de que não tivessem os nomes revelados. Por intermédio de sua assessoria de imprensa, o banco nega o percentual de corte e informa que, como ocorre em qualquer negócio, iniciou o processo de avaliação de produtividade das equipes. (Leia matéria completa aqui).
Dados consolidados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que foram fechados 1,1 milhão de postos de trabalho com carteira assinada no Brasil nos meses de março e abril deste ano, período que combina com o início do isolamento social no país.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE, mostra que a taxa de desocupação no Brasil fechou abril em 12,6%, mas pode ser ainda maior, segundo a economista Vivian Machado, do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
“A metodologia da pesquisa só considera desempregado quem está procurando emprego, ou esteja disponível para trabalhar. Com o isolamento social, o dimensionamento pode ter sido prejudicado, uma vez que impediu a busca por uma vaga”, explicou a economista.
Sem justificativa
Para Mário, não existem justificativas para as demissões, uma vez que o banco divulgou recentemente um lucro de R$ 3,85 bilhões nos três primeiros meses de 2020. Isso representa um crescimento de 10,5% na comparação com o mesmo período de 2019 e de 3,4% com o 4º trimestre. A rentabilidade do Santander no Brasil atingiu 22,3%.
O resultado é tão significativo que, pelo terceiro trimestre seguido, representa quase 30% de todo o lucro que banco tem no mundo todo. O banco lucra mais no Brasil do que em qualquer outro país, inclusive na Espanha.
“Além disso, o Banco Central liberou R$ 3,2 trilhões para os bancos, R$ 1,2 trilhão de liquidez. Esse dinheiro não pode ficar empoçado e servir apenas para os bancos ganharem ainda mais em cima de dinheiro público e não manter nenhum compromisso social”, ressaltou o dirigente sindical.
"Mais uma vez, o Santander trata os bancários brasileiros, que garantem a maior fatia do lucro global, com extrema irresponsabilidade e desrespeito, e de uma forma muito diferente da qual trata os trabalhadores da matriz espanhola. O movimento sindical cobra que o Santander, com urgência, opte pelo caminho da responsabilidade, respeitando sobretudo o que foi acordado em mesa de negociação com a representação dos trabalhadores. O momento é de priorizar vidas, não o lucro", acrescenta o diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região, Luiz César de Freitas (Alemão).
Curva crescente da Covid-19
“Também não dá para dizer que ‘o período mais crítico da epidemia’ já passou. Apesar de o governo querer esconder os dados, vemos que o número de mortes bate recorde a cada dia e o de infectados também não para de subir. Além disso, como destacou a reportagem do Estadão, o próprio banco divulgou estudo dizendo que o pior momento da crise só vai ocorrer no final do segundo trimestre”, observou.
Levantamento realizado pelo G1 aponta que 36.602 pessoas morreram por Covid-19 no país até domingo 7/6, quando foram confirmadas 1.382 mortes nas últimas 24h. O número de casos confirmados, segundo levantamento do G1 é de 694.116.
Para Mário, não existem justificativas para as demissões, uma vez que o banco divulgou recentemente um lucro de R$ 3,85 bilhões nos três primeiros meses de 2020. Isso representa um crescimento de 10,5% na comparação com o mesmo período de 2019 e de 3,4% com o 4º trimestre. A rentabilidade do Santander no Brasil atingiu 22,3%.
O resultado é tão significativo que, pelo terceiro trimestre seguido, representa quase 30% de todo o lucro que banco tem no mundo todo. O banco lucra mais no Brasil do que em qualquer outro país, inclusive na Espanha.
“Além disso, o Banco Central liberou R$ 3,2 trilhões para os bancos, R$ 1,2 trilhão de liquidez. Esse dinheiro não pode ficar empoçado e servir apenas para os bancos ganharem ainda mais em cima de dinheiro público e não manter nenhum compromisso social”, ressaltou o dirigente sindical.
"Mais uma vez, o Santander trata os bancários brasileiros, que garantem a maior fatia do lucro global, com extrema irresponsabilidade e desrespeito, e de uma forma muito diferente da qual trata os trabalhadores da matriz espanhola. O movimento sindical cobra que o Santander, com urgência, opte pelo caminho da responsabilidade, respeitando sobretudo o que foi acordado em mesa de negociação com a representação dos trabalhadores. O momento é de priorizar vidas, não o lucro", acrescenta o diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região, Luiz César de Freitas (Alemão).
Curva crescente da Covid-19
“Também não dá para dizer que ‘o período mais crítico da epidemia’ já passou. Apesar de o governo querer esconder os dados, vemos que o número de mortes bate recorde a cada dia e o de infectados também não para de subir. Além disso, como destacou a reportagem do Estadão, o próprio banco divulgou estudo dizendo que o pior momento da crise só vai ocorrer no final do segundo trimestre”, observou.
Levantamento realizado pelo G1 aponta que 36.602 pessoas morreram por Covid-19 no país até domingo 7/6, quando foram confirmadas 1.382 mortes nas últimas 24h. O número de casos confirmados, segundo levantamento do G1 é de 694.116.
Fim do home office
Segundo a Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander, o banco, que já havia alterado o protocolo de sanitização das unidades onde foram confirmados casos de covid-19 e orientado seus diretores de rede de todo o país a produzirem e distribuírem vídeos aos funcionários dizendo que praticamente 100% das agências estão abertas e orientando que os funcionários distribuíssem os vídeos aos clientes, agora tem forçado o retorno ao trabalho presencial durante a pandemia, o que contraria as recomendações de especialistas em saúde e das autoridades sanitárias.
“O banco tem agido como se nada estivesse acontecendo no país. Mas, estamos vivendo uma pandemia que já matou mais de 36 mil brasileiros. Na Espanha, o Santander tem agido de maneira diferente, o que deixa claro que, por aqui, a direção se alinhou com o que há de pior para buscar enfraquecer as quarentenas e prejudicar os trabalhadores”, disse Mário Raia, que é membro da COE Santander.
Para os membros da COE, tanto as medidas adotadas pelo Santander, quanto os vídeos dos diretores de rede, seguem a linha ditada pelo presidente do banco no país, Sérgio Rial.
Segundo os relatos, em videoconferência com funcionários, Rial cobrou o cumprimento de metas e ameaçou demissões caso as mesmas não sejam cumpridas, dizendo, inclusive, que aqueles que pensam diferente e não colaboram prestam um desserviço ao banco e contribuem para um baixo nível de produtividade.
“O banco tem agido como se nada estivesse acontecendo no país. Mas, estamos vivendo uma pandemia que já matou mais de 36 mil brasileiros. Na Espanha, o Santander tem agido de maneira diferente, o que deixa claro que, por aqui, a direção se alinhou com o que há de pior para buscar enfraquecer as quarentenas e prejudicar os trabalhadores”, disse Mário Raia, que é membro da COE Santander.
Para os membros da COE, tanto as medidas adotadas pelo Santander, quanto os vídeos dos diretores de rede, seguem a linha ditada pelo presidente do banco no país, Sérgio Rial.
Segundo os relatos, em videoconferência com funcionários, Rial cobrou o cumprimento de metas e ameaçou demissões caso as mesmas não sejam cumpridas, dizendo, inclusive, que aqueles que pensam diferente e não colaboram prestam um desserviço ao banco e contribuem para um baixo nível de produtividade.
“Diante da gravidade da situação, na qual as pessoas são obrigadas a se isolar em suas casas para que protejam a sua saúde e a da população, as cobranças de alguns dos gestores do Santander são, no mínimo, desumanas, para não dizer irresponsáveis, por atentar contra a saúde dos bancários e a saúde pública", defende Alemão, diretor do Sindicato.
O Seeb Catanduva já havia denunciado as práticas abusivas do banco, que, inclusive, volta e meia ameaça suspender o trabalho remoto para quem não atingir a meta de 150%, além de impor trabalho nos dias que foram antecipados os feriados. Também reivindicou, em contato com a Superintendência Regional, o fim do assédio moral e respeito aos trabalhadores, frisando que o método adotado pelo banco não é eficaz: trabalhador constrangido, ansioso e intimidado não produz mais, produz menos e pode levar ao seu adoecimento e afastamento das atividades.
"Os bancários já estão passando por um momento de inseguranças e medos. Temos buscado, desde o início da pandemia, inúmeras medidas que preservem a saúde e o bem-estar da categoria. É um desrespeito com o trabalhador o banco colocar em risco seus direitos já conquistados", conclui o diretor.
O Seeb Catanduva já havia denunciado as práticas abusivas do banco, que, inclusive, volta e meia ameaça suspender o trabalho remoto para quem não atingir a meta de 150%, além de impor trabalho nos dias que foram antecipados os feriados. Também reivindicou, em contato com a Superintendência Regional, o fim do assédio moral e respeito aos trabalhadores, frisando que o método adotado pelo banco não é eficaz: trabalhador constrangido, ansioso e intimidado não produz mais, produz menos e pode levar ao seu adoecimento e afastamento das atividades.
"Os bancários já estão passando por um momento de inseguranças e medos. Temos buscado, desde o início da pandemia, inúmeras medidas que preservem a saúde e o bem-estar da categoria. É um desrespeito com o trabalhador o banco colocar em risco seus direitos já conquistados", conclui o diretor.
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