01/06/2020

Santander aguarda decisão do Banco Central para pagar as horas extras do “feriadão”

Diferentemente de outros grandes bancos privados – como Itaú e Bradesco – o Santander não pagou as horas extras trabalhadas nos feriados de Corpus Christi e Consciência Negra (para os bancários de capital e demais municípios que anteciparam esses feriados) e Revolução Constitucionalista (para os bancários de todo o país), que este ano foram antecipados respectivamente para os dias 20, 21 e 25 de maio para manter o isolamento social a fim de tentar diminuir a curva de contaminação e mortes por coronavírus. O Banco Central deixou à cargo da Fenaban a decisão de respeitar ou não o decreto das Prefeituras. Contudo, a federação dos bancos boicotou a decisão.   

Em reunião com o movimento sindical, na última quinta-feira (28), o Santander informou que irá aguardar um posicionamento do Banco Central sobre a decretação de feriado bancário no dia 11 de junho, a data original da celebração de Corpus Christi, para pagar ou não as horas extras.

Se o Banco Central decidir que 11 de junho será dia útil, o Santander irá pagar as horas extras trabalhadas na antecipação do feriado. Contudo, se for considerado feriado bancário, não haverá motivo para pagamento de horas extras e o banco permanecerá fechado.  Portanto, o Santander alegou que o pagamento das horas extras na antecipação do feriado depende de uma decisão do Banco Central.  

Home office

O Santander informou que tendo em vista a deliberação do governo do Estado e das Prefeituras de flexibilizar o isolamento social, irá aumentar para até 40% do total o número de trabalhadores presencialmente nos centros administrativos, levando-se em consideração cada área. 

Na realidade, desde 18 de maio o banco já havia flexibilizado o retorno, quando convocou  cerca de 30% dos que estavam em home office para retornar ao trabalho nas concentrações. Informou também que o sistema de ar-condicionado da Torre e dos demais prédios da capital paulista serão higienizados todo final de semana. 

Os trabalhadores considerados dentro do grupo de risco continuarão em home office e, segundo o banco, todas as medidas de retorno serão reavaliadas a cada 15 dias, podendo resultar na ampliação ou redução do número de trabalhadores em home office, a depender da análise da situação da pandemia.
 
“É um absurdo o banco considerar o retorno do trabalho presencial nos seus centros administrativos, assim como é uma vergonha o poder público decidir pela flexibilização do isolamento social em um momento em que a curva de contaminação e de mortos por covid-19 sequer chegou ao seu pico, uma vez que o número de vítimas da doenças aumenta a cada dia. Esta decisão demonstra o desprezo do governo do Estado pela vida dos cidadãos”, afirma Rita Berlofa, presidenta mundial da UNI Finanças e bancária do Santander. 

As decisões tomadas pelo Santander no Brasil destoam até das medidas tomadas pelo maiores bancos privados nacionais, que estão mantendo, até agora, cerca de 90% dos seus trabalhadores dos centros administrativos em home office.

Para o secretário geral do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região, Júlio César Trigo, a revoltante diferenciação de tratamento entre bancários brasileiros e de outros países evidencia que o banco espanhol enxerga os trabalhadores nacionais como de segunda classe, e a direção do banco no Brasil compactua e promove a prática visando os lucros da filial, que já representam 29% do total.

"É revoltante a maneira distinta com que o Santander trata seus trabalhadores nos diferentes países onde atua. A vida tem o mesmo valor em qualquer lugar, e o banco tem o dever de garantir segurança para todos os funcionários do grupo. Agora, em meio à uma pandemia, essas diferentes formas de tratamento podem significar a diferença entre o contágio ou não e, em última instância, entre a vida e a morte. O Sindicato cobra que o Santander, com urgência, opte pelo caminho da responsabilidade, intensificando medidas de proteção de bancários e clientes, o que passa por respeitar o que foi acordado, em mesa de negociação, com a representação dos trabalhadores. O momento é de priorizar vidas, não o lucro", defende o diretor. 
 
Fonte: Seeb SP, com edição de Seeb Catanduva

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