11/03/2020
Saúde mental: Modelo de gestão da Caixa Econômica Federal adoece trabalhadores
A Caixa, maior banco público do país, continua ignorando as estatísticas e indo na contramão das políticas públicas de saúde mental. Segundo a psicóloga, Ana Magnólia Mendes, que está coordenando o projeto da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) contra o adoecimento mental, o bancário se sente sozinho e desamparado. Os dados têm apontado sentimentos de tensão, incapacidade de relaxar, irritabilidade, inquietação, vontade de desistir de tudo, sentimento de que não vale a pena viver, entre outros.
O modelo de gestão da Caixa incita o assédio moral e negligência o problema tentando descaracterizar a relação do adoecimento com o trabalho. Denúncias de agressões verbais, ameaças de demissão, desvio de função, constrangimento público e metas abusivas são, infelizmente, velhas conhecidas dos trabalhadores do banco.
A pesquisa encomendada pela Fenae revelou que mais da metade (53,6%) disseram ter passado por ao menos um episódio de assédio moral. Quase 20% dos empregados ativos revelaram ter depressão ou ansiedade, nos aposentados o índice é de 4%. O número de funcionários que buscam acompanhamento regular psicológico ou psiquiátrico é de 19,6%.
A falta de informação e de políticas verdadeiramente eficazes na prevenção de doenças mentais provenientes do trabalho se reflete em como o mercado de trabalho enxerga a questão. Uma recente pesquisa realizada pela consultoria Mercer Marsh Benefícios, aponta que mais empresas estão investindo em programas de saúde mental para os empregados e cita ações paliativas como salas de descompressão, meditação e massagens como ações de combate.
Das 611 empresas que participaram do levantamento, nenhuma se mostrou preocupada com modelos de gestão abusivos e políticas que deterioram a saúde do trabalhador, padrão seguido pela Caixa.
Há algum tempo o Sindicato tem denunciado à direção da Caixa que as atuais condições de trabalho, impostas pelo novo governo e direção do banco, tem levado os empregados ao adoecimento.
"O que temos visto é que a forma de gestão atual da Caixa, que reduz o número de funcionários a cada dia e aumenta a demanda de trabalho exponencialmente, é o grande fator de risco. As pessoas adoecem porque estão submetidas à sobrecarga de trabalho, a metas inalcançáveis e a uma pressão desumana. Esse é o problema que precisamos resolver”, apontou o diritor do Sindicato, Antônio Júlio Gonçalves Neto.
"A luta em defesa da Caixa 100% Pública, da sua função social, dos direitos dos empregados e contra o fatiamento do banco é bandeira antiga do Sindicato. Frente a tantos ataques e ameaças, faz-se ainda mais necessária a nossa mobilização. Se concretizados os projetos de desmonte e privatização do banco público, perdem os empregados, a população e o país," alerta o diretor.
Não Sofra Sozinho
A Fenae lançou no ano passado a campanha “Não Sofra Sozinho”, projeto de prevenção ao adoecimento mental no trabalho com coordenação da pós-doutora, psicóloga e professora da UnB, Ana Magnólia Mendes.
O estudo, que já começou a ser executado, vai debater o impacto da reestruturação da Caixa em suas diversas formas para a saúde mental dos trabalhadores bancários da Caixa, discutir estratégias para implantar um serviço de assistência ao bancário em sofrimento e realizar pesquisa qualitativa com os bancários da Caixa.
Além disso, a campanha subsidia os dirigentes da Fenae e Apcefs para proposição de políticas e práticas sindicais e institucionais eficientes de prevenção das psicopatologias do trabalho.
A campanha de conscientização é permanente. Se você sofrer ou presenciar alguma atitude abusiva por parte dos gestores com você ou algum colega, denuncie ao Sindicato! Não Sofra Sozinho!
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