19/02/2020

Lucro recorde de R$21,1 bilhões em 2019 é fruto da venda de ativos da Caixa Econômica



A Caixa Econômica Federal registrou lucro líquido de R$ 21,1 bilhões em 2019, o que representa avanço de 103% em relação a 2018. O resultado, divulgado nesta quarta-feira (19), foi motivado, principalmente, pela venda de ativos na ordem de R$ 15,5 bilhões, como IRB, ações da Petrobrás, banco Pan e do Banco do Brasil.

“O lucro da Caixa está baseado na venda de ativos do banco e na redução do seu papel social. Não foi a atividade bancária que gerou o bom resultado. Esse resultado não mostra que a empresa está se expandindo, gerando empregos e sim que está se desfazendo de ativos fundamentais”, avalia o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Jair Pedro Ferreira.

A representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa, Rita Serrano, também avalia que o banco está se distanciando do seu papel social:  “o lucro líquido de R$ 21,1 bilhões reflete perseguição idêntica aos demais bancos  do sistema financeiro, por ganhos cada dia mais altos, algo incoerente com um pais em crise econômica e que carece de investimentos e empregos”.

Segundo a conselheira eleita, a direção da Caixa já declarou por diversas vezes que pretende privatizar operações de seguros e cartões ainda esse ano. “Além disso, com a mudança da lei sobre o FGTS, o banco terá uma perda estimada em torno de 3 bilhões com arrecadação. Isso mostra que os números de hoje poderão não se sustentar no médio prazo, colocando em risco seu papel público”, ressalta Rita Serrano.

O secretário de Finanças da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT), Sergio Takemoto, lembra que o lucro da Caixa é fruto do esforço realizado pelos empregados, que não está sendo reconhecido pela direção da empresa. “A recompensa dada pela direção da Caixa é a reestruturação que retira direitos dos trabalhadores, com ameaça de redução de remuneração e transferências compulsórias, gerando intranquilidade. Esperamos que a direção do banco reconheça esse esforço e reveja as medidas que estão prejudicando milhares de trabalhadores”, argumentou.

Os números da Caixa em 2019 revelam a importância do banco para os programas sociais do país. No ano passado, foram pagos R$ 319 bilhões de benefícios aos trabalhadores, sendo R$ 29 bilhões de FGTS e PIS, para 60 milhões de pessoas; 318 mil unidades habitacionais entregues do Minha Casa Minha Vida, e R$ 17 bilhões arrecadados de loterias que serão investidos em programas sociais.

Retração

A participação no mercado de crédito vem caindo. O market share, que em 2017 era de 22,37%, caiu para 19,74% em 2019, enquanto o Bradesco cresceu sua carteira de crédito em 11,4% e o Santander em 15,3%. Ressalva-se a ampliação do crédito Imobiliário que cresceu 4,6% em 2019.

Com esse novo patamar rebaixado de operações  de crédito, o banco teve mais um resultado negativo, que não ocorreu em função da melhoria da carteira, mas sim da diminuição de seu volume: a queda das despesas com PCLD (Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa), que foram reduzidas de R$ 14,92 bilhões para R$ 10,75 bilhões, com um impacto positivo nos resultados de cerca de R$ 4,17 bilhões.

 O resultado foi alavancado também pelo crescimento dos “Resultados da intermediação financeira”, que saltou de algo em torno de R$ 36 bilhões para 47 bilhões, totalizando um incremento de 10 bilhões nos resultados de 2019.

Demissões

O banco encerrou o ano de 2019 com 84.006 empregados, com fechamento de 886 postos de trabalho no ano. A Caixa lançou um PDV com 2.319 adesões em sua primeira etapa, resultando no desligamento de 2.020 empregados. Já a segunda etapa, registrou 686 desligamentos, resultando em 2.706 desligamentos no ano. Nesse mesmo período, foram fechadas duas agências, 39 PAs, 63 lotéricas e 310 correspondentes Caixa Aqui. Em contrapartida, houve aumento de 10,6 milhões de novos clientes.

As receitas de prestação de serviços e com tarifas bancárias cresceram 0,57%, totalizando R$ 27,0 bilhões. Já as despesas de pessoal, considerando-se a PLR, apresentaram expansão de 8,76%, atingindo R$ 23,8 bilhões. Com isso a cobertura das despesas de pessoal pelas receitas secundárias do banco foi de 113,2%.

Carteira de crédito

A carteira de crédito ampliada teve redução de 0,11% em doze meses, totalizando R$ 693,7 bilhões. A Carteira Comercial Pessoa Física manteve-se estável, totalizando R$ 81,9 bilhões. A Carteira Comercial Pessoa Jurídica apresentou queda de 30,2%, somando R$ 38,6 bilhões. O crédito imobiliário cresceu 4,6%, num total de R$ 465,1 bilhões, e a carteira de infraestrutura teve redução 0,3%, totalizando R$ 84,0 bilhões. As variações na carteira estão de acordo à estratégia que prioriza concessões nos segmentos ligados a microempresas e fomento ao crédito imobiliários. A taxa de inadimplência para atrasos superiores a 90 dias foi de 2,18%, com redução de 0,01 ponto percentual.
Fonte: Contraf-CUT, com Fenae

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