06/12/2019

Funcef acumula R$ 780 milhões de déficit somente nos nove primeiros meses do ano



O resultado foi apresentado ontem, na divulgação dos números do terceiro trimestre, pela Funcef. O déficit acumulado chegou a R$ 6 bilhões tendo acumulado R$ 780 milhões só no exercício 2019.

O crescimento do deficit é parte da política adotada pela Funcef, que prefere fabricar superavit abaixando a meta atuarial a aumentar a rentabilidade dos seus ativos. Os resultados do Reg/Replan utilizados ontem na apresentação nos servem de exemplo. Em 2016 o plano atingiu rentabilidade de 8,44% e ficou deficitário, mas no ano seguinte, com a queda da meta atuarial, o plano ficou superavitário com 7,28%, número menor do que o do ano anterior.

O déficit acumulado atinge quase todos os planos, com exceção do REB que apresenta superavit, mas o principal atingido é o Reg/Replan Saldado. No ano a meta foi alcançada, considerando-se período janeiro/setembro por todos os planos, exceção ao maior deles, o Saldado.

O baixo desempenho da Funcef não pode ser mais justificado pela atual gestão como erros do passado. Os deficits de 2014, 2015 e 2016 já foram equacionados e ainda assim a fundação segue, ano após ano, gerando deficit e o aprofundando. 

O déficit do Saldado cresceu 1,8% no acumulado do segundo trimestre (dezembro a junho), recuou 0,8% de junho a setembro, mas segue deficitário em 800 milhões no exercício de 2019, acumulando 5,2 bilhões de déficit.

O déficit acumulado do Novo Plano sofreu retração de 9,8% no acumulado do ano, registrando superavit de 20,5 milhões no exercício de 2019. Desta forma o déficit acumulado do plano é de 188 milhões.

O resultado do Não Saldado registrou crescimento de 2% no déficit anual, acumulando 593 milhões de déficit nos últimos três exercícios e o REB é o único plano superavitário no ano de 2019. Vinha de um déficit de 1,7 milhão e agora tem 9,1 milhões de superavit acumulado.

Investimentos

Diversificação para dirimir risco é o novo mantra da Funcef. Com o cenário de queda da taxa de juros, o tema esteve na fala do gerente da Diretoria de Investimentos, Rodrigo Carvalho, na da Diretora de Participações Societárias e Imobiliárias, Andrea Morata e na do presente presidente da fundação, Renato Vilella, que chegou a afirmar que a Funcef não pode mais ficar no “conforto da renda fixa.”

A questão é que essa pólvora deveria ter sido descoberta há mais tempo pela Funcef. A sua política de alocação de ativos para o período de 2019-2023 parece ignorar o que hoje sai tão facilmente da boca dos diretores da Funcef, tese que a Fenae tem defendido paulatinamente.

Se a alocação em renda variável fosse mais significativa, claro que a rentabilidade até setembro teria sido muito maior. Basta, para tanto, ver os números divulgados pela própria Funcef: até setembro, 22,2% em Renda Variável, ações de mercado, ante 4,75% em títulos públicos marcados para negociação.

Segundo o Observatório do Participante, a rentabilidade de 7,44%, portanto acima da meta, do segmento de renda fixa se sustenta com títulos públicos na curva (negociados quando do vencimento). Os títulos públicos a mercado (disponíveis para negociação independentemente do vencimento) têm rentabilidade de 4,75%, inferior à meta.

Contencioso

Também segundo o Observatório, em setembro, a provisão para perda provável do contencioso foi de R$ 1.039 bilhão, crescimento de 7,6% em relação a dezembro de 2018. Desse total, R$ 924,3 milhões são do grupo previdencial, onde se contabilizam perdas decorrentes de demandas do participante contra a patrocinadora, que resultam em elevação no valor do benefício sem o aporte da respectiva reserva.
Fonte: Fenae

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