25/06/2019
Caixa Econômica Federal reduz oferta de crédito para empresas e pessoas físicas
O balanço trimestral apresentado na segunda-feira (24) pela direção da Caixa mostra um recuo na oferta de crédito. O banco, que em outras ocasiões atuou para incentivar a atividade econômica, agora segue estritamente a lógica das instituições privadas, com restrição ao crédito, alta de juros e spreads.
Segundo os dados apresentados, a oferta de crédito teve recuo de 2%, de R$ 700 bilhões, no primeiro trimestre de 2018, para R$ 685,8 bilhões no mesmo período de 2019, em razão da queda nos empréstimos corporativos e para pessoas físicas. A maior queda no período foi da carteira comercial (PJ +PF).
Para as empresas, o recuo de crédito chegou a 28,15%, de R$ 65 bi (1º trimestre de 2018) para R$ 46,7bi (1º trimestre 2019). Já para Pessoa Física, a redução foi de 10,68%, de R$ 90,8 bi (1º trimestre de 2018) para R$ 81,1 bi (1º trimestre 2019).
Esse recuo na oferta de crédito pelo banco público resultou na queda de sua participação nesses mercados, como mostra o gráfico abaixo:
A Caixa foi o único dos cinco maiores bancos do Brasil (Bradesco, Santander, Itaú, Banco do Brasil e Caixa) a reduzir a oferta de crédito nos últimos 12 meses. “Há redução nos investimentos para desenvolvimento do Brasil e, dessa forma, na diminuição da desigualdade social”, alerta a representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa e diretora da Fenae, Rita Serrano.
Para o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae) Jair Pedro Ferreira, os resultados desses três primeiros meses de 2019 mostram mais uma vez a preocupação com caráter rentável do banco em detrimento do social. Os números apresentados pela direção confirmam que a estratégia do governo é torná-lo um banco cada vez mais comercial.
“A Caixa está emprestando menos, cobrando mais nas tarifas, reduzindo o número de trabalhadores com planos de demissão e aposentadoria, cortando funções e precarizando as condições de trabalho. O caráter social está perdendo cada vez mais espaço, o que prejudica todos os brasileiros, sobretudo os mais carentes”, avalia Ferreira.
Lucro e PD
O lucro líquido foi R$ 3,9 bilhões no primeiro trimestre de 2019, o que representa alta de 22,9% em relação ao mesmo período de 2018. O resultado é atribuído principalmente a queda nas provisões com perdas em empréstimos e ao aumento das receitas com tarifas. O PDD (Provisão com Devedores Duvidosos) tornou-se uma polêmica entre os empregados da Caixa, no fechamento do balanço de 2018, devido ao aumento do provisionamento – em função dos imóveis retomados.
No primeiro trimestre, segundo o banco, essas despesas somaram R$ 2,8 bilhões, redução de 24,4% em 12 meses, reflexo do recuo de R$ 14,4 bilhões na carteira de crédito e pela mudança de sua composição, mais concentrada em créditos de baixo risco.
Já na comparação com o quarto trimestre de 2018, houve queda de 45%, em função da revisão das avaliações de risco das maiores operações que resultaram em ajustes de rating no segmento de infraestrutura, que impactou em R$ 1,1 bilhão as despesas de PDD daquele período, no primeiro trimestre.
Habitação
A carteira de crédito imobiliário, a principal do banco, cresceu 3,3%, para R$ 447 bilhões em março de 2019, dos quais R$ 269,9 bilhões foram concedidos com recursos FGTS e R$ 177,5 bilhões com recursos da caderneta de poupança.
Com o resultado, a Caixa manteve a liderança no mercado de crédito imobiliário, com o ganho de 0,3 pontos percentuais frente ao 1º trimestre de 2018, totalizando 68,8% de participação, segundo o balanço.
Banco Social
As Loterias da Caixa arrecadaram R$ 3,3 bilhões no primeiro trimestre de 2019, mantendo o patamar alcançado no mesmo período do ano passado Desse total, cerca de R$ 1,2 bilhão foram transferidos, no período, aos programas sociais do Governo Federal nas áreas de seguridade social, esporte, cultura, segurança pública, educação e saúde, o que corresponde a 37,2% do total.
“A Caixa vem perdendo seu papel social a partir do modelo de gestão, com escassez de investimentos e, agora com a pretensão da privatização das suas operações. Se tudo isso se concretizar ganharão as multinacionais que estão comprando tudo o que veem pela frente no Brasil e a população brasileira é que vai arcar com as consequências, como já está acontecendo”,alerta Rita Serrano.
"Por isso, é fundamental intensificar as ações de resistência em defesa do patrimônio público, da aposentadoria e dos direitos dos empregados contra os ataques do governo. O Sindicato tem realizado atos e levado para as ruas e locais de trabalho a campanha em defesa da Caixa 100% pública. O banco é ainda é o principal agente de políticas sociais do governo, mas seu papel social está fortemente ameçado. Vamos reforçar essa luta, que é também a defesa da sociedade. Conclamamos todos os empregados e toda a população a participar dessa mobilização. Só a luta nos garante”, acrescenta o diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região, Antônio Júlio Gonçalves Neto.
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