06/05/2019
Após cancelar peça publicitária, BB torra verba pública em jantar do presidente nos EUA
(Arte: Thiago Akioka)
O mau uso de verbas públicas no Banco do Brasil tem se tornado praxe desde que Jair Bolsonaro assumiu a Presidência da República. Não bastasse o desperdício com a retirada arbitrária do ar de campanha publicitária acertiva que investia no público jovem, agora a direção do BB concordou em pagar US$ 12 mil (R$ 47,5 mil) e ser um dos patrocinadores do jantar, que ninguém quer sediar, para entrega de honraria da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos (Amcham) ao presidente Jair Bolsonaro. É o que revela reportagem do jornal Folha de S.Paulo de sexta-feira (3).
Segundo o jornal, a verba do banco é para custear uma mesa com dez lugares. “É a primeira vez que o BB participa do evento como patrocinador. Embora seja sócio da câmara de comércio, o Banco do Brasil não esteve entre os apoiadores do jantar nos últimos anos, quando outras pessoas foram homenageadas”, diz um trecho da reportagem.
O rega-bofe ainda não tem local definido, mas tem se tornado a cada dia mais indigesto para o atual governo. O jantar foi cancelado pelo Museu de História Natural de Nova Iorque após posicionamento contundente no Twitter do prefeito da cidade, o democrata Bill de Blasio, que chamou Bolsonaro de “ser humano perigoso”. A segunda opção, o luxuoso restaurante Cipriani, também se negou a sediar o evento. Nesta semana, a companhia aérea Delta, a consultoria Bain & Company e o jornal Financial Times, que haviam decidido apoiar financeiramente o evento, também recuaram.
O atual governo, com sua revisão na política de patrocínios, pretende cortar verbas públicas do Banco do Brasil para a cultura e o esporte, prejudicando, entre outros, cinema, festivais, exposições e os campeões olímpicos vôlei de quadra e de praia. Entretanto, tem dinheiro de banco público para patrocinar um jantar no exterior de interesse particular do presidente, e não do interesse social do país.
“Primeiramente, a retirada da peça publicitária do ar com atrizes e atores negros e jovens é um retrocesso ao debate de promoção da diversidade e igualdade que sempre cobramos enquanto representantes dos trabalhadores bancários. É bom lembrar que a categoria tem uma luta histórica na mesa de Igualdade de Oportunidades e pelo Censo da Diversidade, entre outros. E agora, o dinheiro público do BB é utilizado para promover Bolsonaro e bancar um jantar cheio das pompas. Enquanto isso, os ataques ao Banco do Brasil continuam pelo atual governo, por meio de um sucateamento proposital que atinge não só funcionários e clientes, mas também todo o povo brasileiro”, acrescenta João Fukunaga, membro da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB.
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