19/02/2019
Banco do Brasil lucrou R$ 13,5 bilhões em 2018, mas cortou 2.272 postos de trabalho
O Banco do Brasil registrou lucro líquido ajustado de R$ 13,5 bilhões em 2018, crescimento de 22,2% em relação a 2017. Além disso, a rentabilidade no ano passado passou de 12,3% para 13,9%. De acordo com o banco, o resultado foi impactado principalmente pela redução das despesas de provisão de crédito (-19,3%), pelo aumento das rendas de tarifas (+5,7%), que cresceram acima da inflação, e pelo corte de custos.
Mesmo com o ótimo resultado em 2018, o banco encerrou 2.272 postos de trabalho e fechou 48 agências em 12 meses. Somente com o que arrecada com tarifas cobradas dos clientes, o BB cobre em 121,7% toda a sua despesa de pessoal, que teve variação positiva de apenas 2,5% em 12 meses.
“É um absurdo que a direção do BB trate os funcionários, que constroem diariamente resultados cada vez melhores, dessa maneira desrespeitosa. A redução do quadro prejudica bancários, cada vez mais sobrecarregados, e também a população, que tem o atendimento precarizado. O balanço do banco demonstra claramente que uma das estratégias do BB é uma agressiva política de corte de custos, que inclui a redução de quadro, o fechamento de agências e o descomissionamento arbitrário”, critica o diretor o membro da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB, João Fukunaga.
Banco público é eficiente quando atua como banco público
Em 2018, a carteira de crédito cresceu 1,8% na comparação com dezembro de 2017, alcançando volume total de R$ 697,3 bilhões. Na carteira de crédito PF, o crescimento foi de 5%, com destaque para empréstimo pessoal (55,2%), cartão de crédito (13,7%) e financiamento imobiliário (8,7%). Por outro lado, na carteira PJ houve queda de 4,6% e a única expansão foi no crédito concedido ao Governo (10%).
“No consignado, produto que tradicionalmente o BB domina, o banco apresentou crescimento de 5,7% em 12 meses, bem inferior ao crescimento do Bradesco (15,8%) e Santander (31,9%). Ou seja, a política da direção do BB de juros altos faz com que o banco perca espaço para os privados. Nesse contexto, a fala absurda do presidente Rubens Novaes, de que o BB seria mais eficiente se fosse privatizado, é totalmente desconectada da realidade, uma vez que o banco ao se aproximar da lógica das instituições privadas, com juros de mercado, perde mercado para esses mesmos bancos privados. O BB é um banco público, possui uma importante função social e assim é percebido pela população. Abrir mão desse caráter público não é bom para o banco e muito menos para o país”, avalia Fukunaga.
Cenário macroeconômico e metas abusivas
Para o representante da Comissão de Empresa dos Funcionários, a queda na carteira PJ evidencia o cenário macroeconômico negativo do país e torna a política de metas abusivas do BB ainda mais assediadora e lesiva para com os bancários.
“O crescimento da carteira PJ dos bancos privados foi bem inferior do que o da carteira PF. No Itaú cresceu apenas 2% contra 10,3% na PF, no Santander praticamente ficou estagnada, com 0,1% contra crescimento de 22,6% na PF, e no Bradesco teve alta de 6,1% contra 11% na PF. Os dados demonstram que o mercado de crédito para empresas não está aquecido. Diante desse cenário macroeconômico, a intensificação da política de cobrança por metas abusivas e descomissionamento do BB torna-se ainda mais assediadora e cruel”, destaca.
“Cobramos do BB que respeite e valorize seus funcionários, assim como sua importante função social para o país. Isso sim tornaria o banco ainda mais eficiente, e não a privatização como sugere o inacreditável presidente Rubens Novaes”, conclui Fukunaga.
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