Golpe contra os direitos: Reforma trabalhista começa a atingir call center do banco Itaú

Depois do Santander, o Itaú também começou a implantar mudanças prejudiciais aos bancários, respaldado pela nova legislação trabalhista de Michel Temer que passou a vigorar no dia 11 de novembro. As primeiras vítimas são os funcionários do call center lotados no Centro Administrativo Tatuapé (CAT) e no ITM. De acordo com matéria divulgada pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, esses bancários não poderão mais escolher quando entrarão em férias.
Antes, o funcionário indicava três datas, e o gestor selecionava uma para o início do período de férias. Os bancários denunciam que foram comunicados a desconsiderar essa seleção, mesmo os que já haviam apontado as datas. Também foram informados de que o setor jurídico e o RH do banco deliberarão sobre as novas regras para o gozo de férias de acordo com as mudanças embarcadas na reforma trabalhista.
A nova lei determina que as férias poderão ser fracionadas em até três períodos, desde que nenhum deles seja menor do que cinco dias, e serão definidas diretamente entre gestor e empregado, em uma correlação desigual de forças, já que o empregador terá o poder de impor a data que melhor convier ao banco, sob a prerrogativa de demitir o trabalhador que não aceitar os termos determinados pela empresa.
Em resumo, o banco é quem decidirá e o bancário terá de aceitar. Muitos desses trabalhadores já haviam escolhido a data para coincidir com as férias escolares dos filhos e estavam na expectativa, entretanto com a mudança unilateral e sem aviso prévio, tudo está em suspenso. Muitos agora sequer sabem quando e como vão poder tirar as férias.
Trabalho aos fins de semana – E as mudanças no call center não param por aí. Sem qualquer negociação com o movimento sindical, o Itaú mudou as escalas de trabalho aos finais de semana. Antes, o banco seguia um parâmetro que procurava respeitar dois sábados e domingos seguidos de descanso. Com a nova regra, os bancários terão de trabalhar um final de semana a mais, passando a descansar apenas um final de semana ao mês. Com essa alteração, o banco abriu a possibilidade para o bancário trabalhar até cinco plantões seguidos.
Com a medida, o banco ameaça a possibilidade do bancário se programar para uma viagem, por exemplo. Não bastasse, há ainda a sobrecarga de trabalho, que poderá aumentar os riscos de doença ocupacional e problemas emocionais nesses funcionários.
Para o diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região, Sérgio Luís de Castro Ribeiro, a reforma trabalhista de Temer deixa claro a que veio: tentar enfraquecer os direitos dos trabalhadores para beneficiar o empresariado. E isso já pode ser observado com as primeiras alterações impostas pelos bancos desde que o desmonte foi aprovado, em 11 de novembro.
"O Itaú, mais do que depressa, já está tentando se beneficiar com isso. O banco implantou a mudança sem qualquer diálogo com os representantes dos trabalhadores. Além de piorar a rotina de trabalho, desrespeita o funcionário ao negar qualquer tipo de negociação sobre o tema. Por isso, participar do Sindicato e da luta contra a retirada de direitos é cada vez mais crucial diante da nova lei trabalhista."
Os bancários que tiverem seus direitos desrespeitados podem fazer denúncias um dirigente sindical, por meio do canal Denuncie ou pelo WhatsApp (17) 99259-1987. O sigilo do denunciante é total.
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