15/12/2017

Presente de grego: Escritórios digitais estão se tornando sucursais do inferno no BB

Vendidos pela direção do banco como modernização do trabalho e novo posicionamento do BB no mercado, os escritórios digitais viraram pesadelo para o bancário.

O modelo, implantando inicialmente para o segmento estilo nas capitais, hoje abrange todos os segmentos, nas capitais e cidades do interior paulista. Piora o atendimento à população e precariza as condições de trabalho.

Os sindicatos vêm recebendo denúncias sobre a absurda intensidade do trabalho, o volume gigantesco de ligações, obrigando funcionários a permanecerem o dia todo sentados em mobiliário com ergonomia inadequada em ambientes com pouca ventilação e muito ruído. Os funcionários viram operadores de telemarketing com a obrigação de vender produtos. O banco está cortando cargos gerenciais de maior remuneração e substituindo por novas funções com salários reduzidos.

Nas cidades do interior a insegurança ainda é maior. Os escritórios digitais concentrarão atendimento de mais de um município e funcionários com salários reduzidos serão obrigados a mudar de cidade ou se deslocar diariamente às próprias custas, sem direito a vale-transporte, pois o BB não considera estes deslocamentos por ônibus intermunicipais como transporte urbano coletivo.

Os funcionários dos escritórios digitais já estão detectando a perda de clientes e negócios. Grande parte dos clientes não confia no atendimento digital ou telefônico, e sua relação de confiança é pessoal, não com uma máquina.

Para Roberto Carlos Vicentim, presidente do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região, a direção do BB tem se esquecido do papel social que o banco precisa exercer e, consequentemente, ignorado a necessidade de apoio dos municípios, fundamental para sua sobrevivência como banco público.

"Na ânsia de maximizar seus lucros por meio da implementação de tecnologias digitais e de uma nova organização, o BB tem se distanciado da pessoa física e jurídica, sobretudo no interior do país, onde a infraestrutura de redes ainda pode ser precária, impossibilitando o acesso de clientes aos serviços oferecidos neste tipo de plataforma. O banco corta gastos, aumenta sua lucratividade às custas da precarização do atendimento e, sobretudo, das condições de trabalho impostas ao seus funcionários. Não somos contrários à tecnologia, mas ela não pode ficar a serviço apenas dos banqueiros," critica Vicentim.
Fonte: Fetec-CUT/SP, com edição de Seeb Catanduva

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