SMS é motivo de demissão no Bradesco. Bancários devem denunciar irregularidades
Como você se sentiria se fosse demitido depois de telefonar para mais de 250 clientes em dois meses e, desse total, apenas quatro respondessem SMS enviado pelo sistema do banco negando que houve o contato? Pois foi o que ocorreu com um gerente pessoa física do Bradesco, subordinado à regional Jabaquara, segundo matéria divulgada pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.
Uma das inúmeras tarefas dos gerentes do Bradesco é entrar em contato com os clientes e depois registrar em um sistema o motivo do contato, que podem ser variados, como venda de produtos ou informações sobre os investimentos.
Após o contato, o sistema do banco envia um SMS ao cliente solicitando avaliação sobre a qualidade do atendimento. O banco também pergunta se houve ou não o contato. Se durante o mês inteiro o sistema receber duas respostas negando que houve o contato, a meta do funcionário de todo este período é zerada. Se isso se repetir novamente no mês seguinte, o gerente é demitido.
“É ridículo o Bradesco submeter o cargo de um funcionário à resposta de um simples SMS que pode inclusive ter sido enviado para um número desatualizado ou errado”, lamenta um gerente que passou pela situação. “Tem muito telefone errado no cadastro do Bradesco. Eu mesmo já recebi mensagem em nome de outra pessoa”, afirma o trabalhador.
Ele relata que a demissão ocorreu depois de uma reunião entre os gerentes gerais das agências e o gerente regional de Jabaquara. Segundo o trabalhador, ao menos outros quatro gerentes foram demitidos pelo mesmo motivo.
O movimento sindical cobrou o Bradesco sobre o sistema de avaliação via SMS, mas ainda não obteve resposta.
O diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região Luiz Eduardo Campolungo alerta para a importância de denunciar qualquer irregularidade do banco contra o trabalhador. "Denuncie ao Sindicato. Vamos pressionar o banco para que situações como sejam extintas.”
Os bancários podem denunciar ao Sindicato diretamente a um dirigente sindical, pelo canal Denuncie, e agora também pelo Whatsapp da entidade (17 99259-1987). O sigilo é absoluto.
Sobrecarga de trabalho – O bancário ouvido relata ainda outro agravante: a sobrecarga de trabalho. Ele afirma que além da administração da carteira de clientes e dos contatos mensais, ainda tinha de tocar outras tarefas relacionadas a unidade bancária de pequeno porte onde trabalhava.
“Sempre fazia tudo direito, batia as metas, mas não conseguia dar conta de fazer tudo, cuidar da carteira, produzir. Estava fazendo tratamento psiquiátrico, fiquei 15 dias afastado por causa do estresse, tenho laudo médico comprovando. A gente se doa para o banco, adoece, e um simples SMS que pode ter sido enviado para a pessoa errada é motivo de demissão. Duas [mensagens] dentro de 130 não chega nem a 2% de margem de erro”, protesta.
“O comportamentodo banco, ao demitir funcionários que cumprem suas metas e as normas estabelecidas pelo banco, evitando assim reclamações sobre a instituição financeira no Banco Central, sugerem a ideia de redução do quadro de funcionários pretendido pelo Bradesco, sobretudo após a fusão com o HSBC. A atitudo do banco deveria ser, no entanto, a contratação de mais funcionários para diminuir a sobrecarga de trabalho que existe nas agências, situação denunciada pelos bancários", ressalta Campolungo.
A essa situação soma-se o Plano de Demissão Voluntária Especial (PDVE) promovido pelo Bradesco que eliminou 7,4 mil postos de trabalho. E para piorar, o banco ainda deslocou uma força tarefa de mais de 900 bancários para a Paraíba. E nada de contratações.
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