28/09/2017

Santander lucra com a doença: Metade da categoria já trabalhou doente; Não se intimide!

Em tempos de pressão por produzir mais e mais, não é incomum conhecer alguém que passa por problemas de saúde desenvolvidos em função no banco, ou até mesmo ser a própria vítima da doença laboral. Imagine, então, quando o médico contratado pela instituição te considera apto ao trabalho quando não há condições para tal.

Sindicalistas têm recebido dezenas de denúncias de bancários que dedicaram suas vidas ao trabalho e, em momento de doença, são tratados com descaso pelo Santander: para não arcar com o salário do funcionário no período de afastamento, médicos contratados ignoram os laudos com o diagnóstico e assinam aptidão ao serviço.

Isso ocorre mesmo quando o trabalhador tem sinais físicos de que precisa ser afastado. De cilindro de oxigênio a tiracolo, a banespiana Rose Mary Freitas desenvolveu lesões na coluna e no joelho durante seus 25 anos de trabalho dedicados ao trabalho, além de ter sofrido acidente vascular cerebral (AVC) e problemas respiratórios.

“A médica da empresa disse que eu tenho todas as características de lesão por esforço repetitivo, mas que ia acatar o que o INSS determinou”, relatou Rose em entrevista ao Sindicato dos Bancários de São Paulo. “É desumano, porque ela não acatou os atestados dos meus médicos. Eu pego três conduções pra chegar ao serviço. Como eu vou trabalhar carregando cilindro de oxigênio que pesa 10 quilos e que só dura quatro horas? Quatro horas é só o tempo que eu demoro pra chegar ao trabalho.”

Mesmo com lucros extraordinários no Brasil, o Santander leva adiante a falta de consideração com a saúde de seus funcionários. Em alguns casos, chega até a economizar: o banco deixou de realizar a Semana Interna de Prevenção de Acidentes (Sipat) de forma presencial, e o evento foi realizado apenas virtualmente em agosto.

Com estas práticas, o Santander fere a Convenção Coletiva de Trabalho da categoria, que determina que seja pago salário em caso de inaptidão do funcionário. O serviço médico do banco busca descaracterizar o acidente de trabalho a fim de não arcar com pagamento do trabalhador até que seja feita nova perícia do INSS. Além disso, o bancário que retorna ao trabalho nessa situação corre mais risco de ser demitido.

Aparecido Augusto Marcelo, diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região, destaca que esse tipo de pressão sobre os trabalhadores não é característica apenas dos bancos, mas que a questão fica mais clara nesse setor de atividade. "É um absurdo o que os bancos vêm fazendo com os funcionários. Provocam o seu adoecimento e depois os descartam. Infringem a Lei e expõem o funcionário, já debilitado, a situações humilhantes."

O dirigente ainda ressalta que os bancários não devem colocar sua saúde em risco por medo de retaliações. 

De acordo com uma pesquisa realizada pelo movimento sindical entre abril de 2016 e maio de 2017, aproximadamente 47,21% afirmaram que já trabalharam doentes por receio da discriminação ou medo de perder o emprego. Já 56,43% dos entrevistados nunca se afastaram.

Para a médica e pesquisadora do Fundacentro Maria Maeno, o percentual reforça o fato de que milhares de pessoas trabalham doentes e muitas vezes sem se tratar adequadamente. “Isso faz com que muitas doenças se agravem e se tornem crônicas, tornando a recuperação lenta, difícil e sofrida”, avalia.

Precisamos falar sobre saúde mental 

O adoecimento mental também é real na categoria bancária. Segundo levantamento da subseção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) na Contraf-CUT, com base em informações do INSS, o transtorno mental é a principal causa dos afastamentos do trabalho para tratamento de saúde na categoria. Os transtornos mentais, incluindo os casos de depressão, já ultrapassaram os afastamentos por LER/Dort.

Fonte: Afubesp, com edição de Seeb Catanduva

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